ICL Notícias
Economia

Investidores do Brasil e dos EUA iniciam processos coletivos contra a Americanas e cobram ressarcimento

No âmbito da CVM, já há quatro processos coletivos relacionados à rede varejista. Também nos Estados Unidos, processos coletivos de acionistas e debenturistas estão sendo preparados
18/01/2023 | 12h29

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) soma quatro processos coletivos relacionados à Americanas, cinco dias após a revelação de uma falha contábil avaliada inicialmente em R$ 20 milhões. O procedimento foi iniciado na segunda-feira (16) pela Superintendência de Relações com Empresas da CVM e se refere à supervisão de notícias, fatos relevantes e comunicados.

Além disso, advogados de acionistas estrangeiros se preparam para apresentar ao Judiciário dos Estados Unidos processos coletivos contra a Americanas, cobrando ressarcimento. Em uma rede social, na terça-feira (17), o ex-CEO da empresa, Sérgio Rial, explicou que, ao assumir o cargo, descobriu o rombo da Americanas em entrevistas com executivos. A partir dessas conversas, surgiu a “necessidade premente de correção de rota. Eu jamais transigiria com a minha biografia”, afirmou.

Um dos processos na CVM é da Abradin (Associação Brasileira de Investidores), que apresentou denúncia para investigação das responsabilidades sobre as “inconsistências contábeis” reveladas pela rede varejista. 

Processos coletivos, comum no mercado financeiro norte-americano, pode impor perdas bilionárias às empresas envolvidas

processos coletivos, Lei Rouanet, lei trabalhista

Crédito: Envato

Nos Estados Unidos, os processos coletivos contra a Americanas cobram o ressarcimento por causa dos problemas nos balanços financeiros anunciados pela companhia na semana passada. Esse tipo de ação judicial, comum no mercado financeiro norte-americano, pode impor perdas bilionárias às empresas envolvidas.

Os escritórios Antonelli Advogados, de Leonardo Antonelli, e a banca americana Katsky & Korins já reúnem acionistas interessados em uma ação coletiva (class action). Em outra frente, o advogado André Almeida está nos Estados Unidos preparando uma ação coletiva para acionistas e debenturistas da companhia.

Após reuniões de dia inteiro desde o fim da semana passada, foi alinhada a estratégia de reclamar compensações financeiras especificamente da auditoria PWC e de membros solventes do Conselho de Administração da Americanas. Entre eles estão o multibilionário Carlos Alberto Sicupira, um dos três sócios de referência, e Paulo Alberto Lemann, filho de Jorge Paulo Lemann, que também integra o trio.

No Brasil, a CVM, responsável por regular o mercado de capitais no país, já abriu outros três processos. Dois foram iniciados pela Superintendência de Relações com Empresas e o terceiro foi aberto pela SMI (Superintendência de Relações com o Mercado e Intermediários), de acordo com reportagem publicada no jornal O Estado de S Paulo. A superintendência analisa, entre outros, temas relacionados a informações privilegiadas (insider trading, em inglês) ou manipulação do mercado.

À medida que as apurações avançam, os processos, abertos em diferentes superintendências da reguladora, podem ser convertidos em sancionadores. A outra hipótese é que se transformem em inquéritos administrativos.

BTG Pactual acusa acionistas bilionários de agirem para se proteger

Também em processo judicial contra o pedido de recuperação feito pela Americanas à Justiça, o BTG Pactual acusa os acionistas Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira de agirem para se proteger colocando os bancos na lista de clientes. O BTG tem contas a receber de R$ 1,9 bilhão da Americanas. Há ainda outros bancos credores da Americanas: Bradesco (R$ 4,7 bilhões), Santander (R$ 3,7 bilhões), Itaú Unibanco (R$ 3,4 bilhões) e Safra (R$ 2,5 bilhões).

De acordo com relatório do Citi, o impacto financeiro no lucro líquido dos bancos pode variar de 3% a 7% para Santander, BTG e Bradesco. Já no caso do Itaú e do Banco do Brasil, o impacto deve variar de menos de 1% a 3%.

O economista e fundador do portal ICL, Eduardo Moreira, mostrou um levantamento exclusivo do ICL Notícias que nos últimos quatro anos, a Americanas pagou R$ 150 milhões, entre salário e bônus, para um grupo de apenas 20 diretores. Trata-se de uma remuneração em cima de um resultado que não existia. Bônus sobre performance é distribuição de resultado sobre o lucro. Mas o lucro, segundo Moreira, não existia.

Lemann, Sicupira e Telles detêm, juntos, 31% da companhia. Segundo informações de pessoas próximas às negociações com o trio de bilionários, eles aceitariam colocar, no máximo, R$ 6 bilhões na empresa. Com a recusa, a saída deve ser a recuperação judicial.

A Americanas deverá entrar com um pedido de recuperação na Justiça nos próximos dias, no valor de aproximadamente R$ 20 bilhões. Os advogados Ana Basílio e José Roberto Sampaio, do escritório Basilio Advogados, e Rodrigo Salomão, do escritório Salomão, Kaiuca & Abrahão, foram os escolhidos pela empresa para conduzir o processo pela companhia.

Por meio do processo de recuperação judicial, um juiz passa a administrar a negociação de dívidas da companhia com os credores, enquanto um plano de saneamento é montado, apresentado e votado por uma assembleia de credores.

Durante esse período, a empresa possui salvo-conduto e não precisa pagar nenhuma dívida. A experiência das empresas que já tiveram problema semelhante mostra que, em geral, os credores oferecem desconto da dívida, alongam o prazo de pagamento, em troca da sobrevivência da companhia.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

Deixe um comentário

Mais Lidas

Assine nossa newsletter
Receba nossos informativos diretamente em seu e-mail