Ainda que a inflação da zona do euro tenha ficado abaixo das estimativas, na terceira queda consecutiva, o núcleo do indicador manteve-se estável e a pressão sobre o BCE (Banco Central Europeu) continua. Nesta manhã de quinta-feira (2), a autoridade monetária elevou os juros da zona do euro em 0,50 ponto percentual, confirmando as estimativas do mercado. Também hoje, o BoE (Banco da Inglaterra) anunciou a nova taxa de juros no mesmo patamar que o BCE.
No âmbito das grandes economias, ontem (1º) o Fed (Federal Reserve) elevou em 0,25 ponto percentual as taxas de juros americanas, que subiram para uma faixa de 4,5% a 4,75%. Na maior economia do mundo, o ritmo do aperto diminuiu (em dezembro o reajuste havia sido de 0,50 p.p.), pois, conforme o presidente da instituição, Jerome Powell, sinalizou, a inflação começa a ceder, mas ainda inspira cuidados.
Com a decisão do BCE, as taxas do bloco atingem assim seu maior patamar desde novembro de 2008. A taxa de refinanciamento (a principal), por exemplo, subiu de 2,50% para 3,0%; a taxa sobre depósitos, de 2,5% para 3,0%; e a taxa sobre empréstimos marginais, de 2,75% para 3,25%.
No comunicado divulgado com a decisão, o BCE sinalizou que pretende aumentar as taxas de juros em mais 50 pontos base na sua próxima reunião de política monetária, em março, quando passa a avaliar a trajetória da sua política monetária.
Ontem, foi divulgada a inflação ao consumidor no continente europeu. O CPI anualizado da zona do euro em janeiro recuou para 8,5%, ante 9,2% em dezembro, segundo dados preliminares do Eurostat, o escritório de estatísticas da União Europeia.
No ano passado, para conter a escalada da inflação, o BCE elevou seus juros em 250 pontos-base.
Com muitos desafios econômicos, principalmente após o Brexit, Inglaterra acompanha aumento de juros da zona do euro
Nesta manhã, o Comitê de Política Monetária (MPC, na sigla em inglês) do Banco da Inglaterra decidiu elevar sua taxa bancária em 0,50 ponto percentual, para 4,0% na base anualizada, e em linha com as previsões do mercado. Com isso, a taxa de juros chegou ao seu maior patamar desde 2008. Mais uma vez, a decisão não foi unânime, pois dois membros do colegiado votaram por manter a taxa em 3,50%.
No comunicado divulgado, o BoE lembrou que o mercado de trabalho continua apertado e as pressões inflacionárias domésticas seguem fortes, embora ambos os indicadores tenham começado a mostrar um declínio gradual. “Dada a desfasagem na transmissão da política monetária, prevê-se que os aumentos da taxa bancária desde dezembro de 2021 tenham um impacto crescente na economia nos próximos trimestres.”
A decisão acontece em um momento em que a inflação vem perdendo força. O CPI, que mede a variação de preços ao consumidor, ficou em 10,5% em dezembro, ante 10,7% em novembro e 11,1% em outubro.
Completou-se três anos desde que o Reino Unido deixou a União Europeia. Desde então, houve uma pandemia e uma crise energética, o que dificulta calcular o impacto do Brexit sobre a economia britânica. Porém, dados oficiais recentemente divulgados indicam que o impacto foi grande — mas não da forma como muitos esperavam.
Um dos efeitos, por exemplo, foi que as empresas do Reino Unido que negociam com a União Europeia tiveram que lidar com novas regras e burocracias para algumas mercadorias, gerando temores sobre o impacto do Brexit nos cerca de US$ 670 bilhões de comércio entre as duas regiões.
Inicialmente houve uma queda nas exportações do Reino Unido para a UE. Mas depois de alguns ajustes, os volumes de comércio voltaram aos níveis pré-pandemia, segundo dados oficiais. Ainda assim, há quem argumente que o comércio poderia ter crescido ainda mais se não fosse pelo Brexit.
Pesa também sobre o Reino Unido o fato de ser a única grande economia rica que permanece menor que antes da pandemia. E o Brexit pode ser um dos fatores desse problema.
Cálculos do Escritório de Responsabilidade Orçamentária, que fiscaliza as contas do governo britânico, apontam que a economia do Reino Unido está 4% menor por causa da saída da zona do euro.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias
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