Reportagem do jornalista Arthur Guimarães, publicada no site Metrópoles, revela que um doleiro que participou da suposta fraude na compra de coletes balísticos pelos responsáveis da intervenção do Rio de Janeiro também está envolvido no envio de cocaína em avião da Força Aérea Brasileira (FAB), dentro da comitiva do então presidente Jair Bolsonaro, em 2019.
Nos dois episódios nas duas ocorrências, aparece um mesmo nome e dono de telefone celular: Márcio Moufarrege, o Macaco. No caso de tráfico internacional, ele é acusado de movimentar dinheiro dos fornecedores que compraram a droga entregue para o sargento preso em Sevilha, na Espanha, em 24 de junho de 2019.
Após uma série de falhas na fiscalização na Base Aérea de Brasília, Manoel Silva Rodrigues embarcou com 39 quilos de cocaína na bagagem. Ao desembarcar, acabou preso.
FRAUDE MILIONÁRIA EM COMPRA DE COLETES
Já no caso da fraude internacional na compra de coletes pela equipe comandada então pelo general Walter Braga Netto, Moufarrege é investigado por transferir dinheiro clandestinamente, entre os Estados Unidos e o Brasil, para os militares envolvidos na tentativa de fornecimento de 9.360 coletes balísticos para a Polícia Civil do Rio.
A operação total teria sobrepreço de R$ 4,6 milhões, em compra orçada em cerca de R$ 40 milhões e feita por intermediação do Gabinete da Intervenção Federal (GIF).
Em um print de conversa destacado no inquérito sobre Operação Perfídia, deflagrada na terça-feira (12) e que envolve Braga Netto, o doleiro foi flagrado usando um fundo de tela de avião militar. Moufarrege é réu na Justiça Militar por associação para o tráfico no caso do avião da FAB.
HISTÓRICO DO DOLEIRO
Ele chegou a ser alvo de busca e apreensão, em 2021. Na época, trabalhava como personal trainer e andava com carrões importados que, aos olhos dos investigadores, demonstraram que sua atividade profissional deveria ser outra.
Nessa terça-feira (12), um endereço ligado a ele foi novamente revistado pelas autoridades, em Brasília. Desta vez, os investigadores coletaram provas do envolvimento de Macaco com uma operação de dólar-cabo, que trouxe dinheiro dos Estados Unidos para o Brasil. Os pagamentos seriam os adiantamentos vindos da fornecedora de coletes, de um contrato de R$ 650 mil para consultorias e outros serviços para otimização da aquisição.
Para os investigadores, há a suspeita de que, na verdade, tratava-se de propina para facilitar a contratação. Segundo a PF, em 18 de setembro de 2019, Macaco transferiu R$ 25 mil para contas do coronel Robson Queiroz, ligado ao gabinete do interventor e que, inclusive, teria participado de jantar na casa de Braga Netto.
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