Em apenas quatro meses, o mercado financeiro mudou seu humor em relação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Pesquisa Genial/Quaest, divulgada hoje (12), mostra que, de março a julho, a avaliação negativa do governo Lula caiu de 90% para 44%, enquanto a positiva saiu de um patamar de zero para 20%.
O levantamento foi feito entre agentes de 94 fundos de investimentos do Rio de Janeiro e de São Paulo, um universo de mil pessoas, entre os dias 6 e 10 de julho.
Entre aqueles investidores que indicam visão regular sobre o atual governo, o percentual subiu de 12% para 36%.
Em relação ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, os números são ainda mais surpreendentes. Sobre a figura dele, que foi visto com reserva pelo mercado no início, pelo fato de ser um político e não um economista saído Faria Lima, a mudança foi ainda mais radical.
Em março, a pesquisa mostrava que Haddad tinha apenas 10% de aprovação. Em maio, passou a 26% e, no levantamento divulgado hoje, 65% dos entrevistados do setor financeiro acham positivo o trabalho dele à frente da Fazenda.
As avaliações negativas sobre Haddad eram 37% e, na atual conjuntura, somam apenas 11%. O grupo ‘regular’ somava 37% e caiu para 24%.
A opinião sobre a política econômica também mudou entre os entrevistados. Em março, 98% achavam que estava indo na direção errada, agora são 53%. Os que achavam que estava no rumo certo eram apenas 2% na primeira pesquisa. Agora são 47%.
Para Eduardo Moreira, mercado “não tem capacidade de prever nada”. Diretor da Genial/Quaest diz que Haddad contribuiu para mudar percepção
A mudança radical na opinião do mercado financeiro sobre a condução econômica do governo Lula mostra que o efeito manada dá o tom das opiniões. O economista e fundador do ICL, Eduardo Moreira, fez comentário nesse sentido durante a participação de Felipe Nunes, diretor da Quaest, no ICL Notícias de hoje, programa diário veiculado nas redes sociais e pela Rádio Brasil Atual.
“Noventa e oito por cento das pessoas acreditava que estávamos na direção errada e eu falava do absurdo, da cegueira que era a resposta, pois significava ‘estou indo com a manada, não tenho capacidade crítica’. O que a mudança quer dizer? Que o mercado financeiro não faz análise crítica do que ele está achando, é o rebanho andando junto. Eles reagem ao sentimento dos donos das empresas replicado. Só muda a opinião depois que mudam os fatos, pois o mercado financeiro não prevê nada”, criticou.
Felipe Nunes disse que a terceira rodada da pesquisa traz um sinal muito importante: “A atuação do Haddad, nesse momento, faz com que o mercado financeiro mude a sua percepção, inclusive sobre o governo Lula”, observou.
Segundo ele, o dado que mais o impressionou foi a avaliação positiva do governo sair do zero para 20%. “Neste momento houve uma mudança completa”, disse.
Na avaliação dele, Haddad conseguiu mostrar com o seu trabalho mudar a percepção que o mercado tinha sobre a atuação dele. “O que explica esse resultado são três pontos: primeiro, a política econômica está indo na direção certa para muito mais gente; segundo, a proposta de meta de inflação contínua é aprovada; e terceiro, o mercado acredita que o governo vai aprovar a sua agenda no Congresso, o que foi uma mudança em relação às pesquisas anteriores”, elencou.
Questionados sobre a expectativa em relação à economia nos próximos 12 meses, os representantes do mercado se mostram otimistas pela primeira vez nas três pesquisas realizadas pela Quaest. No primeiro levantamento, 78% achavam que ia piorar, agora são 21%. Já os que acham que vai melhorar passaram de 6% em março para 53% em julho.
Mercado acredita que Selic vai cair na próxima reunião
Os entrevistados para a pesquisa sempre fizeram uma boa avaliação do Banco Central e do presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, e não foi diferente desta vez, mas com algumas mudanças.
A última decisão do Copom de manter a Selic a 13,75% foi a decisão certa para 87% . Mas em março era apoiada por 95%. Agora 13% acham que foi errada e em março, apenas 5% discordavam do BC.
Sobre a taxa básica de juros, 100% dos entrevistados acredita que ela vai começar a cair na reunião de agosto.
Segundo Felipe Nunes, a queda apontada para a maioria é de 0,25% ponto percentual, o que reduziria a Selic dos atuais 13,75% para 13,50%. Mas há os que creem em um corte maior, de 0,50 p.p.
“Se isso [o corte] não acontecer, se o BC for contrário à expectativa [do mercado], vai sofrer muita pressão”, frisou o diretor da Genial/Quaest.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do ICL
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