Em encontro bilateral em Nova York, na quarta-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, lançaram a “Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores e Trabalhadoras”. A proposta prevê ações conjuntas para ampliar discussões sobre melhorias nas condições de direitos dos trabalhadores. Em fala ao lado do presidente norte-americano, Lula disse que EUA e Brasil devem se comportar como “amigos”, em busca de um propósito comum.
Eles afirmaram o compromisso mútuo com os direitos dos trabalhadores, por meio da assinatura de um protocolo. A iniciativa é inédita entre os dois países e visa combater a precarização do trabalho, tendo os sindicatos como base de apoio.
Nos últimos dois anos, sindicatos começaram a ressurgir nos EUA com empregados em busca de mais direitos. Uma greve organizada pelo United Auto Workers (UAW), sindicato que representa os empregados das montadoras dos Estados Unidos, entra em seus sexto dia. O sindicato disse que convocará greves em mais fábricas se Ford, General Motors e Stellantis não conseguirem fazer “progressos sérios” em direção a um acordo até sexta-feira (22), segundo alertou o líder da entidade, Shawn Fain, na noite de segunda-feira (18).
No Brasil, pela primeira vez, o número de trabalhadores sindicalizados ficou abaixo de 10 milhões no país, reflexo da precarização das relações de trabalho dos últimos anos. O número de trabalhadores sindicalizados somou 9,1 milhões no ano passado em 2022, segundo dados do IBGE, com base na série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), iniciada em 2012
Direitos dos trabalhadores: parceria quer proteger quem trabalha por meio de plataformas digitais
Segundo o governo brasileiro, Brasil e Estados Unidos pretendem, juntos, incentivar a geração de empregos com cobertura de direitos trabalhistas e proteger quem trabalha por meio de plataformas digitais, a exemplo de transporte de passageiros e entrega de refeições.
O governo brasileiro informou que a parceria com os EUA tem o objetivo de ampliar o conhecimento sobre direitos trabalhistas, garantir que a transição energética ofereça empregos que não sejam precários e aumentar a importância dos trabalhadores em organismos como G20 e nas conferências do clima (COP 28 e COP 30).
A parceria também tem foco em apoiar e coordenar programas de cooperação técnica relacionados ao trabalho, capacitar trabalhadores e proteger direitos de quem trabalha por meio de plataformas digitais e buscar parceiros do setor privado para criar empregos dignos nas principais cadeias de produção, combater a discriminação e promover a diversidade.
Lula e Biden se comprometeram a impulsionar a adesão de outros países à Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores, e tentar reverter a situação de exploração existente. “Em todos esses fóruns internacionais, estaremos trabalhando e tentando criar condições para que todos os governantes aceitem um protocolo com esse que estamos assinando aqui”, disse Lula.
No discurso de lançamento da parceria, Lula disse que há 2 bilhões de trabalhadores que estão no setor informal, segundo a OIT [Organização Internacional do Trabalho. “O dado concreto é que temos 240 milhões de trabalhadores que, mesmo trabalhando, vivem com menos de US$ 1,90 por dia. É inaceitável que mulheres, minorias étnicas e pessoas LGBTQIA+ sejam discriminadas no mercado de trabalho”, afirmou.
Lula também defendeu o fortalecimento do papel dos sindicatos. “Todas pessoas que acreditam que sindicato fraco vai fazer com que o empresário ganhe mais, que o país fique melhor, está enganado. Não há democracia sem sindicato forte. Porque o sindicato é efetivamente quem fala pelo trabalhador para tentar defender os seus direitos”, completou.
Ao lado de Biden, que derrotou o então presidente Donald Trump nas eleições de 2020, Lula disse que a “negação da política” ameaça a democracia e tem provocado o surgimento de grupos extremistas em todo o mundo.
Segundo a reportagem publicada no site G1, Lula disse que a democracia, cada vez mais, corre perigo porque a negação da política tem feito com que setores extremistas tentem ocupar o espaço, em função da negação política. Isso já aconteceu no Brasil, está acontecendo na Argentina e está acontecendo em vários outros países.
O presidente brasileiro também voltou a defender o combate às desigualdades como uma prioridade na agenda mundial. Na reportagem publicada, Lula disse que tem tentado convencer as pessoas que, quanto menos pobre existir na humanidade, melhor ainda será para os ricos. A pobreza e a desigualdade não interessam a ninguém.
Por sua vez, em seu discurso, Biden disse não querer que só que uma classe se saia bem. “Queremos que os pobres tenham a oportunidade de subir na vida. Os ricos não pagam impostos suficientes. Essa visão é impulsionada por uma força trabalhista forte. Orgulho-me que meu governo tem sido caracterizado com o mais pró-sindicato na história dos EUA”, afirmou Biden.
Lula viajou a Nova York para participar do debate de chefes de Estado e governo da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Além do discurso no plenário da ONU, ele aproveitou a viagem para se reunir com outros chefes de Estado e de governo, e para lançar a parceria com os EUA.
Redação ICL Economia
Com informações do site G1 e das agências de notícias
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