Ex-membro do grupo Movimento Brasil Livre (MBL) e alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o vereador Rubinho Nunes (União Brasil-SP) conseguiu 24 assinaturas de parlamentares da Câmara Municipal de São Paulo para abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra ONGs que atuam no Centro da capital.
O objetivo de Nunes, na verdade, é atingir o padre Julio Lancellotti, religioso que está à frente de trabalhos humanitários em São Paulo, principalmente na região conhecida como cracolândia. Há cinco dias, o vereador convocou o padre para depor da Frente Parlamentar em Defesa do Centro da cidade. Lancellotti teria até o dia 14 de dezembro para ir à Câmara e responder aos questionamentos.
Apesar disso, Rubinho Nunes ainda não tem todas as assinaturas necessárias para a CPI. São necessárias 28, portanto faltaria que quatro parlamentares aderissem à proposta do vereador. O ex-MBL confia que conseguirá facilmente as assinaturas. Outro ponto é que, para abrir a investigação, é necessário esperar que outras comissões já em andamento sejam concluídas.
Para atacar o padre Julio Lancellotti, o vereador tem como alvos o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecida como Bompar, e o coletivo Craco Resiste. Como publicou a Folha de São Paulo, as duas trabalham com população em situação de rua e dependentes químicos na região central de São Paulo. É o mesmo foco do trabalho desenvolvido por Lancellotti.
Ao justiticar a proposta de CPI, Nunes afirma que a comissão tem mais poder de investigação que a frente parlamentar, inclusive com poder de polícia. Na concepção dele, a atuação do religioso e das instituições contribui para a manutenção da situação crítica no Centro.
Alvo de vários ataques do vereador, Lancellotti defende que não tem qualquer envolvimento com as entidades em questão e não participa de projetos conjuntos com elas. O padre ressaltou, ainda, a autonomia das entidades e disse que a Câmara tem o direito de realizar a CPI, mas que a investigação não vai encontrar nenhuma participação dele nas organizações.
O padre disse, na semana passada, que Rubinho Nunes e aliados tentam personalizar e criminalizar a atuação dele para desviar do debate essencial. Lancellotti sugeriu que fossem convocados o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e a Secretaria de Assistência Social, que administram recursos públicos e, de fato, têm ingerência sobre a situação no Centro de São Paulo.
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