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FMI pede a Javier Milei proteção aos mais pobres enquanto reformas no país avançam

A subdiretora do fundo, Gita Gopinath, esteve no país na semana passada, onde se reuniu com o presidente, economistas, sindicalistas e representantes de organizações sociais.
26/02/2024 | 13h45

O FMI (Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendou que o presidente da Argentina, o economista ultraliberal Javier Milei, proteja os setores sociais mais pobres da Argentina, enquanto avança com suas reformas econômicas, as quais têm prejudicado muito os mais vulneráveis do país.

“As medidas concretas adotadas para cumprir com a âncora fiscal devem ser calibradas para garantir que a assistência social continue sendo prestada e que o peso não recaia totalmente sobre os grupos mais pobres”, declarou a subdiretora do FMI, Gita Gopinath, em uma entrevista ao jornal La Nación, publicada ontem (25).

Após a posse de Milei, em dezembro passado, a pobreza no país disparou. Em janeiro passado, o número de pobres atingiu 57%, o maior percentual em 20 anos. Já o número de indigentes subiu 15% no mesmo período. As projeções são do Observatório da Dívida Social da UCA (Universidade Católica Argentina) e costumam estar um pouco acima dos números oficiais do Indec, o equivalente argentino ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os números oficiais sociais da Argentina só serão divulgados no fim de março.

A Argentina mantém com o FMI um programa de crédito de US$ 44 bilhões (cerca de R$ 219 bilhões). A subdiretora visitou o país na quinta e sexta-feira da semana passada para avaliar pessoalmente seu progresso e se reuniu com Milei e membros de seu governo, mas também com economistas, sindicalistas e representantes de organizações sociais que demandam mais ajuda estatal.

Desde a posse de Milei, a Argentina enfrenta uma desvalorização de 50% da moeda (peso argentino), a completa liberalização de preços, desregulamentações e cortes drásticos para alcançar o déficit fiscal zero ainda este ano, como principal remédio para conter uma inflação de 254,2%.

Na entrevista, Gopinath disse que a dolarização da economia, como defendeu Milei durante a campanha, “não resolve todos os problemas” e considerou “importante garantir que o valor real das aposentadorias e da assistência social seja mantido. Que as aposentadorias e a assistência social acompanhem o ritmo da inflação”.

Subdiretora do FMI acredita que situação argentina exigia “ação audaciosa” de Javier Milei

Questionada sobre as medidas econômicas que vêm sendo adotadas pelo governo Milei, Gopinath apontou que “a economia herdada por este governo estava à beira de uma crise e exigia uma ação audaciosa e decisiva para afastá-la do precipício”.

Ainda segundo ela, já foram adotadas algumas medidas de alívio social, “mas serão necessárias mais, para garantir que a redução do déficit fiscal não recaia sobre os segmentos vulneráveis da sociedade”.

“Prevemos que a inflação possa cair para um dígito até meados deste ano”, disse. “Mas acredito que levará pelo menos um ano para reduzir a inflação a níveis baixos e, em seguida, mantê-la nesses níveis até 2025 também exigirá esforços”, observou.

Para o organismo internacional, “também será muito importante investir em capital humano. Este é um aspecto crítico. As taxas de pobreza infantil de mais de 55% são extremamente preocupantes. É o futuro do país. É importante garantir que essa porcentagem diminua muito e poder investir mais em educação”, pontuou.

Mostrando que continua sendo o mesmo Milei de sempre, o ultraliberal participou, no sábado, da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), convenção ultraconservadora na região de Washington.

No evento, ele pediu em discurso que seus ouvintes não deixassem o “socialismo avançar” e chamou a justiça social de “aberração”. “Os socialistas arruínam nossas vidas”, disse.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias 

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