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As bolsas globais estenderam, nesta segunda-feira (5), as perdas iniciadas na sexta-feira passada (2), quando o receio de que a economia dos Estados Unidos pode estar em recessão foi turbinado com a divulgação do relatório payroll, que mostrou um mercado de trabalho mais desaquecido que o esperado.

Dados oficiais de emprego mostraram que os empregadores dos EUA criaram 114 mil vagas de trabalho em julho, bem abaixo da expectativa de 185 mil, enquanto a taxa de desemprego aumentou.

Hoje, o índice Nikkei, de Tóquio, desabou 12,4%, fechando a 31.458,42 pontos, no maior tombo diário desde outubro de 1987, na também chamada black monday (segunda-feira escura, na tradução). Com isso, o indicador apagou integralmente os ganhos conquistados em 2024 e entrou em território baixista, ao acumular queda de 25% desde a máxima histórica que havia atingido em julho.

Mas o Nikkei não foi o único. O sul-coreano Kospi caiu 8,77% em Seul, a 2.441,55 pontos e o Taiex recuou 8,35% em Taiwan, a 19.830,88 pontos.

Os mercados europeus também sentiram o baque. Em Londres, o índice FTSE 100 abriu 2,3% mais baixo, enquanto o Euronext 100 caiu 3,5%. Bolsas em Taiwan, Coreia do Sul, Índia, Austrália, Hong Kong e Xangai também caíram.

A economista e co-apresentadora do ICL Mercado e Investimentos, Deborah Magagna, explicou, na edição de hoje do programa, o movimento do mercado financeiro japonês.

“O Nikkei vem em reflexo das bolsas de Nova York de sexta-feira. Não vejo um movimento isolado, embora o Japão tenha todas as suas peculiaridades”, disse a economista, ressaltando que o Banco do Japão (o banco central japonês) “manteve as taxas de juros negativa por muito tempo enquanto estava todo mundo estava subindo”.

Segundo ela, essa decisão fez com que os mercados japoneses fossem pressionados pelas Treasuries dos Estados Unidos, o que acabou pressionando bastante o iene.

Na quarta-feira passada, o BoJ subiu um pouquinho os juros, para o intervalo de 0,10 a 0,25% ao ano, o que “traz toda uma consequência na bolsa japonesa, até porque ativos de risco já estavam sofrendo de forma global, e uma alta nos juros diminui ainda mais o apetite ao risco”, conforme explicação de Deborah.

A economista vê com certa naturalidade esse movimento no Japão, pois “o Nikkei passou por várias máximas este ano, então não me choca ele sofrer esse tipo de correção até porque [o banco central japonês] manteve as taxas de juros muito baixas”.

Outro fator, segundo ela, são as ações de tecnologia, que têm caído nos últimos dias, e esses papéis têm peso muito grande nas bolsas asíaticas.

Bolsas globais: criptomoedas e B3 caem, enquanto o dólar dispara

As criptomoedas também caíram hoje. O Bitcoin caiu para cerca de US$ 50.000, seu menor nível desde fevereiro passado.

Por sua vez, o dólar iniciou a segunda-feira (5) em forte alta contra o real, atingindo a maior cotação desde outubro de 2020. A B3, a bolsa brasileira, abriu o pregão nos primeiros momentos em baixa de 1,97%, com o Ibovespa indo a 123.376,23 pontos.

Se fechar acima de R$ 5,80 hoje, será a primeira vez que o dólar terminará o dia nesse patamar desde maio de 2020, no auge da crise econômica provocada pela pandemia do coronavírus.

Especialistas atribuem as especulações sobre a desaceleração da economia norte-americana como uma das causas para o derretimento das bolsas em todo o mundo.

Há uma sensação de que o Fed (Federal Reserve, o banco central estadunidense) manteve os juros por lá em patamares elevados por muito tempo.

Sendo os EUA a maior economia do mundo, esse tipo de preocupação provoca o efeito que se sente hoje.

Além disso, grandes empresas americanas, como Amazon e Intel, também relataram resultados financeiros que foram consideradas decepcionantes.

Segundo especialistas, o movimento da Ásia foi impulsionado pela forte valorização do iene frente ao dólar, à medida que os investidores globais se tornaram cautelosos com os lucros corporativos japoneses, especialmente as empresas exportadoras, como as montadoras.

A moeda japonesa se fortaleceu mais de 10% em relação ao dólar americano no último mês. Um iene mais forte torna os produtos japoneses mais caros e, consequentemente, menos atraentes para potenciais compradores estrangeiros.

O Banco do Japão elevou as taxas de juros na semana passada para o nível mais alto desde a crise financeira global em 2008, o que torna os empréstimos mais caros.

A inflação no Japão aumentou mais do que o esperado em junho, enquanto a economia encolheu nos primeiros três meses do ano devido a um iene mais fraco e aos gastos familiares mais baixos.

 

Veja o comentário completo de Deborah Magagna no vídeo abaixo:

 

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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