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Fenômeno ‘bets’ alerta bancos para o papel do cartão de crédito no superendividamento das famílias. Economistas do ICL comentam campanha do BC

A Febraban está pressionando para que seja vetado, o quanto antes, o uso do cartão de crédito nas apostas on-line.
10/09/2024 | 16h55

Os bancos já soam o alarme para o perigo das bets, apostas on-line que permitem, inclusive, o uso de cartão de crédito nessas operações. O ICL (Instituto Conhecimento Liberta) saiu na frente ao lançar uma campanha com a hashtag #ApostasMatam, alertando que no país esse fenômeno está provocando o endividamento de famílias, principalmente pobres, que usam o cartão de crédito para apostar.

Em entrevista ao site Brazil Journal, o presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Isaac Sidney, disse que o setor está preocupado. “Estamos diante de um cenário potencialmente crítico. Pelo tamanho desse mundo de apostas on-line, temos um quadro de proporções alarmantes”, disse.

A entidade está pressionando para que seja vetado, o quanto antes, o uso do cartão de crédito nas bets. “O governo já proibiu, mas infelizmente essa proibição ainda não está efetiva”, afirmou.

Além do encarecimento do crédito, ele aponta para que o superendividamento pode levar à inadimplência, “além de sobrar menos recursos para o consumo”.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva mostra que quase metade (46%) dos apostadores das chamadas bets é formada por jovens entre 19 e 29 anos. Desses, 34% pertencem às classes CDE, enquanto outros 25% são classes AB.

O levantamento mostra ainda que um terço dos apostadores está endividado e com o nome sujo. Apesar disso, 37% dizem ter três cartões de crédito, que são o principal meio de pagamento das apostas.

As regulamentações oficiais das apostas on-line só entrarão em vigor em janeiro. Por enquanto, as apostas correm sem controle.

Na última semana, vieram à tona acusações de que uma dessas casas de apostas está sendo utilizada para a lavagem de dinheiro e associação com o crime organizado.

Na avaliação do presidente da Febraban, o setor público precisará investir no controle das atividades e na conscientização da população para os riscos envolvidos nos jogos. “Estamos em um mundo desconhecido em que o Brasil nunca navegou,” disse. “Deveríamos ter toda a cautela para conceder autorizações. Já temos mais de uma centena de pedidos de autorização tramitando”, complementou.

Ele lembrou que o Brasil já é o segundo ou terceiro maior mercado de apostas on-line do mundo. O mercado local é estimado em algo entre R$ 100 bilhões e R$ 130 bilhões ao ano.

Economistas do ICL comentam propaganda do Banco Central sobre as bets

Na edição de ontem (9) do ICL Mercado e Investimentos, os economistas e apresentadores do programa, Deborah Magagna e André Campedelli, comentaram a publicação do Banco Central nas redes sociais com o lema “Apostar não é investir“, que traz uma estética com apelo aos jovens.

“Achei interessante essa abordagem para lembrar ao brasileiro que apostar não é investir”, disse Deborah.

A economista lembrou que, quando se investe, a pessoa está comprando um ativo, o que não ocorre quando se aposta em jogos. “Quando você aposta, você coloca o seu dinheiro em algo que tem um risco enorme (…). Se você perder, você perdeu tudo, você vai perder todo o seu recurso. Você não tá comprando nada, investindo em nada”, alertou.

Sobre o uso do cartão de crédito, Deborah disse que, além do gasto que não pode ter retorno, o cartão é uma forma de endividamento. Aliás, o rotativo do cartão (quando não se paga o valor total da fatura, rolando a dívida) é o principal causador do endividamento do brasileiro.

“Existe toda uma discussão se pode usar cartão de crédito ou não para isso [apostar], porque o cartão é uma forma de endividamento. Há países que não permitem que se aposte com cartão de crédito, porque você está se financiando, se alavancando, se endividando para tentar ganhar com uma coisa que tem um risco altíssimo. Então, o alerta do Banco Central vem numa hora oportuna”, disse a economista.

André Campedelli, que é professor de faculdade, disse que há até mesmo alunos perguntando se existem fórmulas ou métricas para apostarem de uma maneira mais segura. “As pessoas acreditam que as apostas esportivas têm método e que se você sabendo trabalhar com isso você consegue ter a sua renda extra e alavancar o seu dinheiro. Aposta esportiva não é investimento!”, frisou.

Veja os comentários completos os economistas no vídeo abaixo:

 

Redação ICL Economia
Com informações do Brazil Journal e do ICL Mercado e Investimentos

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