Estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mostra que 1 em cada 4 jovens (24%) na faixa dos 25 aos 34 anos não trabalhavam nem estudavam no ano passado, ou seja, estavam na chamada geração “nem-nem”. Esse número, no entanto, era 29,4% em 2016. Apesar da queda, ainda é considerado alto por especialistas.
Enquanto isso, a média de jovens nessa situação nos países no âmbito da OCDE era de 13,8% em 2023, dois pontos percentuais a menos que sete anos antes. Na última década, a oferta e a qualidade de emprego no Brasil foi afetada, principalmente, pela pandemia de Covid-19 a partir de 2020.
O estudo Education at a Glance 2024, divulgado ontem (10) pela organização que reúne países desenvolvidos economicamente e do qual o Brasil não faz parte, é um pouco diferente do divulgado pela Pnad Educação (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no ano passado.
Os dados da pesquisa do IBGE mostrava que um em cada cinco brasileiros na faixa etária dos 15 aos 29 anos (10,9 milhões de jovens) não estudava nem trabalhava em 2022. Desse total, metade era de famílias pobres. Por isso, muitos abandonavam a escola para poder trabalhar.
Outro fator que tiravam as jovens da escola e do mercado de trabalho era gravidez e a demanda de tarefas domésticas ou cuidado com outras pessoas da família.
As saídas apontadas para melhorar a situação dos jovens no país são:
- Melhoria da qualidade do ensino básico, o que permitiria um salto de aprendizagem. O Brasil aparece entre os últimos colocados do Pisa, principal avaliação internacional da educação.
- Fortalecer a oferta de educação técnica/profissionalizante de nível médio, o que poderia garantir mais emprego aos jovens, além de atender a demandas do mercado.
- Ampliar o número de horas em que os alunos passam na escola, com aumento da oferta de ensino integral.
- Incentivar uma educação que estimule o pensamento crítico e a aprendizagem “mão na massa”, capaz de desenvolver cidadãos preparados para a revolução tecnológica, como no uso da inteligência artificial.
Países desenvolvidos investem fortemente no ensino profissionalizante para jovens
Segundo o estudo, países desenvolvidos investem fortemente para que os alunos cursem o ensino profissional junto com o médio. No Brasil, só 10% dos alunos cursam o técnico, quando a taxa é de 68% na Finlândia e de 49% na Alemanha.
“A difícil situação do mercado de trabalho enfrentada pelos trabalhadores sem qualificação secundária superior se reflete nas taxas de emprego entre os jovens”, aponta o levantamento da OCDE.
O estudo mostra que 64% das pessoas entre 25 e 34 anos sem ensino médio no Brasil estão empregadas, ante 75% dos jovens que têm ensino médio ou superior. O número é semelhante aos países da organização internacional, cujas taxas são de 61% e 79%, respectivamente.
Além disso, trabalhadores sem qualificação de ensino médio ou superior recebem salários significativamente mais baixos do que aqueles que possuem diploma, segundo o estudo. No Brasil, essa realidade é ainda mais discrepante do que nos países desenvolvidos.
No Brasil, 59% das pessoas de 25 a 64 anos de idade com nível de escolaridade inferior ao ensino médio ganham metade ou menos da renda mediana, em comparação com 37% dos trabalhadores com ensino médio ou superior não terciário e 19% com nível superior terciário. Enquanto isso, entre as nações no âmbito da OCDE, as médias são de 28%, 17% e 10%, respectivamente.
O estudo também mostrou que o Brasil gastou o equivalente a um terço (US$ 3,6 mil ou cerca de R$ 20,1 mil) por aluno do ensino fundamental, em 2021, enquanto a média de países do organismo internacional destinou o equivalente a US$ 11,9 mil (R$ 66,5 mil).
Homens e mulheres
O relatório da OCDE também mostrou que, apesar de as mulheres terem melhores resultados educacionais em quase todos os parâmetros avaliados, elas têm menos probabilidade de estar empregadas que os homens.
Nos países no âmbito da OCDE, as mulheres com idade entre 25 e 34 anos têm probabilidade maior ou igual do que seus pares do sexo masculino de ter uma qualificação de nível superior. No Brasil, a taxa de conclusão do ensino superior é de 28% para as mulheres e 20% para os homens.
Porém, as mulheres naquela faixa etária tem menor probabilidade de estar empregada do que a masculina, com uma diferença ainda maior para aquelas com nível de escolaridade abaixo do ensino médio e menor para aquelas com nível superior.
No Brasil, apenas 44% das mulheres jovens com nível educacional abaixo do ensino médio completo estão empregadas, enquanto a proporção correspondente para homens jovens é de 80%. Já entre os jovens com nível superior com emprego, a taxa é de 85% para as mulheres e 92% para os homens.
Em toda a OCDE, as mulheres jovens com qualificação de nível superior ganham, em média, 83% do salário de seus colegas homens, enquanto a fração correspondente é de 75% no Brasil.
Faculdades públicas e privadas
Enquanto a graduação de brasileiros se concentra em bacharelados em instituições privadas (o percentual subiu de 77% em 2013 para 81% em 2022), nos países da organização internacional os estudantes se formam majoritariamente (63%) em instituições públicas.
Apesar disso, a educação privada está gradualmente se tornando mais comum em todos os níveis de ensino superior também nos países desenvolvidos, tendo aumentado 3% entre 2013 e 2022.
Redação ICL Economia
Com informações de O Estado de S.Paulo
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