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Para especialistas, agronegócio brasileiro pode se dar bem com política de Trump

Na avaliação do setor, Trump deve focar sua guerra comercial com a China.
19/11/2024 | 16h46

O agronegócio brasileiro começa a se preparar para enfrentar a promessa do presidente eleito dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump, de impor uma alíquota de 60% ou mais às importações de produtos chineses, e taxas de 10% a 20% na entrada de mercadorias de outros países.

Porém, especialistas alegam que as medidas em relação ao Brasil ainda não são certas e que Trump deve focar sua guerra comercial com a China.

Embora o presidente eleito americano tenha prometido taxação ao comércio internacional, ainda não há certeza de que isso será implantado ou que será da forma como foi prometido.

O Brasil é o principal fornecedor de café para os Estados Unidos. Outros itens agrícolas que têm peso na exportação para os americanos são suco de laranja, carne bovina, produtos da cana-de-açúcar, couro e soja.

De acordo com dados da Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento), os Estados Unidos foram o terceiro mercado de exportações brasileiro, com crescimento em 2024, na comparação com o ano passado. Nos primeiros lugares estão a Ásia, China e Europa.

Na avaliação de analistas, é difícil que Trump taxe a importação de produtos de primeira necessidade, como o café e a carne, sob o risco de provocar um aumento nos preços dos alimentos nos EUA.

Sobre o café, os Estados Unidos são o país que mais consome café no mundo e esse setor (cafeterias e torrefações) gera muitos empregos.

O que os analistas avaliam é que, em uma possível guerra comercial entre Estados Unidos e China, o Brasil pode se dar bem.

Os chineses podem, por exemplo, taxar produtos agrícolas dos EUA, o que teria impacto positivo para o agro, levando a um aumento das vendas de soja do Brasil para o país asiático, como aconteceu no primeiro mandato de Trump, e também de carne bovina e milho.

Em resposta, a China taxou, em 2019, uma série de produtos norte-americanos, incluindo a soja, com uma alíquota de 25%.

Esse movimento fez a China ampliar as suas compras de soja brasileira na época, para compensar a redução da importação do grão americano.

Agronegócio não espera taxação de produtos alimentícios

Ao site g1, o analista da consultoria Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias, diz que o republicano não vai correr o risco de enterrar a sua popularidade causando um aumento de preços de produtos de primeira necessidade nos EUA.

“Hoje, por exemplo, os Estados Unidos são o segundo grande comprador de carne bovina do Brasil [depois da China]. Eles estão na pior posição do seu rebanho de bovino desde os anos 50. Então, eles não têm muito como abrir mão do Brasil neste momento”, exemplifica Iglesias.

Ele avalia que a guerra comercial do Trump será concentrada na China e em produtos de tecnologia, como aconteceu no primeiro mandato do republicano. Mas, em 2019, o republicano impôs tarifas para o aço brasileiro.

O segmento cafeeiro também não acredita em mudanças muito drásticas. Cerca de 15% das exportações brasileiras de café vão para o país.

O diretor-geral do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), Marcos Matos, observa que não seria “sensato” da parte de Trump sobretaxar o produto. “Quando cito sensatez, refiro-me ao fato de não ser lógico tributar ou ampliar tributação sobre algo que os Estados Unidos não produzem e em que lideram o ranking de consumo”, diz.

Matos acrescentou que a população americana gasta, por ano, US$ 110 milhões em café, conforme estudo conduzido pela empresa de pesquisa norte-americana Technomic, em 2022, a pedido da National Coffee Association (NCA, principal associação de café dos EUA).

O mesmo estudo revela que o setor cafeeiro (torrefações, cafeterias etc.) sustenta mais de 2,2 milhões de empregos nos EUA, proporcionando US$ 100 bilhões em salários, além de representar 1,3% da economia do país, e responder por US$ 38 bilhões de receitas de impostos.

Em relação ao milho, o setor acredita que as exportações podem ser beneficiadas. Assim como no mercado de soja, o Brasil e os EUA são competidores mundiais nas vendas de milho. Em 2023, o país chegou a superar os americanos como maior exportador do cereal.

No caso da carne, a China é um dos maiores compradores mundiais de carne e, se for sobretaxada pelos norte-americanos, pode passar a comprar mais do Brasil.

O Brasil é líder nas exportações de frango, enquanto os Estados Unidos são o segundo colocado. No caso da carne suína, quem lidera são os EUA, e o Brasil vem em terceiro. Na carne bovina, o Brasil é líder global, enquanto os EUA estão em quarto lugar.

Redação ICL Economia
Com informações do g1

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