O relatório do senador Eduardo Braga sobre a regulamentação da reforma tributária do consumo apresentado ontem (9) sugere prazo de 90 dias para o governo federal propor medidas a fim de reduzir a alíquota padrão, caso ela ultrapasse o teto proposto de 26,5%. Porém, a proposta ainda precisa ser analisada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e pelo plenário do Senado.
O parecer do relator deveria ter sido discutido ontem na comissão, mas a reunião foi cancelada, o que causou insatisfação a Braga. O parlamentar enfatizou a importância de avançar rapidamente com a tramitação da proposta, para que a votação no plenário ocorra nesta quarta-feira (11), conforme planejado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). No entanto, o cancelamento da sessão pode adiar a votação em um dia.
Se forem aprovadas as mudanças propostas por Braga, o texto terá de ser reexaminado pela Câmara dos Deputados.
Em agosto, o governo federal estimou que a alíquota do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) criado com a reforma e que incidirá sobre o consumo de todos os itens que não estiverem nas regras especiais deve ficar em torno de 27,97%.
Mas, de acordo com o projeto, até mesmo os produtos incluídos nas exceções, como as carnes, podem ficar mais caros, pois a alíquota diferenciada é calculada como um percentual da alíquota padrão. Resumindo, se o imposto geral sobe, o específico sobe junto.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia alertado que a lista de exceções poderia pesar sobre a alíquota padrão. Cálculos da pasta confirmaram que o indicador ficará em 27,97% devido às exceções incluídas pelos deputados na tramitação do primeiro texto da proposta na Câmara. A isenção às carnes, conforme mostra o estudo, é o item que mais pesa.
O mecanismo para travar o aumento da alíquota foi criado na Câmara dos Deputados, mas não trazia detalhes do funcionamento.
Reforma tributária: relator propõe avaliações periódicas
O senador Eduardo Braga propõe no seu relatório que, em 2030, o governo federal e o Comitê Gestor do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços que engloba os tributos estadual e municipal) vão avaliar as regras implementadas pelo novo sistema tributário.
Com base nos dados fiscais do período de transição entre 2026 e 2030, o governo e o comitê farão estimativas do tamanho da alíquota que será cobrada a partir de 2033, quando acabará a transição para os novos impostos.
Se a avaliação constatar que a alíquota projetada supera os 26,5%, o governo federal deverá enviar um projeto de lei complementar ao Congresso para reduzir o percentual e adequar a cobrança a esse patamar.
Em entrevista ontem, Braga havia afirmado que, até amanhã, poderiam ser incluídas “consequências” ao governo federal, caso não seja cumprido o prazo de envio do projeto.
A ideia é que sejam revistos regimes diferenciados, isenções e reduções de alíquotas aos setores beneficiados pela reforma.
O texto também propõe reavaliações das regras da reforma do consumo a cada cinco anos. Em cada balanço, o governo federal poderá enviar novos projetos para adequar a tributação.
Relacionados
‘Ovo político’: mudança climática, inflação e vendas aos EUA criam desafio para Lula
Exportação de ovos brasileiros para os EUA quase dobrou em um ano, enquanto preço do alimento disparou nos dois países
Lula vai receber União Brasil para oficializar troca em Ministério das Comunicações
Presidente deu sinalização em conversa com Alcolumbre; reunião é esperada após retorno de viagem a Honduras
Anistia não é prioridade da articulação do governo, que não vê risco de avanço no Congresso
Governo mantém o foco em pautas econômicas e trata a anistia como tema secundário