Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (11) mostra que a percepção dos brasileiros sobre a economia piorou. Caiu de 33% (levantamento de outubro) para 27% (dezembro) o número de brasileiros que acham que a economia melhorou nos últimos 12 meses. Já os que acham que piorou teve leve recuo, de 41% para 40%. Para 30% dos entrevistados, a economia ficou do mesmo jeito em 12 meses, ante 22% da sondagem de outubro. Não sabem ou não responderam passou de 4% para 3%.
Dos recortes avaliados, um chama a atenção: como o brasileiro percebe o impacto da inflação em suas vidas. O levantamento apontou que, para 78% dos entrevistados, o preço dos alimentos nos mercados no último mês subiu (eram 65%), enquanto 8% dizem que caiu (eram 22%). Os que afirmam que os preços não se alteraram foram de 11% para 13%. Não sabem ou não responderam, de 2% para 1%.
Esses dados têm a ver com outro: o poder de compra. Para 19% dos entrevistados, o poder de compra hoje é maior que 12 meses atrás. Na pesquisa anterior, esse percentual era de 18%. Já 68% responderam que é menor – antes, eram 61% -, e 12% disseram que é igual, frente a 19% em outubro. Não sabem ou não responderam foram de 2% para 1%.
Para a economista e coapresentadora do ICL Mercado e Investimentos, Deborah Magagna, a inflação bate de modos diferentes em cada cidadão. “Essa percepção de que as coisas estão caras, a gente precisa entender o que pesa no bolso, porque a cesta de consumo de cada um é individual e cada item pesa de modo diferente ao consumidor”, disse na edição de hoje do programa.
Por exemplo: ontem (10) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a inflação do país teve alta de 0,39% em novembro, caindo 0,17 ponto percentual (p.p.) em relação ao mês anterior (0,56%). O resultado foi influenciado pelas altas no grupo Alimentação e bebidas (1,55%), após aumento nos preços das carnes (8,02%).
A pesquisa também mostra que para 65% dos entrevistados, o valor das contas de água e luz no último mês subiu, ante 64% de outubro. Já 6% consideram que caiu (eram 14%), e 24% dizem que ficou igual, ante 20%. Não sabem ou não responderam foram de 2% para 4%.
Em relação ao preço dos combustíveis, 59% dizem que subiu, mesmo índice de outubro. Para 7%, caiu, ante 17%, e 20% dizem que não teve alteração, ante 14%. Não sabem ou não responderam eram 10% e atingiram 14%.
A Genial/Quaest entrevistou 8.598 brasileiros de 16 anos ou mais entre 4 e 9 de dezembro. A margem de erro é de 1 ponto porcentual e o nível de confiabilidade, de 95%.
Genial/Quaest: redes do ‘Zap’
O também economista e apresentador do ICL Mercado e Investimentos, André Campedelli, sugeriu que problemas de comunicação podem estar por detrás da percepção dos brasileiros em um momento em que a economia vai muito bem, com desemprego em baixa, PIB (Produto Interno Bruto) crescendo e renda mais alta.
Segundo ele, mesmo a inflação estando mais pesada no grupo alimentos, “ela está bem controlada”. “O setor de serviços está crescendo, o setor industrial está crescendo, mas o brasileiro não está muito otimista mesmo com todos os motivos para isso. Não sei se é problema de comunicação do governo. Acredito que tem muita gente que só se informa em grupos de WhatsApp e vê a noticia bem enviesada”, pontuou.
O fato é que, no mundo todo, há um pessimismo generalizado como efeito da pandemia de Covid-19. Na avaliação de alguns analistas, esse sentimento ainda não foi totalmente debelado, diante da enormidade de perdas, não só de vidas, mas de bens materiais. A vida de muitas pessoas, no mundo todo, piorou com perdas, não só de entes queridos como de emprego, casa e renda. Muitos não conseguiram se reerguer até hoje, inclusive no Brasil.
Um estudo do Ipea publicado no ano passado, mostra que a pandemia afetou especialmente as micro e pequenas empresas no Brasil, com a queda brusca na demanda, interrupção das atividades e, eventualmente, o fechamento definitivo de diversos empreendimentos.
Um dado da pesquisa Genial/Quaest corrobora essa percepção geral: 61% afirmaram que o seu patamar financeiro atual está abaixo do esperado e 18%, que está acima. Já 17% consideram que o patamar está dentro do que esperava. Não sabem ou não responderam 4%.
Otimismo com o futuro
Embora a percepção sobre o presente não esteja das melhores, a pesquisa Genial/Quaest aponta que os brasileiros estão ao menos mais otimistas com a economia no futuro.
Subiu de 45% em outubro para 51% em dezembro a porcentagem de entrevistados que dizem que a economia do país vai melhorar nos próximos 12 meses. Os que afirmam que a economia vai piorar caíram de 36% para 28% no período. Para 17%, a economia ficará do mesmo jeito, ante 18%. Não sabem ou não responderam, que somavam 1%, atingiram o índice de 3% neste levantamento.
Assista aos comentários completos dos economistas do ICL no vídeo abaixo:
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