O presidente Lula (PT) assinou nesta segunda-feira (30) o decreto do termo de posse do economista Gabriel Galípolo como novo presidente do Banco Central, para o período de 2025 a 2028. Ele substitui Roberto Campos Neto, cujo mandato termina oficialmente nesta terça-feira (31), e que foi marcado por taxa Selic alta e maior descumprimento de metas de inflação.
A assinatura, que ocorreu no Palácio da Alvorada, contou com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Galípolo assume oficialmente o cargo no dia 1º de janeiro, ao lado de outros diretores recentemente nomeados.
Galípolo foi indicado por Lula e passou por sabatina no Senado no dia 8 de outubro. Com postura bastante discreta, o novo presidente do BC é paulistano, tem 42 anos e foi secretário executivo do Ministério da Fazenda no início da gestão de Fernando Haddad, em janeiro de 2023. Teve atuação importante na equipe de transição do terceiro mandato de Lula.
Depois de Armínio Fraga, que assumiu o BC aos 41 anos na gestão Fernando Henrique Cardoso (1999-2003), Galípolo será o mais jovem presidente da autarquia.
Com graduação e mestrado em economia pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), já atuou como professor universitário na mesma instituição (2006 a 2012) e foi presidente do Banco Fator (2017 a 2021).
Em 2007, o economista foi chefe da Assessoria Econômica da Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo. E, no ano seguinte, foi diretor da Unidade de Estruturação de Projetos da Secretaria de Economia e Planejamento do estado.
Além de Galípolo, outros três diretores indicados para a instituição também tiveram seus nomes confirmados: Nilton José Schneider (Diretoria de Política Monetária), Izabela Moreira Correa (Diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta) e Gilneu Astolfi Vivan (Diretoria de Regulação). O Senado havia aprovado os nomes dos novos diretores no dia último dia 10 de dezembro.
O que esperar da gestão de Galípolo à frente do BC
Galípolo assumirá o BC tendo o desafio de enfrentar uma política monetária mais contracionista, com uma taxa básica de juros a 12,25% ao ano e o dólar acima dos R$ 6.
Analistas econômicos ouvidos pela reportagem do UOL acreditam que a gestão dele não será muito diferente da de Campos Neto, até porque Galípolo votou em consonância com os demais membros do Copom (Comitê de Política Monetária) para as últimas altas da taxa básica de juros. Porém, ele terá a vantagem de ser mais próximo de Lula e de Haddad.
Recentemente, o presidente Lula gravou um vídeo afirmando que não vai interferir no Banco Central durante a gestão de Galípolo, em um aceno ao mercado financeiro.
Antes de ser indicado à presidência do BC, Galípolo passou pela Diretoria de Política Monetária da instituição, experiência que lhe permitiu ganhar a confiança do mercado, principalmente ao mostrar que sua atuação será independente do Executivo.
Para Alex Agostini, economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating, ele, “sem dúvida alguma, vai fazer uma gestão do BC muito parecida com a que Campos Neto fez. De uma independência técnica extremamente consolidada. Tem compromisso técnico, e não político”.
Ao UOL, André Galhardo, economista-chefe do Análise Econômica, disse que haverá uma pressão enorme sobre Galípolo por ele ter sido indicado pelo atual governo. “A gente vai ter que ficar de olho porque, faça o que fizer, Galípolo sempre será julgado como o homem indicado por este governo, de mais centro-esquerda, e não vai dispor da mesma tranquilidade que o Campos Neto em relação ao mercado.”
Samuel Pessôa, economista e pesquisador associado ao FGV-IBRE, vê como vantagem a proximidade de Galípolo com o governo. “O fato do Gabriel Galípolo ser uma pessoa que goza da confiança do presidente da República vai facilitar. Quando tiver que subir juros, ele deve conversar com Lula, e acho que terá uma boa vontade para receber. Essa é a diferença mais importante”, frisou.
Os especialistas acreditam que a gestão de Galípolo, ao menos em 2025, será marcada por Selic alta e desafios para cumprir a meta de inflação.
*Com informações da Agência Brasil e do UOL
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