ICL Notícias
Economia

Em dezembro, Brasil tem o maior fluxo de saída de dólares em 16 anos

Total contabilizado pelo Banco Central até 27 de dezembro foi de US$ 24,314 bilhões
02/01/2025 | 17h35

O Brasil registrou, no mês de dezembro, o maior fluxo de saída de dólares registrado em um mês desde o início da série histórica do Banco Central, iniciada em setembro de 2008, quando o mundo começava a viver a última pior crise financeira global. Até o dia 27 de dezembro passado, um total de US$ 24,314 bilhões saíram do país, conforme dados preliminares divulgados pelo BC nesta quinta-feira (2).

O recorde anterior havia sido no último mês de 2009, com uma saída de US$ 17,612 bilhões.

Esse valor, no entanto, pode crescer nos próximos dias, pois o BC tem até o quinto dia do mês seguinte para contabilizar os fluxos de pequeno valor, de até US$ 50 mil.

No mês passado, o assunto chegou a ser abordado pelo agora ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, como uma das possíveis razões por detrás da disparada da cotação da moeda norte-americana no mês passado. “Entendemos que começou a ter uma saída maior, atípica, no fim do ano. A parte de dividendos [remessas de empresas ao exterior], você consegue ver que está acima da média. Mas o lucro foi maior também, o que aumenta o fluxo”, disse Campos Neto.

Segundo ele, além das tradicionais retiradas de recursos por empresas do país, que se intensificam no fim de cada ano, também estava sendo registrada, e monitorada pelo BC, uma saída maior de recursos pelas pessoas físicas, por meio de plataformas de bancos. “Há saída maior de pessoas físicas, por plataformas, com volumes menores”, acrescentou.

Para efeito de comparação, os fluxos de saída de dólares registrados em anos muito ruins foram os seguintes:

  • Em 2020: no ano em que teve início a pandemia de Covid-19, a saída anual da divisa norte-americana foi de US$ 27,923 bilhões;
  • Em 2019, primeiro ano da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a saída foi de US$ 44,768 bilhões.

Os dólares saem do país nas seguintes situações:

  • Movimento comercial, com o saldo de exportações e importações;
  • Movimento financeiro, quando são contabilizadas operações de investimento direto, no mercado financeiro, remessa de lucros e dividendos e pagamento de juros, por exemplo.

Saída recorde de dólares foi puxada pelo fluxo financeiro

A saída recorde de recursos em dezembro do ano passado foi totalmente puxada pelo fluxo financeiro, cujo resultado até o dia 27 é negativo em US$ 26,042 bilhões. Até então, a maior saída de recursos financeiros do Brasil tinha ocorrido em dezembro de 2009, de US$ 20,399 bilhões.

No acumulado de 2024, o fluxo financeiro também deve representar o pior ano da história. Até o dia 27, a saída bruta é de R$ 84,396 bilhões. Até então, o recorde negativo era de 2019, de US$ 65,792 bilhões.

Lembrando que, no último mês de cada ano, é normal um maior volume de remessas para o exterior de empresas multinacionais para os países onde estão as sedes devido ao fechamento do balanço anual.

Ao menos dois fatores podem explicar esse aumento em 2024:

  • Além de um fluxo de remessas mais forte graças ao crescimento surpreendente da economia brasileira, o aumento do risco fiscal no país pode ter levado a esse cenário; e
  • O medo de aumento da tributação em classes de renda mais elevada também pode ter contribuído.

Leilões para conter a alta do dólar

Em dezembro, o BC teve que intervir no mercado de câmbio para tentar segurar um pouco a disparada do dólar. Nem sempre os leilões de dólares resultaram na queda da cotação da moeda.

Em um intervalo de 12 dias úteis, o Banco Central injetou US$ 32,574 bilhões no mercado por meio de intervenções cambiais extraordinárias. Foram 14 leilões, nove com oferta de dólares à vista e cinco com compromisso de recompra (linha).

*Com informações de O Globo

 

Deixe um comentário

Mais Lidas

Assine nossa newsletter
Receba nossos informativos diretamente em seu e-mail