A presidenta do México, Claudia Sheinbaum, sugeriu na quarta-feira (8) que os Estados Unidos sejam rebatizados de “América Mexicana”, em réplica à declaração do presidente eleito dos EUA Donald Trump de rebatizar o Golfo do México para “Golfo da América”.
“Obviamente o Golfo do México é reconhecido pelas Nações Unidas. Mas por que não chamamos [os Estados Unidos] de ‘América Mexicana’? Nome bonito, né? Vamos chamar assim então”, afirmou Sheinbaum apontando para um mapa que mostra o México com territórios que atualmente são dos EUA, e com os EUA aparecendo em verde com nome de “América Mexicana”.
Em coletiva realizada na terça-feira (7), Trump, além de defender a mudança do nome do Golfo do México, também disse que não poderia “descartar o uso de força militar para tomar a Groenlândia e o Canal do Panamá”, além da intenção de anexar o Canadá.
Para rebater Trump e justificar a sugestão de chamar os EUA de “América Mexicana’, Sheinbaum citou uma Constituição de Apatzingán, promulgada em 1814. O texto propunha a criação de um Estado em todo o território da América do Norte, compreendendo o México, os EUA e o Canadá. A presidente mexicana também disse que Trump está vivendo no passado.
Durante coletiva de governo mexicano na quarta-feira (8), Sheinbaum também afirmou que o Golfo do México, o maior do mundo, é reconhecido internacionalmente e pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Alfonso Suárez del Real, assessor político da Coordenação de Comunicação Social da Presidência mexicana, foi na mesma linha: “O nome do Golfo do México é histórico e está registrando ante organismos internacionais, que o consideram como um referente náutico desde o século 16, antes da existência dos EUA”, afirmou mostrando outro mapa com o México contendo territórios que hoje são dos EUA.
Sob Trump, EUA pode se tornar vizinho ameaçador
A pouco mais de 10 dias de tomar posse como presidente dos EUA em 20 de janeiro, Donald Trump vem provocando países vizinhos com declarações belicosas. Sobre o Golfo do México, que é rico em petróleo, declarou: “Nós vamos mudar o nome do Golfo do México para ‘Golfo da América’, que nome bonito. É apropriado porque o México tem um déficit enorme com a gente, e nós fazemos todo o trabalho lá”, afirmou Trump.
Trump também afirmou que vai aplicar “tarifas pesadas” para o México e o Canadá. Em relação ao México, tais tarifas comerciais teriam a justificativa de o país supostamente facilitar a entrada de drogas nos EUA.
Em relação ao Canadá, país que Trump sugeriu anexar aos EUA, declarou: “Você se livra da linha traçada artificialmente e observa como ela fica… e também seria uma segurança financeira muito melhor”, disse. De acordo com Trump, os Estados Unidos “gastam demais” para defender o Canadá e afirmou que o país vai deixar de comprar madeira ou carros canadenses, já que “não precisa” dos produtos do vizinho.
Trump também voltou a falar sobre o Canal do Panamá, o qual ele já disse ter a intenção de tomar o controle durante seu governo. O canal é controlado pelo governo do Panamá há 25 anos, mas foi administrado pelos EUA até 1999. “O Canal do Panamá foi construído para o Exército dos EUA. Ele é vital ao nosso país e está sendo operado pela China, e estão fazendo uma catástrofe. Dar o canal do Panamá ao Panamá foi um grande erro”, afirmou Trump. Não há evidências de que a China controle o Canal do Panamá.
O republicano também disse que poderá impor sanções econômicas à Dinamarca por conta da Groenlândia, que Trump quer tomar da Dinamarca. Em 2019, durante o primeiro mandato dele como presidente, o republicano disse que os Estados Unidos deveriam comprar a ilha. À época, a Dinamarca respondeu que não estava vendendo seus territórios. A Groenlândia, ilha no Atlântico Norte, abriga uma base militar dos Estados Unidos.
Na entrevista, ao ser questionado se ele conseguiria controle do Canal do Panamá e da Groenlândia sem o uso de força militar ou coerção econômica, Trump respondeu: “Não posso garantir nada sobre ambos. Mas posso dizer isso: precisamos deles para a segurança econômica.”
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