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Presidente do Sindicato dos Jornalistas do CE sofre ataque de bolsonaristas nas redes

Campanha de ódio surgiu após nota do Sindjorce repudiando título de cidadão fortalezense a Jair Bolsonaro
21/12/2023 | 05h00

Por Geovanni Carvalho — Brasil de Fato

Na última terça-feira (12), o ex-presidente da república Jair Bolsonaro (PL), recebeu através da Câmara Municipal de Fortaleza, o título de Cidadão Fortalezense. A concessão do título foi dada por 20 votos favoráveis, 12 contrários e três abstenções.

O projeto de titulação foi apresentado pelo vereador do partido União Brasil, Julierme Sena. Além do ex-presidente, outro membro do Partido Liberal também foi agraciado com o título, o deputado federal, André Fernandes, natural de Iguatu, município da região centro-sul do estado.

Nas redes sociais, a decisão repercutiu entre parlamentares e organizações de esquerda do Ceará. Parlamentares como Gabriel Aguiar e Adriana Gerônimo, ambos do PSOL, criticaram a decisão da maioria dos parlamentares da câmara municipal.

Pela conta pessoal do X, Gabriel Aguiar escreveu “espero que seja a última bomba do ano”. Já a parlamentar Adriana Geronimo comentou “Vergonha! Título de Cidadania do Bolsonaro aprovado na Câmara Municipal de Fortaleza. Lutamos muito, porém fomos derrotados”, afirmou.

Além dos parlamentares, algumas organizações políticas e sindicatos também mostraram discordância com a decisão da casa, a exemplo a Central Única de Trabalhadores (CUT) e o Sindicato de Jornalistas do Ceará (Sindjorce).

Em nota divulgada através das redes sociais, o Sindjorce expressou de forma veemente o seu repúdio contra a decisão e ressaltou ainda que a proposta é “lamentável e equivocada” e justifica que a decisão negligencia toda a conduta nefasta do ex-presidente da república.

A nota ainda aponta que é ultrajante para os jornalistas do estado que o ex-presidente seja homenageado na capital, uma vez que durante seu governo, Jair Bolsonaro violou diversos direitos dos jornalistas no país.

Procurado, o presidente do Sindjorce, Rafael Mesquita, ressalta que para ser concedida a titulação, é importante considerar o impacto das políticas e ações do ex-presidente no estado do Ceará. Ele ressalta que o povo cearense foi alvo de ataques xenofóbicos e enfrentou a injúria bolsonarista, o que gerou divisões e conflitos desnecessários, além do desmonte de políticas públicas que o estado enfrentou ao longo do Governo Bolsonaro.

“Diante desses elementos, a ação dos vereadores ao concederem esse título pode ser interpretada como uma escolha apenas ideológica, negligenciando o verdadeiro interesse da cidade. A titulação de cidadão fortalezense a Jair Bolsonaro parece um erro que não representa os interesses e a realidade da população local”.

Após o lançamento da nota, o presidente do sindicato tornou-se alvo de ataques nas redes sociais, ataques preteridos em sua maioria por seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro. O presidente afirma que a titulação de cidadão fortalezense ao ex-presidente é, no mínimo, questionável.

“Ele não possui nenhuma ligação direta com a cidade de Fortaleza. A concessão de títulos de cidadania geralmente é destinada a pessoas que contribuíram significativamente para o desenvolvimento ou bem-estar da cidade. No caso dele, não só os critérios são questionáveis, mas parecem mais uma ofensa ao nosso povo”, afirmou.

Questionado sobre os ataques que vem sofrendo nas redes sociais desde a divulgação da nota, Rafael afirma que inicialmente as agressões virtuais aconteceram de forma contínua e sufocante, e que embora tenham diminuído, as postagens difamatórias continuam a circular nas redes sociais da empresa Meta.

O presidente prestou Boletim de Ocorrência na última segunda-feira (18), e mencionou a situação extremamente desagradável que tem vivido desde então, caracterizada por injúria, difamação e assédio virtual.

“É crucial destacar que todos esses eventos se desencadearam como resposta a uma divergência legítima do Sindjorce em relação ao título concedido a Bolsonaro. Inicialmente, essa não era uma posição pessoal minha, evidenciando a crueldade do modus operandi adotado por aqueles que buscam destruir as lideranças de entidades populares e os defensores de causas sociais”, encerrou.

Nas redes sociais, a campanha de ódio promovida contra o presidente do Sindjorce, mas também contra uma série de outras pessoas públicas que se posicionaram contra a decisão da CMFor, é promovida por diversas páginas e perfis associados ao ex-presidente da república, que tem de forma massificada, propagado desinformação e comentários de ódio.

Por fim, o presidente destacou que é papel do Sindjorce, como entidade máxima dos jornalistas no Ceará, defender os interesses destes profissionais. “Quando soubemos da aprovação da medida, avaliamos em diretoria que era preciso se posicionar, pois os erros dos vereadores devem ser sim reportados e cabe a entidades como a nossa fiscalizar o legislativo”. Rafael finaliza afirmando que os líderes anti-povo, que tramam contra os direitos da população, que destroem e reprimem vidas, devem ser combatidos.

 

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