Por Giulia Peruzzo
(Folhapress) — Cerca de 800 toneladas de carne estragada foram compradas para revenda. Os pacotes de carne suína, bovina e avícola tinham ficado submersos nas enchentes que atingiram o estado do Rio Grande do Sul em 2024.
A empresa Tem Di Tudo Salvados, de Três Rios (RJ), realizou a transação sob alegação de que a mercadoria seria usada para a fabricação de ração animal, mas o carregamento foi “maquiado” para ser distribuído em diversas regiões do Brasil. Nesta quarta-feira (22), uma operação da Delegacia do Consumidor do RJ e do RS prendeu quatro pessoas, incluindo o dono da empresa.
O consumo do alimento estragado apresenta um risco à saúde e à vida da população, já que existem doenças que podem ser transmitidas pela condição do alimento, como as zoonoses E-coli e a Salmonella. Para prevenir a intoxicação, é importante saber distinguir quando a carne está apta para consumo e também como higienizá-la e prepará-la da maneira correta.
O Ministério da Saúde alerta para os sintomas das doenças transmitidas por alimentos ou água. São esses o vômito, a diarreia líquida, náusea, cólicas abdominais e até mesmo febre. A depender da gravidade da doença transmitida, pode também resultar em distúrbios neurológicos, infecção generalizada e levar à morte.
Como saber se a carne está estragada?
A Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal do Mato Grosso do Sul detalha seis passos para identificar se o alimento está ou não fresca. O primeiro, é sempre verificar a data de validade na embalagem.
Se o produto estiver fora do prazo, mesmo em promoção, é melhor não arriscar. Caso esteja dentro da validade, é importante checar a cor do alimento. Uma carne vermelha picada, por já ter entrado em contato com o oxigênio, tem a cor vermelho-púrpura, que é puxado para o roxo. Já a de aves pode variar do branco ao amarelo e deve ter uma superfície brilhante e firme.

Consumo de alimentos estragados apresenta um risco à saúde e à vida da população. (Foto: Agência Brasil)
Segundo recomendações do Departamento de Nutrição da UnB (Universidade de Brasília), a embalagem do alimento também não pode estar estufada, amassada, enferrujada ou rasgada. Também é importante verificar as condições do local de armazenamento. Um produto confiável deve ter o selo de garantia do Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura.
O cheiro é outro fator a se considerar antes de comprar um alimento. Se sentir algum cheiro incomum, não consuma. Além disso, é fundamental olhar a carne de perto para verificar se há alguma textura viscosa ou pegajosa. Esse tipo de textura sinaliza que o alimento já está se deteriorando e não está apto para o consumo. O mesmo vale para manchas pretas ou verdes.
A gordura de uma carne saudável é branca e firme. Se ela já estiver preparada, atente-se para texturas viscosas ou gelatinosas e manchas, o que indica que também não está em condições favoráveis.
Cuidados com a carne
Quando comprar carnes para o preparo e consumo em casa, é preciso a atenção para as maneiras corretas de armazenamento, higienização e preparo. Carnes de todos os tipos só devem ser guardadas em geladeira caso forem ser preparadas e consumidas no mesmo dia da compra. Se não, o ideal é congelá-las em uma temperatura de -18 °C. Uma vez descongelada, ela não pode voltar ao refrigerador.
Bactérias se desenvolvem em ambientes com temperaturas entre 15 e 70 °C. Por isso, deixar carnes em temperatura ambiente pode acarretar um acúmulo de microorganismos maléficos. Além disso, carnes bovinas, suínas, de ave e peixe devem ser cozinhadas acima dessa temperatura e estar totalmente descongeladas antes do cozimento.
Manter a higiene do ambiente, dos utensílios e das mãos sempre antes de manusear e preparar o alimento pode prevenir a proliferação das bactérias. Guarde as sobras em recipientes com tampa e em locais refrigerados, reaquecendo sempre antes de consumir novamente.
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