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Lula na ONU: Aventureiros de extrema direita trocam política por ‘soluções fáceis’

Presidente prometeu que quando Brasil estiver à frente do G20, em dezembro, combate à desigualdade será tema central da agenda internacional.
19/09/2023 | 11h38

Como o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva lembrou, há 20 anos, em setembro de 2003, ele fez o primeiro discurso na tribuna da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, Estados Unidos. Nesta terça-feira (19), Lula voltou à mesma tribuna para se dirigir a líderes globais, focando a fala na necessidade de combater a desigualdade e em críticas a um “falido neoliberalismo”.

“O neoliberalismo agravou a desigualdade econômica e política que, hoje, assola as democracias. Seu legado é uma massa de deserdados e excluídos. Em meio aos seus escombros, surgem aventureiros de extrema-direita  que negam a política e vendem soluções tão fáceis, quanto equivocadas. Muitos sucumbiram à tentação de substituir um neoliberalismo falido por um nacionalismo primitivo, conservador e autoritário”, afirmou Lula.

O presidente abordou vários temas, lembrando tragédias como o terremoto no Marrocos e as enchentes na Líbia, assim como as tempestades que recentemente atingiram o Sul do Brasil. Lula lembrou que esses desastres “ceifam vidas e trazem perdas irreparáveis”. A introdução abriu caminho para que ele falasse da crise climática e suas consequências.

“Naquela época (há 20 anos), o mundo ainda não havia se dado conta da gravidade da crise climática. Hoje, ela bate às nossas portas, destrói nossas casas, nossas cidades, nossos países. Mata e impõe perda aos nossos irmãos, sobretudo aos mais pobres.”

FOME E DESIGUALDADE

O presidente também apresentou dados sobre a fome e desigualdade, destacando que, hoje, 735 milhões de pessoas no planeta vivem sob insegurança alimentar, e que o abismo entre pobres e ricos está cada vez mais profundo.

“A fome, tema central da minha fala neste parlamento mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão dormir esta noite sem saber se terão o que comer amanhã. O mundo esta cada vez mais desigual. Os dez maiores milionários possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade.”

VITÓRIA DA DEMOCRACIA

Ao citar a situação interna brasileira, Lula dedicou sua volta à tribuna da ONU a uma vitória da democracia.

“A democracia permitiu que enfrentássemos o ódio, a desinformação e a opressão. A esperança mais uma vez venceu o medo. Nossa missão é unir o Brasil e reconstruir um país soberano, justo, sustentável, generoso e alegre. O Brasil esta se reencontrando consigo mesmo, com nossa região, com o mundo e com o multilateralismo. Como nao me canso de repetir: o Brasil esta de volta.”

O presidente disse que o país está pronto para dar a devida contribuição aos principais desafios globais, prometendo focar esforços no combate à desigualidade, mas também lutar contra o feminicidio, promover a igualdade salarial entre homens e mulheres e pessoas LGBTQI+.

COBRANÇA

Instituições financeiras que agem a nível global também foram criticadas pelo presidente. Em especial, os critérios estabelecidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial para distribuir recursos a países.

“Quando as instituições reproduzem as desigualidades, elas fazem parte do problema e não da solução. Ano passado, o FMI disponibilizou 160 bilhões de dólares em direitos especiais de saque para países europeus. E apenas 34 bilhões para os países africanos. A representação desigual e distorcida na direção do FMI e do Banco Mundial é inaceitável”, declarou.

PRESIDÊNCIA DO G20

Em outro momento do discurso, Lula afirmou que o Brasil, ao assumir a presidência do G20, em dezembro, vai centralizar a agenda internacional no combate à desigualdade.

“Não mediremos esforços para colocar no centro da agenda internacional o combate as desigualdades em todas as suas dimensões. Sob o lema “construindo um mundo justo e um planeta sustentável”, a presidência brasileira vai articular inclusão social e combate à fome, desenvolvimento sustentável e reforma das instituições de governança global”, reforçou.

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