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Por Mayara Paixão
(Folhapress) — Argentinos se reuniram em Buenos Aires na segunda-feira (24) para rezar pelo papa Francisco, mais comumente referido no país como Jorge Bergoglio, o nome de batismo do pontífice nascido na capital argentina há 88 anos.
A missa ocorreu na praça Constitución. O local anualmente era palco de uma missa de Bergoglio, quando ainda era arcebispo, cargo para o qual foi nomeado em 1998. Ele rezava pelos catadores de recicláveis e contra o trabalho escravo. Agora, é o protagonista das preces.
A cerimônia foi convocada e guiada pelo atual arcebispo, Jorge Ignacio García Cuerva. Padres de toda a capital compareceram, assim como fiéis e bombeiros voluntários, que também levaram o autobomba “Francisco”, homenagem com a foto do religioso feita em 2013.
O dia chuvoso, porém, parecia ter desanimado alguns fiéis para irem à missa realizada no horário de pico e de saída do trabalho, entre 17h e 18h, na praça com estação de trem e dezenas de linhas de ônibus.
O arcebispo Cuerva lembrou a época de Bergoglio em Buenos Aires. “Mais de uma vez Francisco, quando era o cardeal Bergoglio, dizia que muitos se fazem de surdos para não escutar as vítimas da exclusão. Ele sempre defendeu que a igreja fosse para todos. Que estivesse nas ruas.”
O religioso também criticou o que chamou de “mentiras e calúnias das quais Francisco foi vítima em todos estes anos”. Ele disse que o papa mantinha as portas da igreja abertas mesmo para os que difundiram essas mentiras. “Ele dizia que não podemos nos dividir como sociedade entre amigos e inimigos.”

Papa Francisco segue internado
Francisco foi alvo de diferentes acusações na Argentina. A principal, infundada, de que teria colaborado com os militares na ditadura. Mas seus detratores também tentavam o alinhar a correntes políticas: para alguns, era um anti-kirchnerista (corrente dos Kirchner, como a ex-presidente Cristina); para outros, ironicamente, um kirchnerista.
O papado de Francisco “foi o oxigênio em um momento de exclusão”, seguiu. “Que neste momento, que lhe falta o ar, sejamos um sopro.” Os fiéis oraram à Virgem de Luján, padroeira argentina.
“Não desista”, disse o arcebispo, referindo-se ao papa.
A menos de 3 quilômetros dali, pela avenida 9 de Julio, no marco turístico do Obelisco, uma foto do papa é projetada desde o final da semana passada. A homenagem foi organizada pelo governo da capital e é acompanhada da frase: “Francisco, a cidade reza por você”.
Milei em silêncio
Desde o anúncio do quadro de saúde do papa, que apresenta uma infecção polimicrobiana, o presidente argentino, Javier Milei, não se pronunciou sobre o tema. Antes de assumir o cargo, ele adotou discurso pejorativo contra o pontífice, chamando-o de comunista e “representante do mal na Terra”. Depois, visitou-o no Vaticano.
Seus pares no governo reproduzem o silêncio. Até que nesta segunda-feira a vice-presidente Victória Villarruel, pouco próxima da cúpula do poder a despeito de seu cargo, compartilhou uma publicação no X com um vídeo seu com Bergoglio no Vaticano que dizia “nosso pensamento e nossas orações estão com o papa”.
Saúde do papa
Francisco apresenta “leve melhora” e não teve crises respiratórias, segundo novo boletim divulgado pelo Vaticano na tarde desta segunda-feira. A insuficiência renal registrada no domingo (23) não é preocupante, segundo os médicos.
Este é o décimo dia do pontífice no hospital Agostino Gemelli, em Roma, a quarta internação em seu papado e agora a mais longa não programada — em 2021, ele também ficou dez dias no Gemelli, mas para uma cirurgia prevista no intestino.
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