Por Sâmia Bomfim*
O ano de 2023 foi marcado pelo alívio de superar o governo Bolsonaro e pelos efeitos de resgatar um patamar mínimo de investimentos e políticas públicas, dinamitados nos anos anteriores. Mas foi, também, caracterizado pelo desenho de uma política econômica austera, pela reprodução de padrões de governabilidade premidos pelas chantagens dos setores conservadores e pela persistência da extrema direita no cenário nacional e internacional.
Por isso, para 2024, minhas perspectivas levam em conta os elementos objetivos da realidade e também a tarefa e o anseio de melhorar o Brasil e a vida da classe trabalhadora.
Na área da economia, aprovados os marcos orçamentários e fiscais do “arcabouço”, devemos estar preparados para dias difíceis. Será necessária mobilização social para defender reajustes salariais justos, direitos e investimentos nas áreas sociais. Um dos pontos chave devem ser os pisos constitucionais da saúde e da educação, que precisam ser defendidos.
Por falar em educação, a tarefa de revogar o Novo Ensino Médio (seja o original, seja a versão 2.0) seguirá, já que obtivemos a vitória parcial de suspender a votação em 2023.
Junto aos servidores, além do tema salarial, é inadiável a aprovação do nosso PLP 40, para descongelar os benefícios (como quinquênios, biênios, anuênios e sexta-parte) interrompidos na pandemia, incluindo pagamentos retroativos. Também seguir em alerta para não permitir a retomada da PEC 32, da Reforma Administrativa.
As mulheres, os negros e negras, os LGBTQIA+, as pessoas com deficiência, os profissionais da cultura e dos movimentos sociais deverão se mobilizar mais, para garantia de avanços e impedimento de retrocessos. Ainda na área dos movimentos, a luta no campo e na cidade deverá se confrontar com a letargia da nunca feita reforma agrária e reforma urbana.
Finalmente, faço duas observações. A primeira, de que 2024 será um ano eleitoral. Por isso, é fundamental que os setores progressistas da política sigam atuantes e dispostos a convergir forças quando a tarefa central for derrotar a extrema-direita. A vitória na cidade de São Paulo poderá ser simbólica disso. Já a última observação tem conotação internacional. Mesclando perspectiva e necessidade, espero, honestamente, que 2024 seja marcado pela justiça e a liberdade ao povo palestino, pelo fim da ofensiva russa na Ucrânia, pela desmoralização dos novos projetos proto-fascistas como de Milei na Argentina e pela derrota definitiva do representante maior na nova extrema-direita no mundo, Donald Trump, nos Estados Unidos.
*Deputada federal pelo PSOL-SP
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