A Polícia Federal encontrou indícios da utilização ilegal do software espião First Mile para invadir a rede telefônica da operadora TIM. O uso do equipamento pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teria ocorrido durante a gestão do atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL), no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo a Folha de S. Paulo, os indícios foram encontrados após a Operação Última Milha, deflagrada em outubro passado. As investigações da PF encontraram um e-mail, de janeiro de 2020, proveniente de uma funcionária da empresa Cognyte, responsável pela venda da ferramenta à Abin, a um servidor do órgão — ele foi alvo de mandado de busca e apreensão.
“Estamos pesquisando e testando novos métodos para acessar a rede da Tim, mas até o momento a Tim está bloqueando todas as nossas tentativas de acesso à rede. O manteremos informado assim que houver necessidade nos nossos testes”, diz a mensagem.
Segundo investigadores, a suspeita é de que o software tenha sido utilizado para espionar desafetos políticos, incluindo professores, advogados, políticos e jornalistas. Ao invadir a rede telefônica, a necessidade de autorização judicial para obter informações sobre a localização dos dispositivos monitorados era praticamente dispensada.
De acordo com reportagem, a proposta comercial da empresa Suntech (atual Cognyte) já indicava o uso de “estrutura de telefonia no exterior (SS7) para simular chamadas em roaming, inclusive valendo-se de envios de SMS Spoofing, resultando na manipulação dos sinais da rede de telefonia”.
A Folha de S. Paulo informou que a TIM preferiu não se manifestar sobre o assunto.
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