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Colômbia inicia semana de despedida e homenagens ao artista Fernando Botero

O caixão com o corpo de Botero chegou envolto na bandeira da Colômbia à sede do Congresso, em Bogotá, onde foi recepcionado por uma orquestra de sopros, coral, guarda presidencial e congressistas
23/09/2023 | 07h12

Bogotá, Colômbia

Centenas de pessoas se reuniram nesta sexta-feira (22) na capital colombiana para dar o último adeus ao artista Fernando Botero, um dos mais relevantes do século XX, dando início a uma semana de homenagens em Bogotá e Medellín.

O caixão com o corpo de Botero chegou envolto na bandeira da Colômbia à sede do Congresso, em Bogotá, onde foi recepcionado por uma orquestra de sopros, um coral, pela guarda presidencial e por congressistas e familiares.

“Estamos consternados, emocionados e profundamente gratos pelas manifestações de afeto, reconhecimento e gratidão ao meu pai. Trazer meu pai uma última vez à sua terra natal, para que os colombianos possam se despedir dele, era um dos nossos maiores desejos”, disse sua filha, Lina Botero.

Durante a cerimônia, o presidente do Congresso, Iván Name, disse que a Colômbia se despede de “um colombiano universal”. “Botero parou o mundo por um instante. Ele o fez com um pincel e suas mãos, quando conseguiu pintar um mundo diferente. Um mundo que refletia a realidade do seu país, mas que também tinha as chaves secretas do espírito humano”, acrescentou o congressista.

 

 Velório 
O artista morreu no último dia 15, em Mônaco, aos 91 anos, em consequência de uma pneumonia. Seu corpo chegou ontem a Bogotá e ficará até domingo na câmara-ardente do Congresso.

Por volta das 14h locais, cerca de 500 pessoas formavam longas filas do lado de fora do Congresso para se despedirem do artista. Após uma longa espera, elas tiveram poucos segundos para se aproximar do caixão.

A bacteriologista aposentada Mercedes Rojas aguardava no fim da fila para se despedir do artista, que admirava por sua capacidade de retratar o cotidiano, “a representação da rotina da Colômbia, da família, de um dia no campo, da mulher, do padre, das pessoas”, disse à AFP.

O ex-presidente Juan Manuel Santos (2010-2018) compareceu ao Congresso para homenagear Botero. “Devemos lembrá-lo por muitas razões, entre elas por ser o artista mais importante que o país já teve”, declarou, ao deixar o local. “Sobretudo, no meu caso pessoal, por seu compromisso com a paz. Conter a violência vinha sendo há muito tempo seu compromisso total, e ele deixa esse legado em todas as suas obras”, acrescentou o ex-presidente, vencedor do Nobel da Paz por ter liderado durante seu governo o acordo histórico de 2016 com as Farc

Em apoio ao acordo de paz, Botero presenteou o país naquele mesmo ano com uma escultura de uma pomba branca, que Santos recebeu na Casa de Nariño.

 

Parada em Medellín 
Na próxima segunda-feira, o corpo será levado para Medellín, cidade natal de Botero, onde também haverá eventos antes da cremação. Na próxima semana, suas cinzas serão trasladadas para a Europa, ao pequeno povoado italiano de Pietrasanta, onde serão enterradas junto ao túmulo de sua mulher, a artista grega Sophia Vari, que morreu em maio.

As criações de Botero, em sua maioria com formas voluptuosas e levemente surrealistas, foram arrematadas por até 4,3 milhões de dólares (cerca de R$ 21 milhões) nas galerias mais prestigiadas do mundo. Na Colômbia, ele doou dezenas de obras a museus e parques públicos, na tentativa de levar sua arte às classes populares. No mundo, expôs os trabalhos em cidades como Madri, Paris, Barcelona, Cidade de Singapura e Veneza, entre outras.

“Foi muito triste saber que ele havia morrido”, descreveu a vendedora Catalina Vélez, 18. “Desde o começo, ele aprendeu a dar uma identidade à sua obra, para reconhecermos apenas com uma pintura o que é um Botero.”

 

 

© Agence France-Presse

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