Por Berenice Seara — Tempo Real RJ
Em meados de 2023, o consultor Rodrigo Bethlem reuniu um time de políticos em seu escritório, no condomínio O2, na Barra da Tijuca. Em seguida, criou um grupo de mensagens para manter vivas as conversas entre eles. De senador da República a vereador, todos os convidados tinham em comum um mandato assegurado nas urnas — e a opção por uma ferrenha oposição ao prefeito Eduardo Paes (PSD).
Os amotinados trocavam informações e dividiam estratégias para tentar levar Paes à derrota nas eleições de outubro. Bethlem, desafeto do prefeito desde a sua exoneração da Secretaria municipal de Assistência Social em meio a um escândalo, era um dos mais ativos. Mas, no fim do ano, inexplicavelmente, silenciou.
Até a última sexta-feira (02), quando a turma descobriu que o consultor havia feito as pazes com o alcaide. E já tinha sido convidado a integrar a sua campanha eleitoral.
Alguns integrantes do grupo, como o senador Carlos Portinho (PL), o deputado federal Otoni de Paula (MDB) e o deputado estadual Rodrigo Amorim (PTB), estão prontinhos para lançar uma candidatura de oposição.
Outros, como o federal Luiz Lima (PL); os estaduais Alan Lopes (PL), Márcio Gualberto (PL) e Anderson Moraes (PL), e os vereadores Felipe Michel (PP) e Rogério Amorim (PL), não têm pretensões de ocupar o Palácio da Cidade — mas muito apetite para desalojar Paes de lá.
A informação de que Bethlem tinha mudado de lado pegou a turma de surpresa. Pressionado, depois de muitas mensagens incrédulas, ele respondeu:
“Amigos, estou de férias, mas diante de tantas mensagens gostaria de colocar alguns pontos: não tenho cargo público, não sou filiado a partido político, e no final do mês tenho muitos boletos para pagar da agência da qual sou sócio”, informou.
Segundo Bethlem, nenhum pré-candidato contratou, até agora, a sua empresa na cidade do Rio. Com ironia, disse que está à disposição.
“Até de certa forma, fiquei lisonjeado com a importância que foi dada a uma conversa que tive com o prefeito, depois de quase 10 anos. Garanto que, nos últimos 10 anos, a maioria aqui do grupo já esteve com o Paes pelo menos uma vez. Se tivesse minha agência sido contratada pela prefeitura, não teria nenhum problema em dizer, já que nem o governo do estado, nem o PL o fizeram no último ano. Quem quiser contratar a Arrow, agradeço”, concluiu.
Sentindo-se traídos, os políticos foram deixando o grupo, um a um.
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