Por Rita Serrano*
A denúncia da Procuradoria-Geral da República, amplamente noticiada, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais de 30 membros do alto escalão de seu governo por formarem uma organização criminosa que atentou contra a democracia brasileira mostra que a Justiça começa a ser feita para quem atenta contra as instituições brasileiras. A gravidade desse caso, que coloca um ex-presidente da República no centro de uma tentativa de golpe, exige do país respostas firmes e inegociáveis.
No mesmo dia da denúncia, Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa e um dos expoentes da gestão bolsonarista no banco, reapareceu nas redes sociais em uma foto ao lado de Bolsonaro, reafirmando seu apoio ao ex-presidente. Para qualquer pessoa minimamente comprometida com a democracia e a integridade das instituições públicas, essa cena só pode gerar indignação.

Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa. (Foto: Agência Brasil)
O ex-presidente está envolvido em denúncias gravíssimas de assédio moral e sexual contra empregadas e empregados do banco, que até hoje aguardam justiça. As marcas que ele deixou na instituição não podem ser esquecidas: foi um período de medo, de pressão e de desrespeito à dignidade dos trabalhadores, especialmente das mulheres. Enquanto isso, as vítimas esperam um desfecho adequado para as denúncias que abalaram a instituição.
A impunidade de Bolsonaro e de seus aliados é um escárnio para todos que acreditam na justiça e na democracia. Enquanto um tenta se esquivar das consequências do ataque às instituições do país, o outro posa ao seu lado, como se nada tivesse ocorrido. Não podemos normalizar essa cena. Não podemos esquecer o que fizeram com a Caixa e com o Brasil.
É hora de exigir justiça. A denúncia da PGR precisa ser o primeiro passo para responsabilizar aqueles que atentaram contra a democracia. Na Caixa, as vítimas de assédio, os empregados e a sociedade esperam, há mais de 2 anos, pelo julgamento das ações de assédio.
* Ex-presidente da Caixa Econômica Federal
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