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Jorge Mizael

Cientista político, doutorando pelo Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), com foco em comportamento político e estudos sobre mudanças constitucionais. Fundador da Metapolítica, consultoria premiada no Oscar da Comunicação Política Mundial em 2020 pela The Washington Academy of Political Arts Sciences. Indicado, em 2021, como Consultor Político Revelação pela mesma instituição. Colunista do portal ICL Notícias, onde analisa questões políticas e institucionais com ênfase em governança e a relação entre o Legislativo e o Executivo.

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A disputa pelo controle do Orçamento

Em jogo, bilhões em emendas parlamentares que moldarão prioridades do governo e o futuro das políticas públicas
21/10/2024 | 05h00

Uma vez encerradas as eleições, o Congresso Nacional voltará a sua atenção para uma tarefa crucial: a discussão do Orçamento Federal de 2025. Esse processo, que vai muito além de números e planilhas, tem um impacto direto nas prioridades do governo e na vida de milhões de brasileiros. O orçamento define quais áreas receberão mais ou menos recursos, desde a Saúde e Educação até a Segurança Pública.

É nesse contexto que os parlamentares passam a pressionar para garantir emendas e destinações específicas para suas bases eleitorais. Ao mesmo tempo, o governo federal tenta alinhar suas prioridades e equilibrar as contas públicas em um ambiente volátil. O orçamento, portanto, não é apenas uma peça técnica, mas o reflexo das disputas de poder, dos interesses regionais e das alianças políticas que moldam o Brasil.

Com base no Informativo Conjunto das consultorias do Senado e da Câmara PLOA 2025, cada deputado federal terá à sua disposição R$ 37.275.986 em emendas impositivas, enquanto cada senador contará com um montante superior, de R$ 68.539.716 para 2025. No todo, serão R$ 19,1 bilhões para emendas de apresentadas por deputados e R$ 5,6 bilhões para as apresentadas por senadores. Além disso, as emendas de bancada serão de R$ 14,3 bilhões. Somadas a emendas individuais e as de bancada, chegarão ao valor de R$ 39 bilhões em 2025.

Não há precedente na história recente do Brasil para os valores atualmente à disposição dos parlamentares por meio de emendas orçamentárias. Os números dos últimos anos mostram uma clara consolidação de um padrão crescente no volume dessas emendas, refletindo o aumento do poder dos congressistas sobre o orçamento. Reverter esse cenário exigiria alterações legais que demandam uma base sólida de apoio ao Governo nos Plenários, algo que, no contexto atual, não tem se materializado suficientemente.

Diante desse cenário, é fundamental que os cidadãos exerçam o seu papel de vigilância, cobrando transparência no uso das emendas parlamentares e acompanhando de perto a destinação desses recursos. A consolidação desse instrumento exige controle social, ao afetar diretamente a qualidade das políticas públicas e o direcionamento das prioridades nacionais.

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