O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deu entrevista aos jornalistas Julia Chaib, Thiago Resrnde e Camila Matoso, da Folha de S. Paulo, em que confirma que a Caixa será entregue ao Centrão em troca de apoio político ao governo Lula. Ele explicou que o banco entra no escambo “de porteira fechada”, ou seja: além da presidência, também as vice-presidências serão escolhidas por critérios políticos.
Segundo Lira, essa negociação vai garantir ao Executivo chegar a um total de 350 votos na Câmara, o suficiente para aprovar Propostas de Emenda á Constituição (PECs). Ele confirmou que PP e Republicanos podem ser considerados agora como partidos da base do governo, apesar de não garantir a totalidade de votos dessas legendas.
“Nenhum partido dá todos os votos. Mas eu acredito em uma base tranquila”, disse o deputado à Folha.
Na entrevista, Lira mostrou que o loteamento político exigido pelo Centrão chega ao extremo de ter uma subdivisão que atende ao seu partido e outra que atende exclusivamente a ele.
O presidente da Câmara confirma que a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) ficará sod a gestão de alguém indicado pelo Republicanos.
Outro tema da entrevista foi a ação da Polícia Federal, que foi alvo de críticas por parte Lira. Há poucos meses, a PF flagrou um esquema de desvio de recursos de emendas parlamentares que envolve um ex-assessor e alguém bem próximo ao parlamentar, Luciano Cavalcante, flagrado com dinheiro e anotações que indicavam o nome de “Arthur”.
O trabalho policial foi classificado como “abuso” e “excesso” por Lira.
“Não tem nada que foi provado com relação a isso, inclusive toda essa operação foi anulada [pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal] e vocês sabem o porquê. Ao final e ao cabo, quando ela tiver o seu desfecho, as pessoas que fizeram serão todas responsabilizadas”, disse ao jornal, referindo-se ás autoridades, que, segundo ele, fizeram “investigações de maneira dirigida”.
Ele defendeu a forma de distribuição de emendas parlamentares, argumentou que não podem ser “criminalizadas” e sugeriu novas formas de distribuição.
O deputado também criticou o fechamento de acordos de delação premiada em que o réu esteja preso, referindo-se ao caso do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, acusado de vários crimes.
“Eu sempre condenei, ontem e hoje, delação de réu preso. Todo mundo era contra a delação de réu preso lá atrás. Nós estamos tratando de delação de réu preso hoje de novo, feita pela Polícia Federal”, disse ao jornal.
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