Nem tudo acontece sob os holofotes. Nas últimas semanas, uma articulação silenciosa, mas relevante, tem ganhado corpo pelos corredores do Congresso. A movimentação reflete insatisfações crescentes com a condução da atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), deputada Caroline de Toni (PL/SC), cuja gestão tem sido alvo de críticas tanto de seus aliados quanto de opositores.
Desde que assumiu a presidência da CCJC, a deputada Caroline de Toni (PL/SC) trouxe para a dinâmica da comissão uma condução muito alinhada à sua base eleitoral conservadora e bolsonarista. Inicialmente, essa condução parecia satisfazer seus apoiadores diretos, mas, com o passar do tempo, começaram a surgir ruídos.
Parlamentares de diferentes espectros políticos passaram a manifestar insatisfação com a gestão da deputada. Entre as principais críticas estão sua falta de flexibilidade na definição das pautas e a preferência por uma agenda considerada excessivamente ideológica. Isso teria resultado em constantes travamentos nas discussões e em uma condução vista por muitos como isolada.
Outro ponto de tensão mencionado é sua dificuldade em dialogar com lideranças partidárias para construir consensos mais amplos. Em um cenário político marcado pela pulverização partidária, essa postura gerou atritos, afastando possíveis aliados e criando um ambiente de incerteza quanto à tramitação de propostas relevantes.
A gestão de Caroline de Toni, que começou com promessa de mudanças, hoje enfrenta uma crescente resistência interna. A insatisfação acumulada abriu espaço para a construção de um novo perfil de presidência para a próxima sessão legislativa.
Nos bastidores, o nome do deputado Arthur Oliveira Maia (União Brasil/BA) ganhou força política nos últimos dias, por ser visto pelos seus pares como alguém que reúne os elementos considerados essenciais para liderar a CCJC em 2025: experiência política, musculatura partidária e habilidade de negociação.
Arthur Maia já presidiu a CCJC (em 2022) e exerceu um estilo descrito como pragmático e negociador. “Com ele, a CCJC andava. Tinha discussão, debates, mas a pauta andava” me disse alguém relevante no jogo em Brasília.
Nos bastidores, a construção de seu nome para CCJC vem sendo costurada vagarosamente por líderes de partidos do Centrão e até por membros de legendas oposicionistas que preferem um presidente mais aberto ao diálogo. Líderes do União Brasil, PSD e MDB, por exemplo, são peças-chave nessa articulação.
Além disso, grupos econômicos e empresariais com influência na Câmara também observam com atenção essa possível mudança. Para eles, a capacidade de Maia de construir consensos representa uma oportunidade de avançar propostas paradas na comissão.
A disputa pelo comando da CCJC vai muito além de uma simples sucessão interna. Quem assume a presidência da comissão mais poderosa da Câmara ganha uma posição estratégica para influenciar a agenda legislativa de 2025. Além disso, essa movimentação também tem sido vista como uma peça importante no próprio tabuleiro político que envolve a sucessão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL). Nomes como Rodrigo Pacheco, atual presidente do Senado, e Arthur Lira, atual presidente da Câmara, antes de chegarem aos seus postos atuais, foram testados e avaliados por seus pares como presidentes da CCJC.
Para muitos parlamentares, controlar a CCJC é como segurar o leme do Congresso. Projetos prioritários, reformas estruturais e até temas sensíveis para o governo só avançam se houver uma gestão politicamente alinhada. Por isso, as articulações em torno da presidência da CCJC devem ser acompanhadas com atenção. Elas não se limitam a um embate entre alguns deputados, mas são um prenúncio das grandes disputas que se desenharão na Câmara e no país.
Em Brasília, algumas semanas podem significar uma eternidade. Até fevereiro, quando as decisões serão de fato oficializadas, muita coisa pode mudar: negociações, traições e novas articulações fazem parte do jogo. Ainda assim, os ventos atuais parecem soprar a favor do retorno de Maia ao comando da comissão, consolidando-o como um nome para liderar a agenda legislativa que se aproxima.
No jogo de forças que se desenrola silenciosamente, cada movimento revela um pouco mais sobre quem pretende controlar não apenas a comissão, mas o destino legislativo do país.
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