No velho cangaço, bandos como o de Lampião chegavam até a entrada de cidades do sertão e enviavam bilhetes com chantagem financeira aos prefeitos e autoridades. Caso não entregassem dinheiro e alguns bens, teriam a sede dos municípios invadidos. O terror estaria instalado e o poder local cairia em decadência.
O governo Lula parece sob ataque da mesma estratégia dos bandoleiros, em versão moderna de um certo “novo cangaço”. Os agentes financeiros da Faria Lima mandam sinais e mensagens (via especulação no dólar) ao Palácio do Planalto. O objetivo é enfraquecer o lulismo para 2026, deixando o presidente longe das metas traçadas na campanha eleitoral de 2022 — a isenção de impostos para quem ganha até R$ 5 mil seria o melhor exemplo dessas promessas.
A turma de Arthur Lira adota algo semelhante com a chantagem política na Câmara dos Deputados: as emendas ou a vida.
A ganância é tamanha que fez o presidente da Câmara driblar a decisão do ministro Flávio Dino (STF) — no seu empenho legal contra a falta de transparência com a grana do orçamento — e adotar um esquema violento para capturar R$ 4,2 bilhões com a tática cangaceira. As emendas ou a derrota de Lula nas últimas votações importantes de 2024.
Embora tenha a sua imagem mais relacionada ao coronelismo sertanejo, incluindo a paixão pelas vaquejadas, Arthur sente-se em casa na área paulistana da Faria Lima, onde tem no banqueiro André Esteves, dono do Banco BTG Pactual, um dos principais interlocutores.
No ICL Notícias 2ª Edição, Eduardo Moreira tratou desse “modus operandi” chantagista do mercado financeiro: “Ninguém faz chantagem para matar o refém. Faz chantagem para negociar”, afirmou. “A turma da Faria Lima está esperando o telefone tocar, sabe que o governo agora está dizendo ‘ferrou’, sabe que se o dólar subir a R$ 6,50, a inflação vai subir, a população vai se voltar contra o governo. O governo perde popularidade. (…) Eles agora esperam o telefone tocar, com um sorrisinho na boca, e o governo dizer: ‘Tá bom, o que vocês querem? Preciso da sua ajuda’”.
Nada mais parecido com a velha tática do cangaço. Agora em versão moderníssima, urbana e com mídia própria — a maioria dos veículos que contam a história da economia brasileira pertence aos banqueiros.
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