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Xico Sá

Escritor e jornalista, faz parte da equipe de apresentadores do ICL Notícias. Com passagem por diversas redações e emissoras de tv, ganhou os prêmios Esso, Folha, Abril e Comunique-se. Participou de programas como Notícias MTV, Cartão Verde (Cultura), Redação Sportv, Papo de Segunda (GNT) e Amor & Sexo (Globo). É autor de Big Jato (Companhia das Letras) e A Falta (Planeta), entre outros livros. O colunista nasceu no Crato, na região do Cariri cearense, e iniciou sua trajetória profissional no Recife.

Ações de Lula e padre Júlio incomodam extrema direita anticristã

Lei proíbe "arquitetura da destruição"; plano do ministro Sílvio Almeida vai melhorar a vida de quem vive na rua
12/12/2023 | 05h21

Alvo preferencial dos ataques da extrema direita anticristã de São Paulo, o padre Júlio Lancelotti virou nome de lei federal que proíbe construções e armadilhas urbanas usadas para maltratar os pobres nas ruas do Brasil — um tipo de “arquitetura da destruição”, lembrando aqui o título de um filme documentário sobre o nazismo de Adolf Hitler.

O mesmo texto havia sido vetado pelo ex-presidente Bolsonaro. O veto foi derrubado pelo Congresso. Nesta segunda-feira (11/12), Lula regulamentou a lei, com a presença do líder religioso, em derrota dos políticos conservadores que combatem as ações solidárias e práticas cristãs de padre Júlio na paróquia de São Miguel Arcanjo, no bairro paulistano da Mooca.

O primeiro a atacar o padre foi Arthur do Val, ainda em 2020, quando era candidato à prefeitura de SP. Do time dos moralistas sem moral, o parlamentar foi cassado na Assembleia Legislativa por falta de decoro — assédio a mulheres em visita a áreas da guerra da Ucrânia.

Em plena campanha contra o pároco, o vereador Rubinho Nunes, “cidadão de bem” do mesmo MBL e do União Brasil, deseja enquadrar Júlio Lancelotti em uma CPI criada na Câmara Municipal de São Paulo. O bolsonarista trata o homem mais solidário da cidade como “cafetão da miséria”.

No momento em que o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revela um salto de 935,31% na população de rua nos últimos dez anos no país, o trabalho de acolhimento na paróquia da Mooca se torna cada vez mais necessário e exemplar. São pelo menos 227 mil brasileiros e brasileiras sobrevivendo nas calçadas e nos viadutos — em 2013 eram 21,9 mil pessoas.

Com o padre Júlio por testemunha, o presidente Lula anunciou o plano Ruas Visíveis. O ministro Sílvio Almeida (Direitos Humanos) vai coordenar ações com um investimento de quase R$ 1 bilhão para melhorar a vida dos desamparados. “Eu existo”, eis o mote da campanha repetido na tv por personagens do Brasil real que dormem ao relento.

No que me lembro de um pequeno poema, quase um haicai, de Giovani Baffô: “Em casa de menino de rua,/ o último a dormir apaga a lua”.

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