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Advogados de policial federal que iria ‘matar meio mundo’ abandonam caso

Wladimir Matos Soares, policial federal acusado de tramar golpe de Estado, está sem defesa após renúncia de advogados por "foro íntimo"
05/06/2025 | 05h01
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Por Cleber Lourenço

Os advogados de Wladimir Matos Soares, policial federal preso preventivamente e denunciado por participação na tentativa de golpe de Estado de 2022, renunciaram à sua representação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão foi formalizada em 2 de junho de 2025, por meio de petição assinada por Ramón Mas Gomez Junior e Luiz Carlos Magalhães. No documento, os defensores alegam “motivo de foro íntimo” para deixarem a causa e solicitaram a exclusão de seus nomes das futuras publicações processuais, deixando claro que não se responsabilizariam por atos subsequentes da defesa técnica do acusado.

A renúncia ocorre em um dos casos mais emblemáticos relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro. Wladimir Matos Soares ficou conhecido por áudios obtidos pela Polícia Federal em que falava abertamente sobre intenções violentas, incluindo frases como “a gente ia matar meio mundo de gente” e “tinha que cortar a cabeça do Alexandre de Moraes”, em referência direta ao ministro do STF responsável pelo julgamento dos acusados da tentativa de golpe.

O despacho que confirma a renúncia foi assinado pelo ministro Alexandre de Moraes em 3 de junho. O relator determinou a intimação de Wladimir para que, no prazo de dez dias, regularize sua representação processual, sob pena de ter defensor dativo ou da Defensoria Pública designado. A decisão também foi comunicada à Procuradoria-Geral da República e publicada oficialmente no sistema eletrônico do Supremo.

Policial

Policial foi denunciado pela PGR

Wladimir Soares, de 53 anos, natural de Salvador (BA), foi denunciado pela PGR por múltiplos crimes: tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado contra o patrimônio da União, deterioração de patrimônio tombado e participação em organização criminosa armada. A denúncia, incluída na Petição 12.100/DF, foi aceita integralmente pela Primeira Turma do STF em sessão presencial realizada em 20 de maio de 2025, consolidando o policial como um dos réus do chamado “núcleo executor” da ofensiva golpista.

As investigações apontam que o agente usava seu cargo na Polícia Federal para acessar informações sensíveis, como rotas da segurança presidencial e vulnerabilidades da estrutura de proteção do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a Polícia Federal, Wladimir se autointitulava integrante de uma “equipe de operações especiais” que estaria disposta a atuar com armamento pesado para impedir a posse do novo governo. As declarações e planos discutidos nos áudios integram as provas colhidas pela PGR para embasar a denúncia.

A situação processual de Wladimir agora depende da constituição de nova defesa. Sem ela, não será possível dar andamento a fases como a apresentação de resposta à acusação ou a participação em audiências. A nomeação de defensor público, caso necessária, também pode comprometer a estratégia da defesa e dificultar o acesso a recursos técnicos especializados.

A renúncia dos advogados ocorre em um momento delicado do processo, logo após o recebimento da denúncia e às vésperas do início das instruções processuais. O movimento é visto como um revés para a defesa, já que a substituição de representantes pode gerar atrasos e complicações estratégicas. Até o momento, não há indicação de novo defensor habilitado nos autos.

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