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Silvio Almeida afirma que ele e Anielle Franco foram vítimas de ‘intriga’, diz site

Ex-ministro dos Direitos Humanos vai prestar depoimento à PF amanhã no inquérito que apura acusação de assédio sexual
24/02/2025 | 09h13
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O ex-ministro de Direitos Humanos e Cidadania Silvio Almeida nega todas as acusações de assédio sexual feitas pela ministra da Igualdade Racial Anielle Franco e diz que ambos foram vítimas de “gente especialista em criar intriga e vazar para a imprensa”. Em entrevista exclusiva a Adriana Negreiros ao site UOL, cinco meses depois da demissão, Almeida afirma: “Tanto eu quanto Anielle Franco fomos enredados nessa imundície.”

Apesar da demissão e da abertura do inquérito para apuração das denúncias, Silvio Almeida não se diz decepcionado com o presidente Lula. Para o ex-ministro, Lula “foi levado a uma situação incontornável. Não tinha alternativa.”

Silvio Almeida presta depoimento para a Polícia Federal no inquérito que apura denúncias contra ele de assédio sexual na terça-feira (25). A oitiva será por videoconferência e uma delegada de Brasília vai colher as informações.

Este será o primeiro depoimento de Silvio Almeida no caso, desde a demissão em setembro de 2024. Mais de dez denunciantes já foram ouvidas — entre elas, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Na semana passada, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou, por mais 60 dias, o inquérito para que a PF finalize a apuração.

Acusado pela ministra da Igualdade Racial Anielle Franco de assédio, Silvio Almeida presta depoimento à PF na terça-feira (25) (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

Em relação à Anielle Franco, Almeida nega afirmação da ministra de que a importunação teria começado na transição de governo, ainda em 2022. “Não convivemos durante a transição. (…) Não tenho lembrança de ter me encontrado com ela durante os trabalhos. Se aconteceu, foi um encontro rápido nos corredores, ou na saída do Centro Cultural Banco do Brasil, sede da transição, e eu estava com assessores.”

Também nega que teria assediado Anielle em uma reunião em que estavam com o presidente da Anac da Anac [Agência Nacional de Aviação Civil] e o diretor-geral da Polícia Federal sobre casos de racismo nos aeroportos. De acordo com Almeida, teria sido Anielle quem teria sido “extremamente deselegante”.

“Comecei a dar opiniões e, em determinado momento, ela pega meu braço e fala mais ou menos assim: ‘Em todo lugar você quer dar aula. Aqui não é lugar de dar aula’. Eu me calei. Tinha outro compromisso e saí da reunião. Minha secretária executiva acompanhou o restante. (…) Ela fingia ter comigo uma intimidade que nunca teve, falando comigo daquele jeito”, afirmou Almeida.

Na entrevista, Almeida também nega denúncias de ex-alunas que surgiram depois da denúncia de Anielle, como de Isabel Rodrigues, que disse ter sido assediada depois de uma prova. “Fiquei surpreso, porque fomos amigos durante anos. (…) De repente, ela aparece candidata [Isabel foi candidata a vereadora em Santo André], se declarando a 15ª vítima, sendo que sequer se sabia qual o número das supostas vítimas”.

Quando perguntado sobre o porquê de as mulheres mentirem sobre assédio, Almeida afirma: “Não tenho como estar na cabeça delas. O que posso dizer é que não fiz isso. Não sei por que as pessoas mentem. E quem mente tem responsabilidade.”

De acordo com Almeida, ele soube das acusações de assédio por parte de Anielle em setembro de 2023, mas não teria ligado: “Não liguei para esse boato, nem para o boato de que eu ia ser ministro do STF, senador por São Paulo. Na época, achei que fiz certo. Esqueci que boato se torna arma política. E como é que se publica uma fofoca dessas? Porque apareceu um elemento que a legitimou, o Me Too”.

Me Too legitimou ‘fofoca, diz Almeida

À época das denúncias, a ONG Me Too Brasil informou ter recebido outras denúncias de assédio sexual contra o ministro. Em uma das suas poucas manifestações públicas sobre o caso, Silvio Almeida escreveu em uma rede social que ONGs “suspeitíssimas” estariam pressionando o governo.

Questionado se seria uma referência ao Me Too Brasil, Almeida respondeu: “Supostas denúncias contra mim foram levadas diretamente para um jornalista. Isso viola o dever de proteção de dados e de sigilo. Coloca em risco a vida das mulheres que tiveram a coragem de procurar essas entidades e a de pessoas que podem ser inocentes.”

Quando as denúncias vieram a público, Almeida chegou a dizer que teria havido interferência do Me Too Brasil para aprovação de uma licitação do Ministério dos Direitor Humanos e Cidadania. Almeida reafirma essa versão.

“No dia em que os fatos estouraram, me disseram que havia alguma relação do Me Too com o ministério. Procurei saber qual era o envolvimento. Documentos mostraram que havia uma tentativa de relação. Mandamos investigar. Mas quem vai decidir sobre isso é a Justiça”.

Declara-se, por fim, “indignado”. “E estuprador? Nenhuma das supostas denúncias fala a respeito disso. Isso é coisa de gente má, perversa, canalha. Foi uma experiência de muito sofrimento. Primeiro vem a tristeza, depois a indignação. Estou indignado. Todas as pessoas que estão se referindo a mim desse jeito vão ser responsabilizadas.”

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