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Alta da inflação corrói saques do FGTS e não estimula economia

Para especialista, decisão do governo é bastante controversa porque o próprio sistema financeiro vai se apropriar de boa parte dos recursos
14/04/2022 | 17h00

O pacote eleitoreiro do governo Bolsonaro anunciado no mês passado para tentar aquecer a economia do país usando principalmente recursos do FGTS não surtirá qualquer efeito devido à alta da inflação que tem corroído a renda dos brasileiros. A avaliação foi feita pelo supervisor do escritório do Dieese em São Paulo, Victor Pagani, em entrevista à Rádio Brasil Atual. O especialista destaca que, na prática, a decisão é bastante controversa porque o próprio sistema financeiro vai se apropriar de boa parte dos recursos que foram disponibilizados.

Com o objetivo de injetar R$ 150 milhões no mercado até o final do ano, o Ministério do Trabalho e Previdência, por meio do Programa de Renda e Oportunidade, autorizou algumas medidas como, por exemplo, o saque de até R$ 1.000,00 na conta do FGTS do trabalhador e a antecipação do pagamento do 13º salário do INSS.

No caso do saque do FGTS, Pagani explica que a medida, além de não injetar dinheiro na economia, vai gerar um problema ainda maior porque o governo está descapitalizando um fundo que foi criado com o objetivo de proteger o trabalhador. “O governo Bolsonaro está desmontando a política do FGTS. Esse recurso serve para o trabalhador utilizar em um momento de fragilidade, quando fica desempregado ou é acometido por doenças graves. O saldo pode ainda ser empregado na aquisição da casa própria, mas não pode ser desvirtuado dessa forma”, disse.

Dados do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) revelam que 79% das contas dos trabalhadores têm saldo médio de R$ 175. Portanto, não ultrapassam a um salário mínimo. Vitor Pagani ressalta que o valor não dá para comprar nem meia cesta básica. “O preço dos alimentos está elevado no país. Quem tem saldo, vai sacar o recurso, pode até trazer um alívio nas contas, mas não resolverá o problema”.

Para o representante do Dieese, esses recursos teriam um efeito multiplicador se chegassem ao trabalhador em forma de investimento em infraestrutura, saneamento ou moradias. “Isso sim geraria empregos, renda e, consequentemente, haveria um estimulo muito maior a economia”.

Redação ICL Economia
Com informações da Rádio Brasil Atual

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