O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu durante encontro de ministros de Finanças no âmbito do G20, na semana passada, em São Paulo, que os países de todo o mundo se unam para taxar os super-ricos, como forma de combater as desigualdades econômicas e sociais.
Para o economista, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e comentarista de economia do ICL (Instituto Conhecimento Liberta) André Roncaglia, há uma coerência entre o discurso de Haddad no âmbito do fórum que reúne as 20 maiores economias do mundo e a “agenda que ele vem tocando em casa”. Ele foi o entrevistado da edição de ontem (4) do programa ICL Em Detalhes, transmitido no YouTube diariamente.
“O governo Lula e o ministro Fernando Haddad, em especial, vêm fazendo esse esforço para tributar os super-ricos, por meio dos fundos exclusivos, que tinham no cenário brasileiro o privilégio de não serem tributados. Então esse avanço nessa agenda, que já gerou, só em janeiro, uma receita de R$ 4 bilhões a partir da tributação desses fundos, acho que já é indicativo da coerência entre a agenda internacional que o ministro Haddad levou para o G20 e a agenda que ele vem tocando em casa”, comparou.
Roncaglia evocou o um estudo da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, o qual mostra que o 0,1% mais rico da sociedade brasileira, o que dá cerca de 200 mil pessoas, “paga apenas 1,76% de alíquota efetiva sobre a sua renda. Quase a totalidade da renda delas não é nada tributada”.
“É preciso avançar numa redefinição de como a gente tributa os ricos para tributar melhor o patrimônio, para tributar melhor a fortuna. Vou tomar como média valores maiores que R$ 20 milhões. As heranças e doações, segundo os estudos internacionais, chegam a representar 60% da riqueza dos mais ricos, ou seja, é transmissão, não é patrimônio que a pessoa construiu. Então, essa riqueza precisa girar e não ficar só rendendo lá no mercado financeiro”, defendeu.
Na segunda parte da proposta de reforma tributária que será encaminhada ao Congresso ainda este ano, Roncaglia defendeu que a questão da tributação de renda e patrimônio seja aprimorada, migrando de um regime que tribute menos a folha de pagamento e as empresas, deslocando essa tributação para a renda pessoal.
“Hoje, a maior faixa de tributação sobre a renda que temos é 27,5%. Comparativamente com a OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico], há países nos quais essa tributação é de 60 a 70% para as faixas mais altas. Ou seja, comparativamente, a gente tributa muito pouco”, observou.
Assista à entrevista completa com o economista André Roncaglia no vídeo abaixo:
Redação ICL Economia
Com informações do ICL Em Detalhes
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