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Existe, de fato, uma disputa de poder dentro da Petrobras que coloca em lados opostos o presidente da petroleira, Jean Paul Prates, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. O imbróglio, que ganhou força com a suspensão do pagamento de dividendos extraordinários da estatal a seus acionistas, acabou parando na mesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que decidiu baixar a temperatura da crise.

Para o economista André Roncaglia, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e comentarista de economia do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), a crise tem como pano de fundo a dificuldade que Jean Paul Prates está tendo de entregar os investimentos que ele vem prometendo, principalmente na área de transição energética.

“É preciso lembrar que a Lava Jato [Operação Lava Jato] pegou justamente essa expansão da capacidade produtiva. [Após a operação] ela [a Petrobras] privatizou parte importante de sua estrutura. Resgatar essa capacidade de inovação e investimento que a companhia perdeu é um grande desafio, pois precisamos lembrar que ela foi desmontada nos seis anos dos governos Temer [Michel Temer – 2016/2018] e Bolsonaro [Jair Bolsonaro – 2019-2022]”, disse o economista, durante participação na edição de sexta-feira (12) no Em Detalhes, programa diário transmitido pelo canal do ICL (Instituto Conhecimento Liberta) no YouTube).

Na avaliação de Roncaglia, existem dois pontos centrais no problema que envolve a petroleira: primeiro, a demora de Prates para entregar os investimentos que ele prometeu desde que assumiu a companhia; o segundo diz respeito ao plano que o governo tem para a Petrobras no contexto do Novo PAC (Plano de Aceleração do Crescimento).

Segundo o economista, no primeiro caso, de fato houve pouco avanço na questão da transição energética, “na qual a petrobras desempenha papel fundamental”. “Há uma certa frustração com a entrega disso e eu não acho que isso seja totalmente culpa dele [Prates], mas certamente é algo que está gerando frustração [no governo]”, disse Roncaglia.

No segundo caso, ele aponta que “a Petrobras tem um pouco mais de espaço de manobra para tentar compensar os investimentos que o governo não está conseguindo fazer por causa do marco fiscal [arcabouço fiscal, regra que limita o aumento de gastos do governo]. Então, quando Prates pressiona no sentido de distribuir dividendos, tem-se a impressão, tanto da parte do Lula quanto do Alexandre Silveira, de que a Petrobras fica mais desfalcada para tocar esses investimentos”, disse. “Mas acho que, até aqui, houve uma certa incompreensão sobre a regra fiscal, porque, só em 2024, existe a possibilidade de os lucros distribuídos pela Petrobras, que são receitas não recorrentes, ou seja, elas não ocorrem todo ano de maneira fixa, podem ser usadas para ampliar os gastos do governo”, apontou Roncaglia.

 

Veja a entrevista completa de André Roncaglia no vídeo abaixo:

Da Redação ICL Economia
Com informações do ICL Em Detalhes

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