ICL Notícias
Juliana Dal Piva

Formada pela UFSC com mestrado no CPDOC da FGV-Rio. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL. É apresentadora do podcast "A vida secreta do Jair" e autora do livro "O negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro", da editora Zahar, finalista do prêmio Jabuti de 2023.

Após ICL revelar caso, corpo de paciente do hospital de Canoas (RS) é localizado

OS que administra hospital afirma que comunicou parentes sobre a morte, mas família nega
18/05/2024 | 11h08

Por Igor Mello

O corpo do paciente Fábio Eduardo Viécili Fay, de 55 anos, foi encontrado após a coluna revelar o drama de sua família, que buscava notícias sobre ele desde a evacuação do Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC), que foi tomado pela inundação a partir de 4 de maio.

Diante do caos provocado pelo adiamento da transferência dos pacientes, ao menos dois pacientes morreram.

Profissionais do hospital contaram à família de Fay que ele não pode ser salvo e foi abandonado na unidade de saúde. Os parentes do operário também foram informados que o corpo foi identificado após exame de DNA. Fábio Eduardo Viécili Fay deve ser cremado neste domingo, duas semanas depois de sua morte.

A versão do hospital para o episódio é oposta, mas possui diversas lacunas. Apenas dois dias após a ser procurado pela coluna para saber informações sobre Viécili Fay, a OS IAHCS, responsável pela administração do HPSC, enviou uma nota negando que o paciente tinha morrido em função da inundação e afirmando que a família havia sido informada de seu falecimento ainda no dia 4.

Hospital e família divergem sobre morte de paciente

Na nota, o hospital diz: “O paciente Fábio Eduardo Fay faleceu no sábado (04), devido a gravidade do seu caso que já era crítico e não pela enchente. A notícia do falecimento do paciente em questão foi informada para familiares (mãe e esposa) pela equipe de psicologia, assistente social e médica do corpo clínico”.

A família nega essa informação e diz que passou duas semanas procurando informações sobre o paciente em diversos locais.

Na nota, o hospital diz ainda: “Como parte dos procedimentos padrões de segurança do paciente e conforme práticas internacionais, o paciente estava identificado com uma pulseira contendo seu nome, data de nascimento e nome da mãe. Esta medida facilitou sua identificação imediata na entrega do corpo para as operações de resgate”.

Questionada pela coluna, o IACHS afirmou que esse contato foi feito por telefone no dia 4 de maio, quando houve a evacuação da unidade de saúde.

Contudo, a família nega veementemente essa informação. Tia do paciente, Maria Cristalina Viécili, que acompanhou a mãe dele em toda a busca por notícias, reafirma que não houve contato para informar o que havia acontecido com Viécili Fay.

Só após a publicação da reportagem os familiares foram procurados ontem (17) com o resultado de um exame de DNA que identificou o corpo.

“A família não recebeu nenhum aviso de que ele tinha falecido. A mãe e a esposa foram ao hospital [da Ulbra] para visitá-lo. O corpo não estava no Hospital da Ulbra, para onde  tinham informado que ele tinha sido transferido. Não foi avisado para a família. Os parentes só descobriram porque procuraram [o paradeiro de Viécili Fay]. Só ficamos sabendo onde ele estava hoje (17), quando avisaram por telefone que descobriram pelo DNA que ele estava aqui”, diz uma parente em áudio enviado à coluna.

 

Deixe um comentário

Mais Lidas

Assine nossa newsletter
Receba nossos informativos diretamente em seu e-mail