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Área do Gasômetro, onde Flamengo quer construir estádio, não foi descontaminada

Procedimentos para a descontaminação do terreno, iniciados em 2004, não foram atestados como concluídos
03/07/2024 | 14h13

Por Berenice Seara — Tempo Real RJ

A Caixa Econômica Federal (CEF) não é o único entrave a ser vencido pela Prefeitura do Rio para destinar o terreno do Gasômetro à construção do estádio do Flamengo. De 1865 a 2005, a área foi ocupada por equipamentos para armazenagem e distribuição de gás, altamente poluentes. Procedimentos para a descontaminação do terreno, iniciados em 2004, não foram atestados como concluídos.

O tratamento da área não inviabiliza o projeto, mas pode aumentar o custo de implantação. E ainda fazer com que o licenciamento ambiental seja considerado sensível — e demorado.

Em 1895, o gás era produzido a partir da queima de carvão mineral. Em 1911, o Gasômetro do Rio tinha a capacidade de fornecer 180 mil metros cúbicos de gás por dia, e era considerado o maior do mundo.

Na década de 1960, o modo de produção do gás sofreu alterações, passando a ser utilizado como matéria-prima principal a nafta, um composto. Somente a partir da década de 1980, passou-se a usar o gás natural, recorrendo-se à nafta semente quando necessário.

Gasômetro tinha, em 1997, oito áreas perigosas

Nos processos do Inea não consta que a área encontra-se apta para mudança de uso e ocupação do solo. Foto: Reprodução

Em sua dissertação de mestrado “Contaminação de áreas portuárias — um estudo de caso no porto do Rio de Janeiro”, que apresentou em 2015 ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana e Ambiental da PUC-Rio, Mariana Velasco Gomes de Almeida relata que em 1997 foram feitos os primeiros estudos geoambientais na área.

Foram encontrados oito trechos considerados perigosos, onde havia rupturas no gasômetro e nos gasodutos, fissuras nas tubulações e rupturas do lavador do gás manufaturado e no tanque de nafta, podendo contaminar tanto o solo quanto a água subterrânea do local.

Em 2002, foram feitos novos estudos que detectaram no terreno produtos químicos acima dos valores aceitáveis, como benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos; hidrocarbonetos; chumbo, cobre, níquel, arsênio, mercúrio e cianeto.

Diante desse diagnóstico, em 2004 foram implementados projetos de remediação ambiental e chegou a ser construída uma barreira hidráulica para conter a movimentação dos contaminantes.

Mariana Almeida conta que o plano de remediação seguiu até meados de 2011, e que, na ocasião, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) diagnosticou o espaço como Área Contaminada sob Investigação (ACI). Em 2012, o terreno passou à Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (CDURP).

Um ano depois, foi apresentado outro plano de remediação, que não foi implementado. Nos processos do Inea, não consta que a área encontra-se apta para mudança de uso e ocupação do solo.

 

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