O pastor Silas Malafaia publicou uma nota em que afirma que o dinheiro para pagar a estrutura do evento pró-Bolsonaro, na Avenida Paulista, no dia 25 de fevereiro, sairá de seu bolso.
“Até agora nada foi pago. Nem a Assembleia de Deus Vitória em Cristo ou a Associação Vitória em Cristo vão pagar coisa nenhuma. Mesmo a associação, que no seu estatuto prevê que ela pode bancar manifestações públicas, não pagará um centavo. A responsabilidade é minha e pessoal”, postou Malafaia.
O próprio Malafaia havia dito que o dinheiro viria da Associação Vitória em Cristo, mantida por doações de fiéis da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, também liderada pelo pastor, conhecido por ser um disseminador contumaz de mentiras bolsonaristas e de ataques a políticos e magistrados. Ele também disse, na mesma ocasião, que “haverá apenas o trio elétrico Demolidor, alugado pela associação”.
“No nosso estatuto prevê que essa entidade pode fazer manifestações públicas. Os recursos são exclusivos da Associação Vitória em Cristo. Nós estamos amparados legalmente para fazer esse tipo de manifestação. Não temos recurso públicos”, afirmou Malafaia ao site Metrópoles.
No entanto, na medida em que é beneficiária de anistia tributária, a associação usa recursos financeiros que deveriam ir para os cofres públicos, mas não vão, sob a justificativa de que a entidade faz atividades religiosas e assistenciais. A iniciativa de Malafaia foi alvo de críticas de outras lideranças evangélicas. O pastor pentecostal Eliel Batista não usou meias-palavras.
“Na minha opinião, trata-se de uma união perfeita entre um falso messias e um falso profeta, que se alinham também na postura antidemocrática. Um ex-presidente, sobre o qual pesam diversas acusações de atos antidemocráticos, ter como apoiador de uma manifestação um pastor que, de acordo com a imprensa, é devedor de milhões em impostos não me surpreende, até porque tem um vídeo do ex-presidente circulando na internet em que ele afirma que sonega impostos sempre que pode”, diz Eliel. “O pior de tudo é fazer em nome de Deus”.
A pastora luterana Lusmarina Campos Garcia também condenou a postura de Malafaia.
“O financiamento pela Associação Vitória em Cristo das manifestações convocadas por Bolsonaro para o 25 de fevereiro coloca em reiterada evidência o compromisso de Malafaia e a organização que dirige com a pauta antidemocrática e golpista”, diz ela. “O empenho desse setor das igrejas evangélicas com um projeto de Estado autoritário e sociedade desigual carece de tratamento judicial”.
LIRA NÃO DISSE SE VAI
Na lista de aliados políticos de Bolsonaro, há nomes de peso que ainda não confirmaram a ida ao ato na avenida Paulista. O principal deles é o do deputado Arthur Lira (PP–AL). Procurado pelo jornal Folha de São Paulo para dizer se compareceria, ele não respondeu.
Também são dúvidas o prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB), o senador Sergio Moro (União Brasil–PR) e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) e os governadores Cláudio Castro (PL–RJ), Mauro Mendes (União Brasil–MT), Marcos Rocha (União–RO), Ratinho Junior (PSD–PR), Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União–GO) e Wilson Lima (União Brasil–PA).
PRESENTE NA TV
Conforme apurou o site Metrópoles, a Avec foi fundada em 1982, no Rio de Janeiro e promove cursos de formação religiosa e mantém trabalhos sociais. Há 40 anos, a entidade está presente na TV, com o programa “Vitória em Cristo”, comandado pelo próprio Silas Malafaia.
Os cursos promovidos pela Avec custam entre R$ 40 e R$ 60 e são oferecidos no próprio site da entidade. Na página da instituição também é possível enviar doações — as opções variam entre R$ 30 e R$ 1 mil, mas há ainda uma opção para outros valores.
ATO
A convocação para o ato se dá em meio às investigações da Polícia Federal sobre um plano de golpe de Estado pelo qual Jair Bolsonaro, ex-ministros e assessores são investigados.
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