A ata do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgada hoje (terça,21) afirma que a taxa de juros (Selic) precisará permanecer mais alta por mais tempo para combater a elevação dos preços e que a inflação não deve convergir para o centro da meta em 2023, apesar da extensão do ciclo de alta de juros. Na semana passada, o Copom elevou a Selic em 0,50 ponto porcentual, de 12,75% para 13,25% ao ano.
“Dada a persistência dos choques recentes, a ata do Copom avaliou que somente a perspectiva de manutenção da taxa básica de juros por um período suficientemente longo não asseguraria, neste momento, a convergência da inflação para o redor da meta no horizonte relevante (…) A ata do Copom optou então, por sinalizar um novo ajuste de igual ou menor magnitude”, diz a ata.
A meta de inflação do Banco Central para 2023 é de 3,25%, com uma margem de 1,5 ponto percentual (ou seja, ela será cumprida se ficar entre 1,75% e 4,75%), e a autoridade monetária fala agora em “trazer a inflação projetada em 4,0% para o redor da meta no horizonte relevante”.
Atualmente, o Banco Central projeta com a ata do Copom uma taxa de juros de 13,25% ao ano no fim de 2022, 10,0% em 2023 e 7,50% em 2024. Dentro dessas condições, a inflação terminaria os respectivos anos em 8,8%, 4,0% e 2,7%, respectivamente.
A ata do Copom pondera que a dose de juros implícita no tamanho do ciclo de alta e o prolongamento do aperto monetário previstos pelo mercado no cenário de referência seriam insuficientes para cumprir a meta de inflação no horizonte relevante de política monetária. Assim, de acordo com a ata, a estratégia foi considerada a mais adequada para garantir a convergência da inflação ao longo do horizonte relevante, assim como a ancoragem das expectativas de prazos mais longos, ao mesmo tempo que reflete o aperto monetário já empreendido, reforça a postura de cautela da política monetária e ressalta a incerteza do cenário.
A conclusão da ata do Copom foi que uma nova alta de 0,5 ponto percentual, de 12,75% ao ano para 13,25% ao ano, era apropriada “frente a um ambiente de elevada incerteza e o estágio significativamente contracionista da política monetária, que, considerando suas defasagens, deve impactar a economia mais fortemente a partir do segundo semestre deste ano”.
Cenário do câmbio é projetado na ata do Copom
O documento do Copom também projeta o câmbio a US$ 1 = R$ 4,902 e o barril de petróleo a US$110 no fim deste ano, além de bandeira tarifária amarela nas contas de luz em dezembro de 2022, de 2023 e de 2024. No entanto, essas projeções não incorporam o impacto dos projetos que estão sendo votados no Congresso para reduzir os preços dos combustíveis, da energia elétrica e das telecomunicações (PLP 18/2022 e PEC dos combustíveis).
“Avaliou-se que as medidas tributárias em tramitação reduzem sensivelmente a inflação no ano corrente, embora elevem, em menor magnitude, a inflação no horizonte relevante de política monetária”, informou o Copom, que citou também como riscos de alta o cenário da incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país, parcialmente incorporadas nas expectativas inflacionárias e nos preços de ativos.
O documento destacou, ainda, a persistência das pressões inflacionárias globais como um risco de alta, ressaltando que os efeitos da guerra na Ucrânia e dos lockdowns na China “podem ter consequências de longo prazo e se traduzir em pressões inflacionárias mais prolongadas na produção global de bens”. “O ambiente externo seguiu se deteriorando, marcado por revisões negativas para o crescimento global” diz a ata, que ressalta também que a degradação do cenário internacional com altas nas taxas de juros maiores em todo o mundo pode levar a uma desaceleração da economia global.
Redação ICL Economia
Com informações das agências
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