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Economia circular na prática: o que é, como funciona e por que é importante

Saiba mais sobre a principal ferramenta para o desenvolvimento sustentável e como aplicá-la no dia a dia
07/04/2025 | 12h50
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Vivemos em um mundo cada vez mais pressionado pelos limites ambientais, sociais e econômicos. A necessidade de repensar nossos modos de produção e consumo nunca foi tão urgente.

A economia circular surge como uma alternativa promissora, não apenas para preservar recursos naturais, mas também para fomentar inovação, gerar empregos e criar uma sociedade mais justa e resiliente.

Entenda como surgiu, o que é economia circular e descubra exemplos importantes para incentivar uma sociedade mais sustentável.

O que é economia circular?

A economia circular é um modelo econômico baseado em ciclos contínuos de uso, reutilização, remanufatura e reciclagem de materiais e produtos. Ao contrário da lógica tradicional da economia linear – que segue a sequência “extrair, produzir, descartar” -, a economia circular propõe a eliminação do conceito de “lixo” e considera o que outros chamariam de “resíduos” como “recursos em potencial”.

Esse modelo busca dissociar o crescimento econômico do consumo desenfreado de recursos naturais. Ou seja, a economia circular é uma solução razoável e contrária à ideia de que o desenvolvimento precisa vir necessariamente acompanhado de degradação ambiental.

Na prática, isso significa projetar produtos com maior durabilidade, promover o compartilhamento de bens, reaproveitar componentes, evitar o aquecimento global e utilizar fontes renováveis de energia.

Num mundo perfeito, adotar esse pensamento significaria resolver problemas urgentes como o esgotamento de matérias-primas, a poluição e as mudanças climáticas com soluções reais e factíveis.

A economia circular propõe repensar a produção e comercialização para usar e recuperar melhor os recursos finitos. Imagem: CEUPE

A economia circular propõe repensar a produção e comercialização para usar e recuperar melhor os recursos finitos. Imagem: CEUPE

Como a economia circular surgiu?

A ideia de o que é economia circular ganhou forma na década de 1980 com os economistas britânicos David W. Pearce e R. Kerry Turner, que começaram a questionar os limites da economia tradicional em relação ao meio ambiente. Eles foram os primeiros a propor a separação entre o crescimento econômico e o uso intensivo de recursos naturais, abrindo espaço para uma nova forma de viver a vida.

Com o tempo, o conceito foi sendo desenvolvido por pensadores como Walter Stahel, Ellen MacArthur e Michael Braungart. Porém, a economia circular só passou a ser aplicada por empresas, governos e instituições ao redor do mundo após o crescimento da agenda ambiental global, a partir dos anos 2000.

Hoje, ela é tão relevante que é considerada uma das estratégias centrais para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

David W. Pearce,  R. Kerry Turner e Ian Bateman escreveram o livro “Environmental Economics” que fornece a base teórica, enquanto a teoria da Economia Circular é uma das aplicações práticas dessas ideias no mundo real. Imagem: reprodução

David W. Pearce,  R. Kerry Turner e Ian Bateman escreveram o livro “Environmental Economics” que fornece a base teórica, enquanto a teoria da Economia Circular é uma das aplicações práticas dessas ideias no mundo real. Imagem: reprodução

Diferença entre economia circular e economia linear

Para entender a importância da economia circular, é essencial compará-la com o modelo linear, predominante desde a Revolução Industrial e que opera a partir de uma lógica simples: extrair recursos naturais, transformar em produtos, consumir e descartar.

Esse modelo foi eficiente para impulsionar o crescimento econômico nos últimos séculos, mas teve um alto custo para a humanidade, uma vez que se baseou na degradação ambiental, esgotamento de matérias-primas, poluição e aumento da desigualdade social.

A economia circular, por outro lado, propõe um ciclo mais inteligente e sustentável:

  • Design regenerativo: produtos são pensados desde o início para ter longa vida útil, facilidade de conserto e desmontagem.
  • Reutilização e remanufatura: componentes e materiais são recuperados e reintegrados ao ciclo produtivo.
  • Uso de energia renovável: a matriz energética é limpa e descentralizada.
    Valorização de resíduos: o que antes era lixo agora é insumo para novos processos.

Exemplos de economia circular

Do ponto de vista econômico e social, a economia circular pode gerar novos empregos em cadeias como reciclagem, logística reversa e tecnologia verde, além de reduzir custos de produção a longo prazo.

Socialmente, esse modelo também pode contribuir para a inclusão de populações em vulnerabilidade, ao integrar cooperativas de catadores e pequenas empresas a cadeias produtivas sustentáveis.

Um exemplo de economia circular é o reaproveitamento de garrafas PET para a fabricação de roupas esportivas. Empresas de moda coletam essas garrafas descartadas, trituram o material e o transformam em fios de poliéster reciclado. De acordo com a SustentaPET, empresa especializada na reciclagem desse tipo de resíduo, são necessárias duas garrafas PET para fabricar uma camiseta.

Esse processo reduz o uso de matéria-prima virgem, diminui a quantidade de resíduos plásticos no meio ambiente e ainda estimula o consumo consciente e a reciclagem. Na economia linear, essas garrafas provavelmente seriam descartadas após o uso, acumulando-se em aterros ou poluindo o meio ambiente.

Garrafas PET recicladas podem dar origem a novos materiais, como roupas. Imagem: reprodução

Garrafas PET recicladas podem dar origem a novos materiais, como roupas. Imagem: reprodução

Qual a importância do desenvolvimento sustentável?

O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de suprirem as suas. Ele se baseia em três pilares interdependentes: ambiental, econômico e social.

A importância desse conceito está justamente na tentativa de reequilibrar o modo como interagimos com o planeta. O atual modelo de crescimento, baseado na exploração contínua e muitas vezes irresponsável dos recursos naturais, está levando o mundo a um colapso ambiental e social.

A intensificação das mudanças climáticas, o desaparecimento de espécies, a contaminação dos oceanos e o aumento da desigualdade são sintomas de um sistema que precisa ser reavaliado.

É nesse cenário que a economia circular se encaixa como uma ferramenta para operacionalizar o desenvolvimento sustentável. Ela oferece meios concretos para diminuir a pressão sobre os recursos naturais, estimular inovação e melhorar a qualidade de vida da população.

Como a economia circular atua na prática?

Apesar de parecer um conceito teórico, a economia circular já é realidade em diversos setores e países. Empresas e governos estão cada vez mais adotando práticas circulares para reduzir custos, atender exigências ambientais e ganhar competitividade.

Exemplos no Brasil:

  • Embalagens retornáveis: grandes redes de supermercados e indústrias de bebidas têm investido em sistemas de logística reversa para recolher embalagens e reintroduzi-las em suas cadeias de produção.
  • Indústria têxtil: marcas de roupas sustentáveis utilizam resíduos de produção e materiais reciclados como base para novos produtos.
  • Construção civil: iniciativas como a do Instituto Pindorama incentivam o uso de materiais naturais e recicláveis em construções sustentáveis.

Exemplos internacionais:

  • Holanda: a cidade de Amsterdã estabeleceu uma meta ambiciosa de se tornar 100% circular até 2050, com políticas para reuso de materiais, design inteligente e incentivo à economia compartilhada.
  • Suécia: empresas como a IKEA estão investindo em modelos de negócios baseados em aluguel de móveis e reaproveitamento de materiais.
  • Japão: a cidade de Kamikatsu é um case mundial de economia circular, com mais de 80% de reciclagem e uma política de “lixo zero”.
Uma curiosidade sobre Kamikatsu, no Japão, é que os moradores precisam separar o lixo em mais de 45 categorias diferentes antes de descartá-lo. Imagem: reprodução

Uma curiosidade sobre Kamikatsu, no Japão, é que os moradores precisam separar o lixo em mais de 45 categorias diferentes antes de descartá-lo. Imagem: reprodução

Quais são as políticas públicas que incentivam a economia circular no Brasil?

O Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer, mas já existem políticas e iniciativas que apontam para uma transição gradual rumo a esse novo modelo econômico. Veja aqui:

  • Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS): estabelecida em 2010, determina a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos e prevê a logística reversa.
  • Acordos setoriais: diversos setores firmaram acordos com o governo para implementar cadeias de coleta e reciclagem, como os de embalagens, pneus e eletrônicos. Um exemplo é o setor de medicamentos, em que farmácias e drogarias passaram a disponibilizar coletores para descarte seguro de remédios e embalagens.
  • Marco Legal do Saneamento: criado em 2020, incentiva o reuso da água e aproveitamento de resíduos como o lodo de esgoto, promovendo a circularidade no saneamento.

A economia circular é mais do que uma tendência – é uma resposta urgente aos desafios do nosso tempo. Mais do que uma mudança técnica, ela faz parte de uma transformação mais ampla: a construção de um novo pensamento econômico e social, baseado na justiça socioambiental, na regeneração dos territórios, na democratização dos meios de produção e na adoção de práticas como a agroecologia.

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