Dos períodos coloniais às transformações contemporâneas, conheça os 15 livros indicados pelo time de professores da pós-graduação “Repensando o Brasil: sociedade, política e história” do ICL e não perca a oportunidade de se aprofundar ainda mais sobre a formação cultural, política e social do Brasil.
1. Sérgio Buarque de Hollanda – Raízes do Brasil
Em seu livro “Raízes do Brasil”, Sérgio Buarque de Holanda explora as raízes da cultura do Brasil, sendo um retrato preciso de sua experiência como historiador. O livro foi publicado em 1936 e se tornou uma obra obrigatória para todo mundo que quer compreender a formação da sociedade brasileira a partir da visão de um Brasil democrático e moderno, livre da herança colonial e pautado em sua própria identidade.
Não é à toa que o livro já vendeu mais de 250 mil exemplares, afinal, a obra conquista seus leitores ao demonstrar como a cultura portuguesa influenciou o Brasil desde a colonização e explica as mudanças e adaptações que aconteceram quando as tradições de Portugal foram trazidas para o país. Vale a pena a leitura!
2. Caio Prado Jr – Formação do Brasil Contemporâneo
Escrito por uma referência da historiografia, o livro “Formação do Brasil Contemporâneo” conta com uma narrativa econômica e política do Brasil, destacando os principais processos históricos que nos moldaram como país. O autor, Caio Prado Jr, é um filósofo, sociólogo e historiador que renovou o estudo das ciências humanas no Brasil na década de 30.
Abertamente marxista, Caio Prado Jr fez uma análise em seu livro discorrendo sobre a colonização como um empreendimento voltado ao lucro e quais foram as consequências dessa trajetória colonialista até os dias atuais. Isso faz com que essa seja, definitivamente, uma obra essencial para quem busca entender sobre as raízes das estruturas econômicas e suas implicações sociais.
3. Gilberto Freyre – Casa Grande e Senzala
Em “Casa Grande e Senzala”, Gilberto Freyre nos leva a uma jornada pelas origens da sociedade brasileira, explorando as relações entre senhores e seus escravizados durante o período colonial. Freyre, um dos maiores sociólogos e antropólogos do Brasil, examina no livro como a miscigenação moldou nossa identidade cultural.
É a partir dessa obra que você terá a oportunidade de entender de onde vêm as desigualdades sociais e raciais brasileiras. Mais do que isso, o livro também mostra como a convivência forçada entre povos deixou marcas que ressoam até hoje no país. Uma leitura forte e marcante, Casa Grande e Senzala demanda um olhar sensível para compreender as subjetividades trazidas por Gilberto Freyre.
4. Victor Nunes Leal – Coronelismo, Enxada e Voto
Publicado em 1948, “Coronelismo, Enxada e Voto” é o livro perfeito para entender sobre a política da Primeira República no Brasil e como o poder local se relacionava com a estrutura nacional – principalmente quando o assunto era influenciar o sistema eleitoral.
É através de uma leitura instigante que Victor Nunes Leal, professor e sociólogo, destrincha a história por trás das principais eleições da Primeira República e os mecanismos que eram usados pelos coronéis da época para garantir que seus candidatos fossem eleitos.
Um verdadeiro retrato do passado, a obra mostra como a democracia da época acontecia, como era a relação entre trabalhadores e coronéis e as consequências do voto de cabresto para a sociedade regional.
5. Antonio Candido – Formação da Literatura Brasileira
Reconhecido como um intérprete do Brasil, Antonio Candido narra em seu livro dois períodos da literatura – o Arcadismo e o Romantismo – como uma tentativa de descrever como esses períodos foram decisivos para a formação do sistema literário atual.
Vencedor de diversos prêmios de literatura ao longo de sua trajetória, Candido narra nesta obra como a literatura brasileira com características próprias nasceu a partir do século 18 e que seu objetivo nunca foi estudar toda a produção literária do país, mas os períodos em que ela começou a se organizar como um sistema com identidade própria.
6. Florestan Fernandes – A Revolução Burguesa no Brasil
Na década de 1970, o sociólogo Florestan Fernandes estudou como o capitalismo se firmou no Brasil e mostrou que isso não ajudou a criar uma sociedade democrática, nem mesmo dentro do modelo burguês. No livro “A Revolução Burguesa no Brasil”, ele afirmou que o país parecia estar preso a uma tendência constante de resolver seus problemas de forma autoritária.
É por isso que a obra foi uma resposta ao golpe de 64 e explica que a revolução burguesa no Brasil não foi apenas uma modernização superficial e conservadora – foi um período de transformação capitalista diretamente influenciado por grandes empresas e outros países. Quer saber mais? Aproveite a leitura!
7. Celso Furtado – Formação Econômica do Brasil
Celso Furtado, um dos economistas mais importantes do Brasil, escreveu “Formação Econômica do Brasil” enquanto estudava na Universidade de Cambridge, em 1957, mas só publicou a obra em 1959.
Ele queria criar um livro que servisse como uma introdução à história econômica do país, oferecendo ideias e reflexões em cada capítulo. Porém, a obra se tornou muito mais do que isso: virou um clássico que ajudou a entender como o Brasil se desenvolveu economicamente e influenciou áreas como as ciências sociais.
Furtado participou de diversas instituições econômicas pelo mundo e dedicou sua vida a não apenas estudar as desigualdades regionais no Brasil, mas também buscar soluções para o desenvolvimento sustentável do país. Leitura rápida e assunto importante, pode adicionar na sua lista!
8. Maria Sylvia de Carvalho Franco – Homens Livres na Ordem Escravocrata
A primeira página do livro já emociona: Maria Sylvia dedica sua obra à Florestan Fernandes. Ao longo de suas 243 páginas, a autora examina como a sociedade e o Estado brasileiro se formaram, com foco no impacto do ciclo do café, que prosperou no século XIX nas regiões do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Além da questão do café, presente em quase toda obra, Maria Sylvia analisa as estruturas sociais e econômicas da época, mostrando como a desigualdade moldou o Brasil que conhecemos hoje. Em “Homens Livres na Ordem Escravocrata”, você terá uma leitura intensa com alguns jargões dignos de fazer uma pesquisa no Google, mas não será suficiente para te distrair da leitura incrível proporcionada por uma potência como Maria Sylvia de Carvalho Franco.
9. Darcy Ribeiro – O Povo Brasileiro
Ainda sobre identidade nacional, Darcy Ribeiro escreve “O Povo Brasileiro: A Formação e o Sentido do Brasil” como uma forma de sintetizar a história da formação do povo brasileiro em apenas uma obra.
O autor demorou 30 anos para escrever a obra e descreve o processo como “o maior desafio de sua carreira”. Uma verdadeira investigação sobre as origens culturais e os processos que formam a identidade étnica e cultura do povo brasileiro, a obra combina três grandes temas: uma teoria prática sobre as classes sociais no Brasil e na América Latina, uma análise das formas de poder e militância política, e uma teoria abrangente sobre cultura. Leitura obrigatória, viu?
10. Abdias do Nascimento – O Genocídio do Negro Brasileiro
Com o objetivo de denunciar politicas de exclusão e evidenciar o racismo estrutural brasileiro, Abdias do Nascimento apresenta ao público, em 1977, sua obra “O Genocidio do Negro Brasileiro” durante o Segundo Festival de Artes e Culturas Negras, na Nigéria.
Uma obra disruptiva, expõe ao leitor como o Estado brasileiro estava preparado para exterminar a população negra através de políticas violentas e segregacionistas. Abdias nos traz que a condição dos negros no Brasil era ainda mais difícil do que nos Estados Unidos (Segregação) ou na África do Sul (Apartheid) devido a um racismo disfarçado e a políticas que resultam em um genocídio silencioso.
11. Roberto Schwaz – As Ideias Fora do Lugar
Crítico brasileiro, Roberto Schwaz é responsável por espalhar a palavra da literatura brasileira pelas melhores universidades europeias e norte-americanas. Não obstante, Schwaz é herdeiro da Escola de Frankfurt e traz “As Ideias Fora do Lugar”, uma coletânea de seis de suas melhores críticas literárias para todos os interessados em aprender sobre o nosso país a partir da literatura e ciências sociais.
12. Manuela Carneiro da Cunha – Índios no Brasil
Escrito por uma renomada antropóloga, “Índios no Brasil” é uma análise profunda sobre a história dos povos indígenas no país. O tema, abordado em incríveis 160 páginas, possui três vertentes principais: cultura, resistência e os desafios enfrentados pelos indígenas ao longo dos séculos.
A autora também fala sobre a necessidade de entender a relação entre os povos indígenas e o Estado brasileiro, sugerindo uma reflexão crítica sobre a integração desses povos na sociedade. O livro é fundamental para quem deseja compreender as questões indígenas e a importância desse povo na formação da identidade do Brasil.
13. José de Souza Martins – O Cativeiro da Terra
“O Cativeiro da Terra” explica como a história do Brasil ajudou a formar a sociedade que temos hoje. Ele mostra que a exploração do trabalho fez o Brasil ter um crescimento mais lento em relação a outras potências econômicas, mas também explica que essa foi a razão pela qual houve uma demora na ascensão econômica de pessoas que viviam em condições de servidão.
Recentemente revisado, a obra agora contém imagens e textos atualizados pelo autor. Vale a pena a leitura!
14. Josué de Castro – Geografia da Fome
Em “Geografia da Fome”, Josué de Castro, médico, professor, geógrafo e ativista brasileiro, analisa a fome como um fenômeno social, afirmando que a fome em si não é um problema natural, mas é resultado das escolhas e políticas econômicas dos homens. Assim como outros pensadores, Josué defende o que nós já imaginamos: a fome é política.
Por isso, o autor dedica o livro a importantes nomes como Euclides da Cunha e Rodolfo Teófilo, que também abordaram a questão da fome no país. Embora sua visão tenha sido incompreendida na época, ela se fortaleceu ao longo do tempo e se tornou um tema central em estudos de pensadores. A obra é uma leitura essencial para quem deseja entender as raízes da fome no Brasil e suas implicações sociais e econômicas.
15. Marilena Chauí – Brasil: mito fundador e sociedade autoritária
Um livro baseado em contradições políticas, a obra de Marilena Chauí é para quem deseja compreender as contradições da sociedade brasileira e como elas influenciam a política do país. Ao longo da obra, Marilena examina como os mitos fundadores do Brasil – a ideia de uma nação unificada e democrática – mascaram a realidade de uma sociedade baseada na desigualdade e autoritarismo.
Ela ainda critica a crença comum de que o Brasil é um “dom de Deus e da Natureza”, com um povo pacífico, generoso, alegre e sexy, mesmo diante do sofrimento. Em sua narrativa, ela desconstrói esses mitos e mostra como eles servem para mascarar as desigualdades que marcam a história brasileira.
Ler essas obras é mais do que entender o passado — é uma oportunidade de compreendermos as verdadeiras raízes dos desafios da sociedade de hoje em dia e usarmos desse conteúdo para somar ao nosso pensamento crítico e garantir que os erros do passado não se repitam no futuro.
Todos os títulos dessa lista foram sugeridos pelo nosso time de professores da pós-graduação “Repensando o Brasil: sociedade, política e história” em parceria com a FESPSP.
Mas se além de ler os livros, você também quer se aprofundar no âmago da trajetória brasileira estudando desde a construção identitária de um país miscigenado, a ascensão da burguesia, as causas e consequências da escravidão e tantos outros assuntos pertinentes, garanta a sua vaga na pós-graduação aqui.
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