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O mundo mudou muito. Com a tecnologia de computadores pessoais, internet e smartphones, a realidade da década de 1900 não se parece em nada com o cenário do século XXI. E, é claro que as profissões também foram radicalmente transformadas. Se não temos hábitos ou produtos iguais aos do passado, também não trabalhamos mais como antigamente.

Dizer que o trabalho está em constante mutação é quase um eufemismo. Impulsionado por uma revolução tecnológica sem precedentes, a forma como executamos nossos trabalhos passou por diversas metamorfoses – e não estamos nem perto de ver o ciclo de mudanças terminar.

A digitalização, a automação e as novas tecnologias estão transformando nossa realidade – e por consequência o mercado de trabalho e as profissões. Seja por fomentar a demanda por novas habilidades ou por criar áreas inteiras em que é possível considerar uma atividade remunerada, hoje tudo está conectado à tecnologia.

O passado do trabalho e as profissões em perspectiva

No passado, o mundo era iluminado por lampiões, se deslocava em carruagens (e posteriormente bonde elétrico), se comunicava por cartas, telefone e telex, e viajava no máximo em navios a vapor. Hoje, a maior parte desses dispositivos se encontra em museus – e suas respectivas profissões são meras lendas de um tempo distante.

Profissões podem ser analisadas, também, como retratos da época em que surgiram. Atualmente não existem mais operadores de telex, acendedores de lampiões, motoristas de bondes ou datilógrafos. A internet e os computadores pessoais transformaram a maneira como compartilhamos informações e as cidades se modernizaram para iluminação elétrica e ônibus e metrôs. E o curso de datilografia deixou de ser requisito profissional, já que é mais fácil digitar em teclados ergonômicos do que em máquinas de escrever.

Desde a 1ª Revolução Industrial, vimos em diversos mercados as máquinas substituindo pessoas em linhas de produção – ou dividindo o trabalho com elas. Também conhecemos o desemprego tecnológico, quando funções são realmente extintas porque conseguimos inventar máquinas que realizam o trabalho por nós. Mas aí, passamos a precisar de alguém que saiba operar aquele aparelho.

Não é de hoje que as profissões mudam, mas mesmo as previsões mais pessimistas falharam em dizer que o trabalho seria totalmente feito por máquinas e computadores. Assim como todas as outras esferas da nossa vida, o mercado de carreiras e profissões continua em transformação. Não temos motivos para entrar em pânico, só para ficarmos mais espertos quanto às atividades remuneradas de hoje.

O avanço da tecnologia e o fim de algumas profissões

Entender como a tecnologia contribuiu para a lista de profissões que não existem mais – e para o surgimento de novas carreiras – é quase acompanhar uma aula de história da humanidade. A evolução da humanidade, desde a época das cavernas, foi baseada na tecnologia. Primeiro o fogo, depois a roda, a agricultura e por aí seguimos até os dias de hoje.

Esse avanço tecnológico pode ser considerado uma via de mão dupla: de um lado, extinguiu profissões, mas, por outro, criou novas oportunidades de trabalho.

Se antes tínhamos o telex e a habilidade de digitar cerca de 200 toques por minuto era um requisito para bons empregos, hoje temos o computador e tecnologias para transcrever nossa fala. Se, no passado, o papel era o principal meio de registro das informações, agora a nuvem e os arquivos digitais são os únicos formatos de qualquer ambiente profissional.

As novas tecnologias (internet, smartphones, softwares e, mais recentemente, a inteligência artificial) criaram novas demandas por profissionais com habilidades especializadas. O futuro das profissões está relacionado ao novo ambiente de trabalho, o digital, às novas ferramentas que adotamos nesse cenário e até mesmo aos novos comportamentos resultantes da combinação de ambiente e ferramentas.

Qual a lista de profissões que surgiram nas últimas décadas?

Tecnologia da Informação (TI)

O desenvolvimento de softwares, aplicativos para dispositivos móveis e sistemas de computação gerou uma grande demanda por profissionais de TI, como desenvolvedores, analistas de sistemas, e gerentes de projetos de TI. Com a crescente digitalização de processos e serviços, também existe a demanda para implementação de novos sistemas de gestão, mais integrados e que facilitem o trabalho de diversos departamentos.

Ciência e Engenharia de Dados

O aumento dos dispositivos conectados gerou uma imensa quantidade de dados a serem coletados para analisar o comportamento dos usuários e das empresas. Muitos especialistas dizem que os dados são o novo petróleo, tamanho o potencial de lucratividade a partir do estudo dessas informações. A demanda por profissionais da área de dados cresce exponencialmente, já que essas informações já estão disponíveis com o surgimento de mais dispositivos.

A oportunidade de analisar e interpretar dados para convertê-los em conhecimento que vão embasar a tomada de decisões, além de desenvolver e gerenciar sistemas de armazenamento e processamento de dados, é considerada, hoje em dia, a nova mineração e refino de petróleo.

Inteligência Artificial (IA)

A inteligência artificial está transformando diversos setores da vida cotidiana, e a demanda por profissionais especializados em IA está crescendo rapidamente. Especialistas em IA desenvolvem e implementam sistemas de IA que automatizam tarefas, tomam decisões e criam novas soluções para diversos problemas. Ao contrário do que circula nas redes, o futuro das profissões não será protagonizado pelas novas ferramentas, mas por profissionais que saibam utilizá-las.

Marketing Digital e mídias sociais

É importante destacar que, apesar da publicidade já existir há muitas décadas, e esse campo de estudo ter desenvolvido uma versão para o ambiente digital, o marketing digital de hoje acabou se firmando como algo único. Essa área em constante expansão possui inúmeras características próprias, impulsionada pelo crescimento da internet, das redes sociais e das transformações que a sociedade passa a cada ano.

Profissionais de marketing digital são responsáveis por criar estratégias para gerenciar campanhas de mídias sociais, e-mail, conteúdo e anúncios, além de analisar o desempenho de cada vertente desse planejamento. Já as mídias sociais se tornaram uma ferramenta essencial para empresas e organizações de todos os tipos, e logicamente a demanda por profissionais de gestão de mídias sociais cresceu rapidamente.

Esses profissionais, entendendo todas as dinâmicas do ambiente, são responsáveis por gerenciar as presenças online de empresas e organizações nas redes sociais, criando conteúdo, interagindo com o público e analisando o desempenho das estratégias digitais.

Influenciadores digitais

Nesse novo ecossistema das mídias sociais, a criação de conteúdo se tornou uma nova forma de fazer publicidade, e a partir daí surgem os influenciadores digitais.

Hoje, o mercado da influência digital está em amplo crescimento: cerca de 20 milhões de brasileiros se consideram influenciadores digitais e a publicidade digital cresceu 8% em 2023, movimentando cerca de R$35 bilhões – divididos entre os “recebidos”, produtos enviados para os profissionais para que divulguem para sua audiência e incentivem a compra, e as “publis”, conteúdos publicitários que promovem serviços e produtos combinando o perfil do influenciador e sua linguagem com as informações que a marca deseja destacar.

Felipe Neto, aos 31 anos, posa no Rio de Janeiro em agosto de 2019. Com uma audiência massiva nas redes, o influenciador segue enfrentando ameaças desde que demonstrou apoio à causa LGBT na Bienal do Livro. A força de sua voz ecoa em prol de uma sociedade mais inclusiva. Foto: Divulgação

O impacto das mudanças tecnológicas no futuro das profissões

Assim como nas demais esferas da vida, a tecnologia provocou transformações no mercado de trabalho – impactando de forma significativa a economia e a sociedade como um todo:

Aumento da produtividade

É importante lembrar que a tecnologia é uma ferramenta, e as novas tecnologias têm sido usadas intensamente no ambiente de trabalho. A automação e a inteligência artificial, por exemplo, são exemplos de como vivemos um aumento da produtividade em diversos setores da economia. As empresas podem produzir mais bens e serviços com menos mão de obra, o que pode levar a redução de custos e a um aumento da competitividade.

Crescimento econômico

A tecnologia tem impulsionado o crescimento econômico ao criar novas indústrias, novos produtos e novas formas de fazer negócios. Empresas estão surgindo em áreas completamente novas, como a economia do compartilhamento, a inteligência artificial e todo o campo da ciência de dados, gerando empregos e impulsionando a economia.

Mudanças nas relações de trabalho

Esse tema pode ser visto como positivo ou negativo, dependendo do ponto de vista, já que a tecnologia também permitiu mudanças no modelo de trabalho. Como, durante a pandemia de COVID-19, muitas empresas migraram rapidamente para o trabalho remoto.

Além disso, trabalhos como os que surgiram com os aplicativos (iFood, Uber, etc) alteraram drasticamente as condições de trabalho e a segurança do emprego, exigindo novas formas de organização e de proteção dos trabalhadores. A regulamentação desse modelo de trabalho está em andamento no Congresso Nacional, tentando conciliar alguma proteção aos trabalhadores com os interesses das empresas de tecnologia.

Desafios em educação

A transformação das profissões exige novas habilidades para exercê-las. A educação e o treinamento contínuos se tornam ainda mais importantes para que os profissionais possam se manter competitivos em um mercado de trabalho em constante transformação.

O futuro do trabalho será o não trabalho?

Em meio a essa revolução tecnológica que remodela o mundo do trabalho, surgem questionamentos cruciais sobre o futuro que se desponta.

  • Seremos testemunhas de uma fusão ainda mais intensa entre a vida profissional e a pessoal, com o trabalho invadindo o espaço doméstico e a busca por equilíbrio se tornando ainda mais complexa?
  • O avanço da automação e da digitalização acentuará a precarização do trabalho, com a instabilidade e a exploração se tornando a norma?
  • Como garantir que o futuro do trabalho seja um futuro de oportunidades e de desenvolvimento para todos, e não um cenário de exclusão e desigualdade?

A busca por novas habilidades será crucial para navegar nesse novo mundo do trabalho. A capacidade de aprender continuamente, de se adaptar às mudanças tecnológicas e de desenvolver habilidades como a criatividade, a flexibilidade e o trabalho em equipe serão essenciais para a construção de um futuro profissional sólido e satisfatório.

Por outro lado, essa busca por qualificação precisa ser acompanhada de uma reflexão crítica e atuação do poder público e da sociedade sobre o modelo de trabalho que queremos construir. O futuro do trabalho não pode ser sinônimo de precarização, de exploração e de instabilidade. É fundamental que as mudanças tecnológicas sejam utilizadas para construir um futuro de trabalho mais justo, digno e humano, com oportunidades iguais para todos e com proteção social adequada para os trabalhadores.

A construção de um futuro do trabalho que beneficie a todos requer uma ação coordenada entre governos, empresas e trabalhadores, visando a construção de um modelo de trabalho que priorize o bem-estar social e a igualdade de oportunidades para todos.

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