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Rodrigo Mocotó: a jornada do sertão à quebrada

Conheça a trajetória de Rodrigo Mocotó e o sucesso do restaurante Mocotó, um exemplo de como a gastronomia pode transformar comunidades.
12/07/2024 | 12h07

Rodrigo “Mocotó” Oliveira subiu ao palco do evento “Despertar Empreendedor”, promovido pelo ICL nos dias 14, 15 e 16 de junho, com o mesmo entusiasmo e carisma que demonstra na cozinha. O renomado chef, conhecido por transformar o restaurante Mocotó em um ícone da culinária sertaneja em São Paulo, compartilhou sua inspiradora trajetória de vida.

De filho de retirantes nordestinos a chef premiado internacionalmente, Rodrigo revelou como a mistura de tradição, inovação e visão progressista moldou sua carreira e seu restaurante.

A história do Mocotó é um exemplo perfeito de como a gastronomia pode ser uma ferramenta poderosa de transformação social e cultural.

Quem é Rodrigo?

Rodrigo Oliveira é um chef de cozinha renomado, que nasceu e foi criado na Vila Medeiros, zona norte de São Paulo. Filho de pernambucanos, Rodrigo se destaca por sua culinária sertaneja autêntica e inovadora. Com 43 anos, ele transformou o Mocotó, restaurante fundado por seu pai, em um dos mais prestigiados do Brasil e do mundo.

O que torna o trabalho de Rodrigo especial é a capacidade de inovar sem perder as raízes. Ele conseguiu manter a essência da culinária sertaneja, enquanto trazia novas ideias e técnicas. Isso não é apenas sobre comida; é sobre contar uma história, honrar a cultura e criar conexões através dos sabores.

“O nosso negócio é outro: cuidado e acolhimento. Hospitalidade faz parte do ofício, mas na verdade, é o centro do nosso negócio. Mais do que arroz e feijão que você encontra no supermercado, nosso negócio é fazer as pessoas se sentirem bem.”

Rodrigo também é conhecido por sua visão de mundo. Ele vê a gastronomia como uma ferramenta de transformação social. Acredita que a comida tem o poder de unir pessoas, promover inclusão e sustentabilidade. Esse compromisso vai além da cozinha do Mocotó e se reflete em seus projetos sociais e educacionais.

A história de família que deu vida ao “Mocotó”

A história de Rodrigo e do restaurante Mocotó começa com seu pai, José de Almeida, mais conhecido como Seu Zé.

Retirante nordestino, Seu Zé deixou o sertão pernambucano e chegou a São Paulo em 1973. Junto com seus irmãos, abriu a Casa do Norte Irmãos Almeida, vendendo produtos e comidas típicas do nordeste. Rodrigo cresceu nesse ambiente dinâmico e acolhedor. Desde cedo, ele ajudava o pai no restaurante, absorvendo tudo sobre a cultura e a culinária sertaneja.

Embora tenha começado a estudar engenharia ambiental, foi na gastronomia que ele encontrou sua verdadeira paixão. Uma amiga o incentivou a seguir esse caminho, e ele decidiu se especializar na área.Com o tempo, essa Casa do Norte evoluiu para o que conhecemos hoje como Mocotó, um ponto de encontro para a culinária sertaneja na capital paulista.

“Restaurante serve para restaurar. Em outras palavras, um restaurante é o lugar para as pessoas saírem melhores do que entraram. Não é poderoso isso? Simples, mas imagina o trabalho, o comprometimento, para você assumir essa responsabilidade de cuidar das pessoas.”

Ao assumir a cozinha do Mocotó, Rodrigo trouxe uma nova energia ao restaurante. Ele modernizou o cardápio e aprimorou o atendimento, mas sempre manteve as raízes sertanejas.

O famoso dadinho de tapioca, uma de suas criações, se tornou um símbolo dessa mistura de tradição e inovação. Sob sua liderança, o Mocotó ganhou reconhecimento nacional e internacional, sem perder a essência familiar e comunitária que sempre foi sua marca registrada.

“A gente decidiu abolir a palavra ‘funcionário’ do dicionário do Mocotó. Preferimos pessoas que estejam ali pela causa, para restaurar e oferecer um gesto com as pessoas que estão do seu lado, trabalhando, com as que vêm nos visitar, com os fornecedores, com nossos vizinhos, com a comunidade.”

Rodrigo não só seguiu os passos do pai, mas também levou o legado da família a novos patamares. Sua história é um exemplo inspirador de como paixão, dedicação e uma visão clara podem transformar um negócio familiar em um ícone cultural e gastronômico.

Como o restaurante atuou durante a pandemia

A pandemia de COVID-19 foi um teste de resiliência para muitos negócios, e o Mocotó não foi exceção. Com a necessidade de fechar as portas temporariamente, Rodrigo Oliveira e sua equipe decidiram se reinventar e usar o restaurante como uma força de apoio para a comunidade local.

Logo no início da crise, Rodrigo lançou o projeto “Quebrada Alimentada”, que rapidamente se tornou um exemplo de solidariedade. A iniciativa distribuiu mais de 120 mil refeições para famílias em situação de vulnerabilidade, mostrando que a responsabilidade social está no DNA do restaurante.

“A gente decidiu começar a cozinhar para as pessoas do nosso entorno, avisou a associação do bairro e cozinhou 60 refeições no primeiro dia, 80 no segundo dia, 100 no terceiro dia… Hoje já são mais de 120.000 refeições servidas e a gente não parou nenhum dia.”

Além das refeições solidárias, o Mocotó manteve o serviço de delivery ativo. Isso não só garantiu que os funcionários continuassem empregados, mas também permitiu que os clientes pudessem continuar desfrutando das delícias do restaurante no conforto de suas casas.

Essa ação solidária reforçou o papel do restaurante como um ponto de apoio e união na Vila Medeiros.

“A comunidade nos salvou. Nenhuma pessoa do Mocotó foi desligada. E o nosso delivery, que era permitido ainda, enfim, nos salvou. Na verdade, a comunidade nos salvou e continua nos apoiando.”

Perspectivas futuras

O futuro do Mocotó é brilhante e cheio de possibilidades. Rodrigo Oliveira continua expandindo sua influência no mundo da gastronomia, tanto no Brasil quanto internacionalmente.

Recentemente, ele abriu novas unidades do Mocotó na Vila Leopoldina e no Shopping D, levando a culinária sertaneja a mais pessoas e também lançou o livro “Mocotó – o pai, o filho e o restaurante”, onde compartilha a inspiradora história de sua família e do restaurante.

O compromisso de Rodrigo com a sustentabilidade é outro aspecto fundamental de suas perspectivas futuras. Ele adquiriu um sítio na Serra da Mantiqueira e uma fazenda no sertão pernambucano, onde desenvolve projetos de agroecologia. Esses locais não só produzem alimentos orgânicos de alta qualidade, mas também preservam as tradições culinárias nordestinas.

“Nosso trabalho hoje é lidar com a Terra em um sítio agroecológico em São José dos Campos e numa fazenda no Sertão de Pernambuco, terra natal dos meus pais, e tentar tirar do solo ali as respostas da tradição, as respostas a essa pergunta que é como ser melhor para o mundo.”

Rodrigo acredita que a gastronomia pode ser uma ferramenta para a mudança social. Seu trabalho vai além da cozinha, tocando em áreas como educação, inclusão e sustentabilidade. Ele está sempre buscando novas formas de fazer a diferença, seja através de projetos comunitários ou da inovação em seus restaurantes.

Dados interessantes

  • O Mocotó ocupa o 23º lugar na lista dos melhores restaurantes da América Latina pela revista britânica Restaurant (2021).
  • Recebeu o selo de Bib Gourmand pelo Guia Michelin.
  • Foi premiado como o melhor restaurante do mundo na categoria “no reservation required” pelo World Restaurant Awards em 2019.

O restaurante Mocotó e Rodrigo Oliveira são exemplos de como tradição e inovação podem caminhar juntas para criar algo extraordinário. Sua trajetória, de filho de retirantes nordestinos a chef premiado internacionalmente, mostra como a culinária pode ser uma ferramenta poderosa para transformação social e cultural.

O compromisso com a comunidade, a sustentabilidade e a inclusão são pilares que sustentam o sucesso contínuo do Mocotó. Com novos projetos e uma visão clara de futuro, Rodrigo continua a inspirar e influenciar a gastronomia brasileira, sempre com um pé no sertão e o olhar voltado para o mundo.

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