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Aumento do diesel pressiona inflação e, pensando nas eleições, governistas já falam em subsídio

Projeção dos analistas é que aumento seja repassado integralmente aos consumidores
10/05/2022 | 14h51

O novo aumento do diesel nas refinarias, de 8,87%, que já está em vigor nesta terça-feira (10), tem impacto direto na inflação. Isto porque o combustível é a base do transporte de carga da economia brasileira e, em efeito sequencial, leva a outros aumentos, como nos preços dos alimentos e de transportes.

Esse é o primeiro aumento da gestão de José Mauro Coelho, que assumiu a Petrobras em 14 de abril, e deve ser repassado integralmente aos consumidores.

O economista André Braz, coordenador de índices de preços da Fundação Getúlio Vargas (FGV), aponta que, em 12 meses, o aumento do diesel já chegou a 52,53% (pelo IPCA-15), e um reajuste de 8,87% na refinaria deve representar uma alta entre 4% e 5% sobre um aumento acumulado já muito elevado. Isso só engrossa, segundo ele, a necessidade de correção de preços de vários serviços movidos a diesel, como os transportes urbano e rodoviário, a movimentação das máquinas no campo para a produção agrícola e, especialmente, o custo do frete de carga.

O diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Júnior, em entrevista nesta manhã (10), ao Jornal da Rádio Brasil Atual, também falou sobre o que significa o aumento em cadeia dos produtos no Brasil. “No caso dos alimentos, por exemplo, a gente deve ter um impacto novamente nos preços dos itens de consumo. O diesel quando aumenta nas refinarias inevitavelmente chega às bombas. A partir disso, esse aumento se alastra por toda a economia porque a nossa economia anda sobre pneus, sobre os caminhões. Aí, quando você tem uma alta no custo do frete, aumenta o custo do produto que sai lá do interior, das fazendas, até os centros de distribuições. E tudo isso acontece por conta da política de preços orquestrada pela Petrobras no governo Bolsonaro”.

Subsídio como remédio ao aumento do diesel

Em reação ao aumento do diesel, o núcleo político do governo e aliados no Congresso renovaram a pressão para a concessão de um subsídio ao combustível antes da eleição. Segundo noticiou a agência Estado, a medida se somaria à discussão entre os ministérios de uma proposta para mitigar também o impacto dos reajustes das tarifas de energia autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Já tramitam no Congresso, em caráter de urgência, projetos para suspender novas altas de preços.

Governistas querem evitar o desgaste em ano de eleição, num momento em que adversários do presidente Jair Bolsonaro focam as críticas na alta de preços.

No entanto, para conceder o subsídio, o governo e o Congresso teriam de correr contra o tempo e fazer mudanças no teto de gastos, contrariando o Ministério da Economia. Outra opção seria cortar despesas para abrir espaço na regra que atrela o crescimento dos gastos à inflação

Política de preços

A política de preços praticada pela Petrobras é alvo de críticas feitas pelo coordenador-geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Deyvid Bacelar: “Bolsonaro mente mais uma vez quando diz não poder mudar o PPI, política que reajusta preços de acordo com a variação do petróleo no mercado internacional, oscilação cambial e custo de importação”.

Ele explica que o presidente sempre se esquiva de alguma culpa sobre os aumentos nos combustíveis. “O presidente não muda a política de reajustes porque não quer desagradar acionistas privados, que têm no PPI a garantia de altos lucros gerados pela estatal, cuja diretoria é nomeada pelo próprio presidente da República. O foco da Petrobras hoje é gerar e distribuir valor para acionistas. Mais de 45% são investidores estrangeiros, com ações da Petrobras nas bolsas de São Paulo e de Nova Iorque”, afirmou

De acordo com a FUP, só no governo Bolsonaro, de janeiro de 2019 até hoje, a gasolina já acumula 155,8% de aumento nas refinarias, o diesel subiu 165,6%, e o GLP aumentou 119,1%, com o preço médio do botijão de gás de cozinha acima de R$ 120,00.

Redação ICL Economia
Com informações do Estadão Conteúdo e das agências

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