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Bairros de Maceió têm água cortada por risco de mina da Braskem desabar

O Sistema Cardoso, que é uma estação de tratamento de água que abastece esses bairros, tem tubulações que passam pela área que corre o risco de afundar
01/12/2023 | 09h53

A Companhia de Abastecimento D’Água e Saneamento de Alagoas (Casal) emitiu um comunicado nesta sexta-feira (1º) informando que 15 bairros tiveram o fornecimento de água interrompido por conta do risco de desabamento de uma mina da Braskem. As autoridades alagoanas alertam que é possível que a Mina 18, no Mutange, pode entrar em colapso a qualquer momento.

No informe, a concessionária BRK diz que a Casal paralisou o Sistema Cardoso desde às 21h40 de ontem, quinta-feira (30), e que não ha previsão de que o serviço seja normalizado. Passada a situação de emergência (não se sabe quando), a concessionária disse que o abastecimento será gradualmente normalizado nos seguintes bairros:

  • Santa Amélia;
  • Bebedouro;
  • Chã de Bebedouro;
  • Chã de Jaqueira;
  • Mutange;
  • Farol;
  • Bom Parto;
  • Centro;
  • Cambona;
  • Ponta Grossa;
  • Prado;
  • Levada;
  • Trapiche;
  • Vergel;
  • e Pontal.

O Sistema Cardoso a que o comunicado se refere é uma estação de tratamento de água que abastece esses bairros e as tubulações passam pela área que corre o risco de afundar. Segundo a própria BRK, a paralisação dos serviços nesses locais corresponde a 16,2% das ligações hídricas de Maceió.

A empresa comunicou, ainda, que caminhões-pipa serão oferecidos a asilos, orfanatos, cadeias e penitenciárias, unidades socieducativas, albergues de assistência social, escolas, hospitais e unidades de saúde.

Tremores se intensificam

A Defesa Civil de Alagoas informou, na quarta-feira (29), que os últimos tremores se intensificaram e houve um agravamento do quadro na região parcialmente desocupada, onde há 35 minas da Braskem.

“Estudos mostram que há risco iminente de colapso em uma das minas monitoradas. Por precaução e cuidado com as pessoas, reforçamos, mais uma vez, a recomendação de que embarcações e a população evitem transitar na região até nova atualização do órgão”, informa a prefeitura.

E embora dezenas de milhares de pessoas tenham sido retiradas de suas casas desde 2018, devido ao risco de colapso, outras ainda permaneciam em bairros da região. Entre quarta e quinta-feira (30), a Justiça determinou a saída dessas pessoas.

Exploração de sal-gema pela Braskem

Por causa da exploração mineral subterrânea realizada na área, vários bairros tiveram que ser esvaziados em 2018. Rachaduras surgiram nos imóveis da região, seguido de um tremor de terra, criando alto risco de afundamento. Mais de 55 mil pessoas tiveram que deixar as casas e, muitas, ainda esperavam ser indenizadas pela saída à força.

A situação dramática em Maceió rendeu ao caso o apelido de “Chernobyl Alagoana”, em referência ao acidente nuclear na cidade de Chernobyl, no norte da Ucrânia, em abril de 1986, quando a região ainda fazia parte da União Soviética.

Recentemente, a Braskem foi condenada pela Justiça a indenizar o estado de Alagoas por danos causados pela exploração de sal-gema. O sal-gema é uma matéria-prima usada na indústria para obtenção de produtos como cloro, ácido clorídrico, soda cáustica e bicarbonato de sódio.

O que diz a empresa

Em nota, a Braskem diz que monitora a situação da mina e desde a última terça-feira (28) isolou a área de serviço da empresa, onde são executados os trabalhos de preenchimento dos poços. “Os dados atuais de monitoramento demonstram que o movimento do solo permanece concentrado na área dessa mina”, informou.

A empresa diz que também está apoiando a realocação emergencial dos moradores que ainda resistem em permanecer na área de desocupação e segue colaborando com as autoridades.

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