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Banco Central Europeu eleva a taxa básica de juros da zona do euro em 0,75 ponto percentual, sinalizando preocupação com o cenário econômico

Durante o anúncio, a autoridade monetária sinalizou que as elevações não devem parar por aí
08/09/2022 | 17h43

Como já era esperado pelos analistas internacionais, o Banco Central Europeu (BCE) elevou, na manhã desta quinta-feira (8), a taxa básica de juros da zona do euro em 0,75 ponto percentual. Com isso, a autoridade monetária pretende tentar controlar a disparada dos indicadores inflacionários na região, o que tem elevado a níveis recordes o custo de vida da população dos países que formam o bloco.

Durante o anúncio sobre o aumento dos juros, a autoridade monetária sinalizou que as elevações não devem parar por aí. “Ao longo das próximas reuniões, o Conselho do BCE espera aumentar ainda mais as taxas de juros para diminuir a demanda e se proteger contra o risco de uma persistente mudança para cima nas expectativas de inflação”, disse o BCE em comunicado.

Essa é a segunda alta nos juros desde 2011, ano em que o BCE elevou as taxas, mas teve de reverter a decisão depois de uma crise da dívida europeia.

Desde aquela época até julho deste ano (mais ou menos ao longo de oito anos), a taxa vinha negativa, e estava em menos 0,5% até a alta promovida naquele mês.

Com a elevação, os bancos vinham praticamente pagando para que a população deixasse seu dinheiro no BCE. A medida buscava estimular os empréstimos e a atividade econômica. Por outro lado, a estratégia estimula a inflação.

O grande aumento nos custos de empréstimo veio acompanhado de mudanças nas próprias previsões de inflação do BCE, que continua a ver um crescimento de preços bem acima de sua meta de 2% ao longo de todo o horizonte de projeção.

Disparada dos preços de energia e inflação recorde forçam Banco Central Europeu a adotar remédio amargo para os juros

Desde o início da guerra da Rússia contra a Ucrânia, em fevereiro, a Europa vem enfrentando a disparada nos preços de energia. Mais recentemente, a situação piorou com a decisão da estatal russa Gazprom, de prorrogar a interrupção no fornecimento do gás russo enviado a países europeus, devido à necessidade de manutenção, por tempo indeterminado, do gasoduto Nord Stream.

Depois do anúncio, na sexta-feira passada, os futuros do gás natural chegaram a subir cerca de 30% na Europa . Os contratos TTF, que tinham terminado a sessão de sexta-feira passada em 214,6 euros por megawatt hora (MWh), o valor mais baixo das últimas duas semanas, chegou a saltar quase 33%, para 284 euros.

Nesta manhã de quinta-feira (8), os mercados internacionais operavam sem rumo definido devido à expectativa da alta dos juros pelo BCE. Além da reunião, o mercado também aguardava pelo discurso do presidente do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell, que também pode sinalizar para uma alta dos juros dos Estados Unidos com a mesma finalidade de controlar a inflação, que atinge patamares históricos.

A libra britânica caiu em relação ao dólar e ao euro nesta manhã, quando a nova primeira-ministra, Liz Truss, se preparava para anunciar um enorme pacote de apoio para ajudar com contas de energia mais altas. O conflito da Rússia contra a Ucrânia tem elevado o custo de energia a níveis altíssimos nos últimos meses.

Em junho e julho, a zona do euro atingiu recordes inflacionários com o aumento das pressões sobre os preços. O índice de preços ao consumidor nos 19 países que utilizam o euro subiram 0,1% em julho sobre o mês anterior, registrando de 8,9% na base anual, taxa mais elevada desde que o euro foi criado em 1999.

Há mais de um ano, a inflação tem aumentado constantemente, inicialmente impulsionada pelos choques de ofertas no pós-pandemia e, mais recentemente, pelos preços da energia como consequência da guerra da Rússia contra a Ucrânia.

Atualmente, a inflação está cerca de quatro vezes maior que a meta de 2% do BCE. Mesmo que os preços voláteis dos alimentos e dos combustíveis sejam retirados, o núcleo da inflação permaneceu bem acima da meta do BCE, uma leitura preocupante para o futuro da economia europeia.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

 

 

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