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Banco Mundial reduz previsão de crescimento global a 2,9%

Relatório “Prospectos Econômicos Globais”, do Banco Mundial, corta drasticamente a estimativa do PIB brasileiro do Brasil em 2023, de 2,7% a 0,8%
08/06/2022 | 11h00

O Banco Mundial reduziu nesta terça-feira (7) sua previsão de crescimento global em 1,2 ponto percentual, para 2,9% em 2022. O relatório Perspectivas Econômicas Globais destaca que um dos motivos que fará com que muitos países entrem em recessão é a guerra entre Rússia e Ucrânia que, segundo a instituição, agravou os danos que já haviam sido causados pela pandemia de Covid-19.

A invasão russa da Ucrânia, segundo o Banco Mundial, ampliou a desaceleração da economia global, que está agora entrando no que pode se tornar “um período prolongado de crescimento fraco e inflação elevada“.

Para presidente do Banco Mundial, David Malpass, além da guerra, outros fatores prejudicam o crescimento global, como novos bloqueios relacionados à Covid-19 na China, interrupções na cadeia de suprimentos e o risco de estagflação, um período de crescimento fraco e alta inflação visto pela última vez na década de 1970.

Malpass destaca que no atual período, que ele compreendeu entre 2021 e 2024, o crescimento global deverá desacelerar em 2,7 pontos percentuais. Isso é mais que o dobro da desaceleração observada entre 1976 e 1979.

Elevar taxas de juros pode prejudicar economias e, consequentemente, crescimento global

O relatório alertou que as elevações das taxas de juros para controlar a inflação no fim da década de 1970 foram tão acentuadas que desencadearam uma recessão global em 1982 e uma série de crises financeiras em mercados emergentes e economias em desenvolvimento.

Para reduzir os riscos, autoridades devem trabalhar para coordenar a ajuda à Ucrânia, combater o aumento dos preços do petróleo e dos alimentos, intensificar o alívio da dívida, fortalecer os esforços para conter o coronavírus e acelerar a transição para uma economia de baixo carbono, afirmou Malpass.

O banco projeta uma desaceleração no crescimento global de 5,7% em 2021 para 2,9% em 2022, com crescimento próximo desse nível nos dois próximos anos.

A instituição também afirmou que a inflação global deve ser menos agressiva em 2023, mas provavelmente permanecerá acima das metas em muitas economias.

O crescimento nas economias avançadas deve perder ritmo de maneira acentuada. Depois de 5,1% em 2021, esperam-se 2,6% em 2022 e 2,2% em 2023.

Os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento devem registrar um crescimento de apenas 3,4% em 2022, abaixo da taxa de 6,6% de 2021 e bastante aquém da média anual de 4,8% observada entre 2011 e 2019.

A Ucrânia deve registrar um mergulho de 45,1% em sua produção econômica, enquanto o PIB da Rússia deve despencar 8,9%.

Banco Mundial eleva previsão de alta do PIB brasileiro de 2022 e corta para 2023

poder de compra, crescimento global

Brasil deve registrar enfraquecimento das condições, à medida que a inflação elevada pressiona a renda das famílias. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O Banco Mundial revisou levemente para cima a previsão para crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2022, a 1,5%, de acordo com o relatório sobre o crescimento global divulgado nesta terça-feira (7). Na edição de janeiro do mesmo documento, a instituição havia projetado o PIB brasileiro em 1,4% para este ano. A entidade, por outro lado, cortou drasticamente a estimativa para a expansão econômica do Brasil em 2023, de 2,7% a 0,8%. Para 2024, a expectativa é por um avanço de 2%.

Segundo o documento, após um começo de ano “sólido”, o País deve registrar enfraquecimento das condições, à medida que a inflação elevada pressiona a renda das famílias. A estagnação de investimentos de empresas e incertezas políticas também são citadas como responsáveis pelo cenário.

De acordo com o IBGE, o PIB brasileiro cresceu no primeiro trimestre de 2022. O economista do ICL André Campedelli ressalta que, além da alta tímida de 1% – abaixo das projeções do mercado – deve-se observar a qualidade desse PIB. “O PIB cresce em razão do setor de serviços, segundo a ótica da produção, e as exportações, segundo a ótica da demanda. Isso mostra a baixa qualidade do PIB brasileiro atualmente, já que o consumo das famílias ficou quase estagnado e a produção industrial praticamente não influenciou o PIB neste trimestre. Estamos cada vez mais dependentes do setor externo e dos serviços em nossa atividade econômica.”

O documento do Banco Mundial destaca que programas extraordinários para permitir o saque de fundos de seguro contra desemprego trarão alívio às famílias, mas podem impulsionar a inflação. “Em 2023, o impulso fraco e os efeitos em curso da política monetária apertada nos investimentos e na atividade devem limitar o crescimento”, avalia.

De acordo com a análise, o Banco Mundial ressalta que a invasão da Ucrânia pela Rússia pesa sobre a atividade em grande parte dos países emergentes. A instituição diminuiu a previsão para crescimento dessas economias em 2022, de 4,6% a 3,4%, e em 2023, de 4,4% a 4,2%. Projeta ainda que o avanço em 2024 será de 4,4%.

Também a guerra na Ucrânia afeta a economia na China, com projeção para crescimento este ano reduzido em 0,8 porcentual, a 4,3%, e em de 2023, de 5,3% a 5,2%, com leve desaceleração esperada para 2024, a 5,1%. O país asiático enfrenta desaceleração induzida por surtos de Covid-19, que levam à imposição de restrições em várias cidades. Segundo o Banco Mundial, as medidas de política fiscal e monetária do governo devem promover apoio maior que o esperado anteriormente. 

“Repetidos surtos de Covid-19 e rigorosos lockdowns nas principais cidades reduziriam a recuperação da atividade de consumo e serviços, prejudicaria as cadeias de suprimento e pesaria sobre a confiança de investidores”, ressalta o documento, acrescentando que o mercado imobiliário residencial chinês segue em “estresse financeiro”.



Redação ICL Economia
Com informações da CNN

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