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Bancos credores buscam impedir suspensão de pagamentos pela Americanas. Ministério da Justiça notifica empresa

BTG Pactual acusa os acionistas Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira de agirem para se proteger, colocando os bancos na lista de clientes
17/01/2023 | 17h13

A Americanas, além de anunciar a descoberta do rombo contábil de R$ 20 bilhões em fato relevante, após a saída do ex-CEO, Sérgio Rial, também declarou que o rombo poderia acarretar “no vencimento antecipado e imediato de dívidas em montante aproximado de R$ 40 bilhões”. Por esse motivo, a Americanas solicitou e foi concedida pela 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro tutela de urgência cautelar para a suspensão dos pagamentos das dívidas por 30 dias. Agora, bancos credores buscam impedir, na Justiça, a suspensão desses pagamentos.

Em outra frente, o Ministério da Justiça decidiu notificar as Lojas Americanas para entender o possível impacto do rombo descoberto na empresa para o consumidor. A notificação será enviada à varejista ainda esta terça-feira (17), pelo secretário nacional de Defesa do Consumidor da pasta, o ex-deputado federal petista Wadih Damous. Ele concedeu entrevista sobre esse e outros assuntos no ICL Notícias, programa veiculado diariamente no YouTube.

“Queremos entender o que isso [o rombo] vai significar em termos de consumo da relação das Americanas com os seus clientes. A partir do momento que nós tivermos um quadro preciso das consequências, nós vamos tomar as providências que a lei prevê, que pode ser abrir processo administrativo, autuar e sancionar”, explicou o secretário ao ICL Notícias.

Na sexta-feira passada (13),  a Abradin (Associação Brasileira de Investidores) apresentou denúncia à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para investigação das responsabilidades sobre as “inconsistências contábeis” reveladas pela Americanas. 

Ao pedir a suspensão dos pagamentos por parte das Americanas, o BTG Pactual acusa os acionistas Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira de agirem para se proteger colocando os bancos na lista de clientes. O BTG tem contas a receber de R$ 1,9 bilhão da Americanas. Há ainda outros bancos credores da Americanas: Bradesco (R$ 4,7 bilhões), Santander (R$ 3,7 bilhões), Itaú Unibanco (R$ 3,4 bilhões) e Safra (R$ 2,5 bilhões).

De acordo com relatório do Citi, o impacto financeiro no lucro líquido dos bancos pode variar de 3% a 7% para Santander, BTG e Bradesco. Já no caso do Itaú e do Banco do Brasil, o impacto deve variar de menos de 1% a 3%.

Alegando dívidas em torno de R$ 40 bilhões, Americanas conseguiu suspensão dos pagamentos por 30 dias

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Crédito: Envato

A Americanas, na petição inicial, alegou uma dívida de R$ 40 bilhões, das quais R$ 18,8 bilhões são apenas com instituições financeiras. No balanço do terceiro trimestre, a empresa apresentou um endividamento bruto de R$ 19,3 bilhões.

No domingo (15), o desembargador Luiz Roldão de Freitas Gomes Filho, do plantão judiciário do TJRJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), negou agravo de instrumento apresentado pelo BTG Pactual contra a decisão do Juízo da 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital, que aceitou pedido da Americanas para suspensão dos pagamentos de vencimentos antecipados e efeitos de inadimplência.

A assessoria de imprensa do BTG afirma que a decisão foi negada por ser um final de semana, mas o instrumento apresentado pela instituição financeira, para impedir a suspensão dos pagamentos aos credores, está sendo analisado e ainda pode ter uma decisão judicial favorável ao longo desta semana.

A batalha dos bancos credores contra a Americanas teve um evento adicional, levado a público na edição de segunda-feira (16) do jornal Valor Econômico, mencionando que os credores fazem paralelos entre o erro bilionário do balanço da gigante de alimentos Kraft Heinz com a incongruência do balanço da Americanas.

Segundo a reportagem publicada no Valor, na Kraft, a área de compras declarava descontos inflados de fornecedores e isso ajudava a aumentar o lucro. A SEC (a CVM dos Estados Unidos) acabou multando a companhia.

Economista do ICL explica faturamento de milhões dos diretores da Americanas nos últimos anos

O economista e fundador do ICL, Eduardo Moreira, explicou na edição de ontem (16) do ICL Notícias, que os diretores da Americanas Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, donos da 3G Capital, nos últimos anos, faturaram milhões sobre resultados falsos. Em quatro anos, R$ 150 milhões foram pagos como salário e bônus para um grupo de apenas 20 diretores. Trata-se de uma remuneração em cima de um resultado que não existia. Bônus sobre performance é distribuição de resultado sobre o lucro. Mas o lucro, segundo Moreira, não existia.

Em 2021, foram pagos R$ 35 milhões de reais em bônus e salários para um grupo de 20 diretores das Americanas. Em 2020, também foi pago esse mesmo valor, enquanto em 2019 o montante distribuído foi de R$ 34 milhões. 

Importante ressaltar que nem todos os diretores recebiam o mesmo valor. Um grupo menor, ao redor de 10 executivos da empresa, recebia salário e bônus maior. Mas o fato, segundo Moreira, é que os diretores receberam aquela quantia “em cima dos milhares de pequenos acionistas que não tinham salário nem bônus”.

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Fonte: ICL Notícias

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

 

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