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Presidente do BC desmente Bolsonaro e diz o que todo mundo já sabia: bancos não perderam dinheiro com o Pix

Ao afirmar que bancos tiveram lucro com Pix em vigor, Roberto Campos Neto contrariou o presidente Jair Bolsonaro, ressentido com participação da Febraban na assinatura da carta democrática, em defesa da democracia
12/08/2022 | 20h52

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (11) que ‘não é verdade’ que os bancos perderam dinheiro com o Pix e que a autoridade monetária deve publicar um estudo em breve sobre o assunto.  O lucro dos bancos foi de R$ 132 bilhões em 2021, primeiro ano completo com Pix em vigor. O novo  sistema de pagamentos e transferências financeiras gratuitas só saiu do papel por causa da colaboração dos bancos com o BC e tem ajudado a aumentar o número de pessoas ‘bancarizadas’ no País. 

Roberto Campos Neto contrariou o presidente Jair Bolsonaro e ministros do governo, que afirmaram que a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) assinou a carta democrática da Fiesp, em defesa da democracia e do sistema eleitoral, por causa de supostos prejuízos sofridos por instituições financeiras com o sistema criado pelo BC em 2020, o Pix, como parte de uma agenda de inovações herdada do governo de Michel Temer (MDB)

Campos Neto disse que não é verdade que os bancos perdem dinheiro com o Pix, inclusive, a instituição, em algum momento, vai soltar um tipo de estudo sobre o assunto. “Você tem uma perda de receita em transferência, mas por outro lado novas contas são abertas, novos modelos de negócio são gerados, você retira dinheiro de circulação, que é um custo enorme para o banco, você aumenta a transação, o transacional aumenta”, disse Campos Neto, em evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban)

Segundo Campos Neto, na visão do BC, a questão nunca é de quem perde ou quem ganha, mas o objetivo é que os bancos talvez sejam um pedaço menor de uma torta maior, com maior concorrência. “É isso que a gente está vendo no sistema financeiro. A gente quer bancarizar, a gente quer competição com inclusão. Não é sobre estar ganhando ou perdendo, todo mundo está ganhando”, afirma. Na verdade, os números mostras que quem está ganhando são os bancos e quem paga a conta são os endividados, que não param de crescer no Brasil.

O presidente do BC também disse que o Pix foi construído a partir de um trabalho em conjunto com o sistema financeiro. “Alguns outros banqueiros centrais perguntam: “Como você fez o Pix? Eu nunca ia conseguir fazer, os bancos não iam colaborar”. Eu disse, pois é, mas, no Brasil, eles colaboraram, e por isso a gente tem o Pix. É importante dizer que foi uma colaboração”, explicou Campos Neto.

Bolsonaro ironizou a carta democrática subscrita por representantes de vários bancos, sugerindo o Pix como a causa do descontentamento

No dia 28 de julho, o presidente Bolsonaro ironizou a carta democrática subscrita por representantes de vários bancos mencionando o Pix. “Os banqueiros estão patrocinando (a carta pela democracia)… é o Pix, que eu dei uma paulada neles”.

Também o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, publicou no fim de julho uma série de postagens em uma rede social relacionando a assinatura da carta por banqueiros com a suposta perda de R$ 40 bilhões com o Pix.

Ao contrário do que sugeriu Bolsonaro, os bancos registraram lucro líquido de R$ 132 bilhões em 2021, primeiro ano completo com Pix em vigor, o que significa 49% mais que em 2020 e 10% acima do resultado das principais instituições somadas em 2019.

Em meados do ano passado, a rentabilidade dos bancos já havia retornado ao patamar pré-pandemia. Enquanto isso, o Brasil bate recorde em número de endividados devido à elevação da taxa de juro.

O aumento da rentabilidade dos bancos foi registrado em um ano de crescimento dos empréstimos bancários e de alta na taxa básica de juros pelo Banco Central, na tentativa de conter as pressões inflacionárias. A taxa Selic avançou de 2% ao ano, em janeiro de 2021, para 9,25% ao ano no fechamento do ano passado.

O início do desenvolvimento do Pix foi ainda durante o governo Temer, quando Ilan Goldfajn era presidente do BC. A gestão de Campos Neto deu continuidade à agenda de inovações, e o sistema foi lançado em novembro de 2020.

Consta na agenda de inovação do Banco Central, a internacionalização do Pix. Para Campos Neto, a internacionalização do Pix na América Latina pode ocorrer de forma, relativamente, rápida. “Muitos dos bancos brasileiros têm filiais na América Latina”, diz.

Campos Neto afirmou que tem conversado com o presidente do Banco Central da Colômbia, que quer replicar o sistema no país vizinho. “Tenho falado com o presidente do Banco Central da Colômbia, ele quer fazer um sistema exatamente igual do Pix, ele está vindo aqui. Falou: “você me dá as instruções? A gente vai falar exatamente igual”, contou.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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