Joe Biden repetiu na quinta-feira (11) que é o democrata “mais qualificado” para as eleições apesar de confundir Donald Trump com Kamala Harris e Volodimir Zelensky com Vladimir Putin. “Acredito que sou a pessoa mais qualificada para ser candidato à presidência. Venci ele uma vez e vou vencer de novo”, disse Biden sobre Trump em entrevista coletiva marcada por gafes monumentais.
O presidente disse que deseja “concluir o trabalho” que começou e se considera capaz de lidar com os presidentes chinês e russo, Xi Jinping e Vladimir Putin, “dentro de três anos”, caso vença o pleito de novembro. O democrata mostrou-se muito mais seguro na entrevista realizada na quinta (11) do que durante o debate desastroso contra Trump em junho, mas segue cometendo equívocos.
Biden confundiu Zelenski com Putin
Em resposta à primeira pergunta, disse: “Não teria escolhido o vice-presidente Trump para ser vice-presidente se não acreditasse que ela está qualificada para ser presidente”. Ele se referia à sua vice, Kamala Harris, mas não se deu conta da confusão. Prosseguiu com a entrevista como se nada tivesse acontecido.
Momentos antes, durante cerimônia com outros líderes da Otan, também se equivocou ao apresentar o chefe de Estado ucraniano, Volodimir Zelensky, chamando-o de “presidente Putin”. Desta vez, percebeu o erro e tentou corrigi-lo. Biden afastou-se do microfone, mas assim que percebeu o erro, voltou e disse: “Ele vai derrotar o presidente Putin. O presidente Zelensky.”
Durante entrevista, Trump aproveitou para ironizar o adversário: “Bom trabalho, Joe!”, escreveu o ex-presidente em sua rede Truth Social, citando fala de Biden na entrevista: “Estou bem”.
As duas últimas semanas foram um calvário para Biden, que luta por sua sobrevivência política depois que mais de 50 milhões de pessoas que assistiram ao debate nos Estados Unidos viram como ele perdia a linha de raciocínio e até divagava nas respostas a Trump.
Crise entre os democratas
Foram 90 minutos que mergulharam no caos sua campanha para a reeleição. Alguns congressistas democratas e um senador lhe pediram abertamente que jogasse a toalha. Temem que ele os arraste para o fracasso nas eleições legislativas que acontecem simultaneamente ao pleito presidencial.
“Estou determinado a concorrer, mas acho que é importante dissipar os temores”, afirmou Biden. “Estou bem”, disse. Também negou que tenha que se recolher às 20h como foi veiculado. Reconheceu, isso sim, que “seria mais inteligente” baixar o ritmo para evitar começar o dia às 7h da manhã e dormir “à meia-noite”.
“Fui submetido a três exames neurológicos intensos e consistentes”, o último realizado “em fevereiro”, lembrou. Os médicos, de acordo com Biden, “dizem que estou em boa forma”.
Biden garantiu que os aliados temem a volta de Trump ao poder e acusou o republicano de não ter “compromisso” com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que realiza uma cúpula histórica esta semana em Washington.”Os aliados europeus” não estão dizendo “Joe, não seja candidato”, afirmou. “O que os ouço dizer é ‘você tem que vencer, não pode deixar que este tipo avance. Seria um desastre'”.
Biden fez esforço para se expressar com uma voz mais clara que no debate. O presidente lida com a gagueira desde que era criança. Nunca foi um orador brilhante e a improvisação não é seu ponto forte. Na quinta (11), travou em alguns momentos e teve dificuldade de terminar algumas frases, mas nada comparado com o que aconteceu duas semanas atrás.
A seu favor, tem demonstrado que domina os temas internacionais, sem necessidade de recorrer às anotações nem ao teleprompter. A poucas semanas da Convenção Democrata, prevista para começar em 19 de agosto em Chicago, sua situação política é complexa.
Segundo o “New York Times”, sua equipe de campanha e sua vice-presidente Kamala Harris têm sondado discretamente as possibilidades de Kamala ser a melhor candidata para derrotar Trump. Biden a defendeu nesta quinta, mas repetiu diversas vezes que quer ele mesmo terminar o trabalho.
Dezenas de parlamentares democratas devem se posicionar nas próximas 48 horas pedindo a saída de Joe Biden da disputa à Casa Branca, informa CBS News
Pesquisa Ipsos publicada na quinta-feira (11) pelo “Washington Post” e pela ABC não mostra queda nas intenções de voto em nível nacional desde o debate.
Joe Biden e Donald Trump seguem empatados com 46% cada, mas 67% dos entrevistados acreditam que Biden deveria retirar sua candidatura. Entre os eleitores democratas, 56% pensam assim.
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